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O exemplo é o melhor dos mestres

Das pequenas histórias que São João Bosco contava para educar seus jovens, tiramos este breve conto.

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Redação (16/03/2021 09:22, Gaudium Press) Numa cabana em meio a um agradável bosque morava, com sua família, um velho camponês, alquebrado pelos anos. Quem sabe ele próprio a edificara, ou ao menos ajudara na sua construção. Mas depois ficara tão, tão velhinho, quase surdo, com pouquíssima visão, de joelhos trêmulos, que quase não servia mais para nada.

Vivia ele, assim, vagando de um canto a outro da casa, solitário com suas recordações, sem ter com quem conversar nem com que se distrair.

Quando, à noite, todos sentavam-se à mesa para tomar um bom prato de sopa reforçada com uma farta fatia de pão, o pobre velhinho tremia tanto, tanto, que derramava mais sopa do que conseguia tomar. Sujava a camisa e a toalha.

E logo a nora, impaciente e mal-humorada, zangava-se e lhe dizia palavras ásperas.

Um dia, o filho, irritado ele também, com as debilidades senis do pai, cedeu às insistências da esposa. Obrigaram o velho a, daí em diante, fazer as refeições sentado num canto atrás do fogão, comendo numa tigela de barro. E davam-lhe tão pouca coisa que o coitado estava sempre com fome…

De seu canto, com sua pouca visão, ele levantava os olhos para espiar a família reunida à mesa. Com a mão trêmula, levava a colher à boca e engolia a sopa misturada com suas lágrimas.

Certa vez, a mão tremeu-lhe tanto que a tigela caiu e se quebrou. A nora repreendeu-o com brutalidade. Ele, na sua triste situação, nada pôde responder. No dia seguinte, ela comprou-lhe uma gamela de madeira, das mais ordinárias que havia na vendinha do carpinteiro, para substituir a tigela de barro.

O neto do velho, um menino vivo, de seus oito anos, costumava brincar próximo ao fogão. Gostava de correr pelo bosque e construía seus próprios brinquedos com os galhos de árvore e pedras que recolhia pelo caminho. Certo dia, ele parecia estar brincando com uns paus, mas fazia algo que não era um brinquedo. Intrigado e curioso, seu pai perguntou-lhe:

– O que você está fazendo, meu filho?

– Estou fazendo um cocho, papai, para o senhor e a mamãe comerem quando ficarem velhinhos – respondeu o rapaz.

Marido e mulher se olharam por algum tempo e desataram a chorar.

Lembraram-se, então, da frase do Eclesiástico, que reflete o 4º mandamento: “Quem honra seu pai  terá alegria em seus próprios filhos” (Eclo 3, 6). Deram-se conta de que as crianças prestam muita atenção no que veem, analisam e tiram conclusões… E de que o exemplo – bom ou mau – é o mais poderoso dos mestres.

Resultado, atiraram ao fogo a gamela de madeira e trouxeram o velhinho de volta para seu lugar de honra à mesa, dando-lhe uma bela tigela nova e sempre cheia de sopa.

A nora fez uns grandes guardanapos para ele e, daí por diante, quando a trêmula mão derramava a sopa, fingiam não ver e nada diziam.

A boa ordem familiar voltou àquela cabana. E o coração do velho encheu-se da alegria de sentir-se novamente estimado e respeitado por aqueles a quem amava e por quem havia trabalhado e sofrido ao longo de sua vida.

O exemplo dado nas boas ações tem muito mais força do que qualquer discurso, por mais erudito que seja.

Texto extraído da Revista Arautos do Evangelho n.15, março 2003.

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