No Angelus, Papa indica “modo” de agir de Deus: proximidade, compaixão, ternura
Francisco convidou os fiéis a “transgredirem” com o Evangelho: violar os nossos egoísmos, “contaminar-se” com a dor e o sofrimento do outro.
Cidade do Vaticano (15/02/2021, 10:15, Gaudium Press) Pela segunda vez consecutiva, depois de um longo período de ausência, o Papa Francisco voltou a rezar a oração mariana do Angelus na Praça São Pedro.
Duas “transgressões”: o leproso que se aproxima de Jesus e Jesus que, movido por compaixão, toca o leproso para curá-lo
Foi, então, a ocasião para o Papa comentar o Evangelho do VI Domingo do Tempo Comum, 14/02, que narra o episódio em que Jesus cura um leproso.
Segundo o Pontífice, neste trecho do Evangelho narrado por São Marcos, podem ser identificadas duas “transgressões”: o leproso que se aproxima de Jesus e Jesus que, movido por compaixão, toca o Senhor para ser curado.
Para Francisco, o leproso foi quem praticou a primeira transgressão.
Naquela época os leprosos eram considerados impuros e, por isso, excluídos da vida social. Um leproso não podia, por exemplo, entrar em uma sinagoga. A lepra era considerada naquele tempo como sendo um castigo divino.
Mas, o leproso viu em Jesus a verdadeira face de Deus: o Pai da compaixão e do amor, que nos liberta do pecado e jamais nos exclui de sua misericórdia:
“A atitude de Jesus o atrai, o leva a sair de si mesmo e a confiar a Ele a sua história dolorosa”, comentou Francisco.
A “transgressão” de Jesus: a Lei proíbe tocar nos leprosos. Comovido, Jesus estende a mão e o toca para curá-lo
A segunda transgressão narrada por São Marcos nesse episódio foi feita por Jesus mesmo:
A Lei proibia tocar nos leprosos, Jesus, porém se comove com o leproso, estende a mão e o toca para curá-lo.
O Papa destacou que Jesus não se limitou às suas palavras, mas tocou o leproso com amor. E, tocar com amor significa estabelecer uma relação, entrar em comunhão, envolver-se na vida do outro a ponto de compartilhar inclusive as suas feridas, comentou Francisco, afirmando em seguida que com este gesto, Jesus mostra que Deus não é indiferente, não mantém a “distância de segurança”; pelo contrário, se aproxima com compaixão e toca a nossa vida para curá-la.
Segundo o Pontífice:
“É o estilo de Deus: proximidade, compaixão e ternura. A transgressão de Deus: é um grande transgressor neste sentido. ”
Hoje, lamentou o Papa, muitas pessoas ainda sofrem com esta doença e outras que vêm acompanhadas de preconceitos sociais e até mesmo religiosos. Mas ninguém está imune de experimentar feridas, falências, sofrimentos, egoísmos que nos fecham a Deus e aos outros.
Elogio aos confessores que atraem as pessoas que se sentem aniquiladas pelos seus pecados com ternura a compaixão…
Em suas reflexões externadas durante a recitação do Angelus, o Papa Francisco lembrou-se dos sacerdotes confessores que imitam a atitude de Jesus neste episódio evangélico:
“Permitam-me aqui um pensamento a muitos bons sacerdotes confessores que têm esta atitude: atrair as pessoas que se sentem aniquiladas pelos seus pecados com ternura a compaixão… Confessores que não estão com o chicote nas mãos, mas recebem, ouvem e dizem que Deus é bom, que Deus perdoa sempre, que jamais se cansa de perdoar.”
Ao final de seus comentários o Pontífice convidou os fiéis presentes na Praça para pedirem ao Senhor a graça de viver essas duas “transgressões” do Evangelho:
“Aquela do leproso, para que tenhamos a coragem de sair do nosso isolamento e, ao invés de permanecer ali com pena de nós mesmos ou chorando nossas falências, ir até Jesus assim como somos. E depois a transgressão de Jesus: um amor que leva a ir além das convenções, que faz superar os preconceitos e o medo de nos envolver na vida do outro.
Aprendamos a ser transgressores como estes dois: como o leproso e como Jesus.” (JSG)
(Da Redação Gaudium Press, com informações e fotos Vatican News)
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