São Luís Orione: General de um exército da caridade
A Igreja lembra hoje, dia 12 de março, a memória de São Luís Orione, simples sacerdote e de família humilde como Dom Bosco — do qual foi aluno —, que maravilhou o mundo com sua santidade, seu zelo apostólico, suas inumeráveis obras em benefício dos meninos pobres e de toda espécie de pessoas necessitadas.
Redação (12/03/2024 08:00, Gaudium Press) O lema por ele adotado, “Renovar tudo em Cristo”, se desdobra historicamente neste: “Renovar tudo na Igreja”; e, na via da ação, pode ser formulado também assim: “Renovar tudo na caridade”.
Como o Divino Mestre, “passou pelo mundo fazendo o bem”. E, chegada a hora de apresentar-se ao Supremo Juiz, entregou serenamente a alma a Deus, deixando escapar de seus lábios estas palavras carregadas de júbilo e de esperança: “Jesus! Jesus! estou indo.”
“Faremos dele um general!”
Em Pontecurone, pequena cidade do Norte da Itália, nasceu Luís Orione no dia 23 de junho de 1872, numa dependência da casa de campo do Ministro Urbano Rattazzi, da qual o casal Vittorio e Carolina Orione eram porteiros.
O Ministro gostava de entreter-se familiarmente com seus empregados. Tomando o pequeno Luís nos braços, disse ao seu pai: “Faremos dele um general!” Essa promessa – uma mera amabilidade do ilustre homem de Estado – realizou-se, entretanto, com toda exatidão, pois o próprio Rei dos Reis havia decidido: “Farei deste menino um grande general!”, como veremos mais adiante.
A infância de Luís Orione pode resumir-se em poucas palavras: pobreza, trabalho, piedade e, sobretudo, uma grande vocação.
De 1886 a 1889, ele estudou no Oratório Salesiano de Valdocco, de onde saiu para ingressar no Seminário Diocesano de Tortona. Ainda como seminarista, começou a dedicar-se às obras de ajuda aos mais necessitados, participando da Sociedade de Socorro Mútuo São Marciano e das Conferências Vicentinas. Em julho de 1892, seguindo a trilha de Dom Bosco, abriu seu primeiro Oratório, um centro de educação cristã e de recreação para meninos pobres.
Fundação do primeiro colégio
Para o seu zelo ardente, isto parecia pouco. Assim, no ano seguinte, fundou um colégio, em regime de internato, para rapazes de famílias pobres. Não passava ele então de um seminarista de apenas 21 anos de idade, e sem qualquer recurso financeiro!
Mas a Divina Providência não desampara as almas escolhidas por Ela para levar adiante grandes obras. Ao contratar o aluguel do imóvel para o colégio, o proprietário exigiu pagamento adiantado do primeiro ano: 400 liras.
Orione não dispunha de um centavo sequer, mas garantiu ao homem: “A Providência resolverá”. Saiu dali, dirigindo-se para a Catedral. No caminho, foi interrompido por uma velhinha:
– Onde vai, Orione?
– Estou abrindo um colégio – respondeu ele.
– Que bom! Posso pôr meu neto no seu colégio? Quanto o senhor me cobra?
– Pague o que a senhora puder. – Eu tenho 400 liras que economizei para a educação do meu neto… São suficientes para quanto tempo?
– 400 liras! Seu neto poderá ficar no colégio durante todo o tempo de seus estudos! – exclamou Dom Orione.
Voltando imediatamente, fez ao proprietário o pagamento exigido para o primeiro ano de locação. Assim começou essa grandiosa obra que em menos de meio século difundiu seus benefícios por inúmeros países.
Ordenado sacerdote, começa a formar seu “exército”
Em 13 de abril de 1895, Dom Orione foi ordenado sacerdote. Neste mesmo dia, entregou a batina clerical a seis alunos de seu colégio que tinham vocação sacerdotal. E em pouco tempo abriu novos colégios em Mornico, em Noto, em Sanremo e em Roma.
Dom Orione tinha, de fato, valiosos dotes de general. Logo uniu a si os padres e seminaristas que, sob seu comando, constituíram o primeiro núcleo de uma pujante família religiosa: a Pequena Obra da Divina Providência.
Em março de 1903, o Bispo Dom Igino Bandi deu aprovação canônica à nova Congregação, que se propunha “trabalhar para levar os pequenos, os pobres e o povo à Igreja e ao Papa, mediante obras de caridade”. Além dos três votos habituais – pobreza, obediência e castidade – o amor dos Orionitas à Cátedra de Pedro levou-os a desejar um quarto voto: o de “especial fidelidade ao Papa”.
A seu tempo, foram surgindo os novos ramos da Família Orionita: além dos padres, as religiosas, os eremitas da Divina Providência. Em seguida, as Pequenas Irmãs Missionárias da Caridade, às quais se associaram as Irmãs Sacramentinas Adoradoras e, algum tempo depois, as Contemplativas de Jesus Crucificado.
O Pe. Orione organizou também diversos grupos de leigos, de ambos os sexos, os quais, mais tarde, constituíram o Instituto Secular Orionita (ISO) e o amplo leque de associações do Movimento Laical Orionita (MLO).
Um coração desejoso de abarcar o mundo inteiro
Depois da primeira Grande Guerra (1914-1918), multiplicaram-se as escolas, colégios, colônias agrícolas, obras Scaritativas e sociais. Entre as muitas obras, as mais características foram os “Pequenos Cotolengos”, institutos localizados nas periferias das grandes cidades para acolher os mais necessitados e abandonados.
O zelo apostólico de Dom Orione cedo se manifestou com o envio de missionários ao Brasil, à Argentina, ao Uruguai, ao Chile, à Palestina, à Polônia, a Rodes, aos Estados Unidos, à Inglaterra e à Albânia. Tudo isso até o ano de 1936.
Além de grande pregador, Dom Orione foi exímio confessor, organizador de peregrinações e de missões populares. Grande devoto de Nossa Senhora, propagou de todos os modos a devoção mariana.
Ao longo de sua vida, Dom Orione recebeu demonstrações de estima e confiança de Papas e de autoridades civis, que o incumbiram de missões importantes e delicadas, em difíceis situações de relacionamento entre a Igreja e a Sociedade civil.
Em 1940, com sua obra espalhada por vários continentes, o Pe. Orione foi atacado de grave enfermidade cardíaca, sendo obrigado a submeter-se a tratamentos médicos. Apenas três dias depois, faleceu serenamente, pronunciando estas curtas palavras: “Jesus! Jesus! estou indo.”
Seu corpo foi sepultado na cripta do Santuário da Guarda e encontrado incólume 25 anos depois, em 1965.
Texto extraído da Revista arautos do Evangelho n.29, maio 2004.
Deixe seu comentário