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O que é o pecado original? Quais suas consequências?

Após o pecado original, a vida do homem sobre a terra tornou- se uma constante guerra, como afirma Jó (cf. Jó 7, 1).

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Redação (18/03/2021 12:08, Gaudium Press) Criados em graça, Adão e Eva eram filhos de Deus e gozavam de sua familiaridade, como descreve o Gênesis ao narrar que o Criador descia ao Paraíso à hora da brisa da tarde (cf. Gn 3, 8).

Além dos dons sobrenaturais, possuíam também os preternaturais; entre estes, o dom de integridade, pelo qual neles não havia nenhum estímulo interior que os incitasse a contrariar a ordem estabelecida por Deus.

A natureza humana gozava de um equilíbrio perfeito: a sensibilidade estava subjugada à vontade, e esta à inteligência; por sua vez, inteligência e vontade eram inteiramente obedientes à fé, fortalecida pela caridade.

Todavia, tendo Deus criado o homem e a mulher para manifestar sua glória, desejava deles uma correspondência livre ao seu amor.

Por isso, ambos se encontravam no estado de prova, a fim de poderem ser premiados pela fidelidade ao desígnio divino, o que lhes seria fácil lograr pelo abundante auxílio da graça com que eram favorecidos.

Infelizmente nossos primeiros pais não foram fiéis. Eva deu ouvidos à serpente e convenceu Adão a acompanhá-la em sua grave desobediência, acarretando uma série de males não só para si, como para toda a sua descendência. Eis o pecado original.

Consequências do pecado original comuns a todos os homens

Privado da graça santificante e dos demais dons, desatou-se a revolta no coração do homem. A inteligência negou-se a aceitar a verdade e caiu na ignorância, tantas vezes culposa; a vontade, por malícia, optou pelo amor das criaturas em vez de dirigir seu afeto ao Criador, sofrendo uma propensão veemente pelos bens concretos e passageiros; a sensibilidade foi dominada pela atração violenta dos prazeres carnais, chamada concupiscência, e pelo medo do sacrifício e da dor.

Em síntese, os efeitos do pecado original no homem foram trágicos.

Todos esses males veio remediar Nosso Senhor Jesus Cristo mediante sua vida, Paixão e Ressurreição. Para isso instituiu o Batismo, cujas águas regeneradoras nos restituem a graça, abrindo-nos as portas do Céu, antes fechadas.

Porém, como ensina o Concílio de Trento, nos batizados perduram as consequências materiais da culpa original, ou seja, a concupiscência: inclinação ao pecado que consiste numa desordem interior do homem, pela qual o dinamismo das paixões nem sempre está sujeito ao juízo da razão e ao império da vontade.

Por isso as paixões ora precedem em nós o julgamento da razão e o impedem, ora o seguem, na medida em que o apetite sensitivo obedece de certa forma à razão.

No estado de inocência, ao contrário, o apetite inferior estava totalmente submetido à razão; por isso não havia nele paixões da alma, senão aquelas que eram subsequentes a um julgamento da razão.

Assim, São Paulo exclamava: “Eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita o bem, porque o querer o bem está em mim, mas não sou capaz de efetuá-lo. Não faço o bem que quereria, mas o mal que não quero” (Rm 7, 18-19).

De fato, nos batizados a concupiscência permanece, mas deve ser combatida. Ela não prejudica os que não lhe dão consentimento e os que a ela opõem total resistência com a graça de Jesus Cristo. Antes, “não recebe a coroa senão quem tiver lutado segundo as regras” (II Tim 2, 5). Sem a luta mais árdua não se obtém a vitória, e só quem “perseverar até o fim será salvo” (Mt 24, 13).

Podemos constatar também que, após o pecado original, há certa tendência de julgar que a maldade humana não é tão grave nem prejudicial, e que o bem não precisa refulgir com todo o seu esplendor, nem merece especial respeito e veneração. Por causa desse defeito, as almas carecem da noção verdadeira sobre a sublimidade e grandeza da Redenção operada por Nosso Senhor e da Corredenção de Maria.

Como a história da humanidade seria outra se compreendêssemos que todas as nossas ações devem ser realizadas e vistas à luz do olhar do próprio Deus!  Peçamos à Santíssima Virgem que tenhamos esta percepção séria, profunda e extrema e que os atos humanos sejam sempre voltados para a glória de Deus para que, assim, o bem seja plenamente exaltado, e o mal execrado até as últimas consequências.

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