A Apresentação do Menino Jesus no Templo
No dia 2 de fevereiro a Igreja celebra a festa da Apresentação do Menino Jesus. No Templo, Jesus Se oferece ao Pai para resgatar os homens, por meio de Maria, e também por Ela é entregue à Igreja, nas mãos do velho Simeão.
Redação (02/02/2024 09:30, Gaudium Press) Transcorridos os dias de purificação da mãe segundo a Lei de Moisés – na qual a mãe que dava à luz ficava ‘legalmente’ impura por quarenta dias, se lhe havia nascido um filho, e oitenta, se era filha –, observados pela Santíssima Virgem tão só por humildade já que o nascimento de seu Filho A havia santificado ainda mais, o Santo Casal levou o Menino ao Templo para apresentá-Lo ao Senhor conforme prescrito no Livro do Êxodo (cf. Ex 13, 12).
Com efeito, todo primogênito varão devia ser consagrado a Deus. Esse gesto, quase corriqueiro para uma família hebraica, revestia-se de grande significado e simbolismo no caso de Jesus. Ele era o Primogênito da criação, que seria resgatado segundo a Lei, para depois ser oferecido como Vítima de suave odor pela Redenção do gênero humano.
Para esse rito os esposos deviam oferecer um cordeiro em holocausto, e um pombinho ou uma rola em sacrifício pelo pecado, a fim de purificar legalmente a mãe; ou um par de rolas ou dois pombinhos, caso suas posses não permitissem levar um cordeiro (cf. Lv 12, 6.8). Já o resgate do primogênito era feito mediante o pagamento de determinada quantia, equivalente ao salário de um mês, destinada ao serviço do Templo (cf. Nm 18, 16).
Estando em Jerusalém, São José foi comprar o par de pombinhos para o sacrifício. Sabendo que seriam destinados ao culto divino, sem se preocupar com o custo ele se empenhou em achar dois pombos perfeitos, que melhor simbolizassem a imaculada pureza de sua Esposa.
Simeão, varão de fé e confiança
Chegando à esplanada do Templo, a Sagrada Família deparou-se com o justo e piedoso Simeão que, impelido pelo Espírito Santo e enfrentando as dores e incômodos da idade, se dirigira ao recinto sagrado com a certeza interior de encontrar o Messias.
A vista de José e de Maria, a quem muito estimava e tanto havia ajudado, o encheu de contentamento. Maior ainda foi sua alegria quando viu o Menino! Sua alma transbordou de consolação, a mais intensa de sua vida, e com coração paterno mostrou a Jesus seu afeto, sua veneração e seu encanto.
O Menino, brilhante como um sol, retribuiu com efusividade as carícias do ancião, tratando-o com uma ternura comovente.
Era o prêmio da confiança: Deus sempre cumpre sua palavra! Desde jovem Simeão havia lutado com denodo pela consolação de Israel, sem jamais perder a esperança.
De fato, constatara o deplorável estado de Israel, com o culto do Templo conspurcado por tantos sacerdotes indignos, interessados no lucro que os vendilhões lhes proporcionavam mediante negócios nem sempre honestos. Quanta decadência, quanta miséria, quanta ruína havia suportado com dor e santa indignação!
Contudo, ele tinha certeza absoluta de que Deus interviria e, por isso, rezava com todo o empenho de sua alma suplicando a vinda do Messias.
Como recompensa por sua heroica atitude, fora-lhe prometido que não morreria sem ver o Cristo. Os anos, porém, passavam; o peso da idade se fazia sentir, as energias minguavam… Mas a fé na certeza interior manteve-se firme como uma rocha: eu verei! Sim, Deus é fiel, como ensina o Salmo: “Nenhum daqueles que esperam em Vós será confundido” (24, 3).
Aconselhados por Simeão, Maria e José apressaram-se em cumprir os preceitos da Lei. Após concluí-los, Simeão tomou o Menino nos braços e entoou seu hino profético: “Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel” (Lc 2, 29-32).
Sinal de contradição
Em seguida abençoou seus pais e disse a Nossa Senhora: “Este Menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a Ti, uma espada Te traspassará a alma” (Lc 2, 34-35).
Nesse momento a profetisa Ana chegou ao Templo e, tomada de alegria pela gratíssima surpresa, foi saudar o Casal e o Menino, ficando extasiada ao ver o olhar puríssimo e inteligente daquele Recém-Nascido.
Também sua confiança e retidão foram premiadas com generosidade insuperável. Após conversar com Nossa Senhora e afagar com muito afeto o Menino, fitou São José com profundo respeito e disse-lhe: “Vejo em ti um novo Abraão, que terá de entregar seu próprio Filho, a fim de que se cumpram os desígnios do Senhor”.
Todos os pais de Israel resgatavam os respectivos filhos, mas ele, conhecendo a vontade divina a respeito de Jesus, entregava-O para que um dia fosse crucificado.
Terminado o convívio entre a Sagrada Família e os dois veneráveis anciãos, iniciou-se a viagem de retorno a casa.
A estrada já conhecida pelo Santo Casal favorecia a contemplação. O dia havia sido coalhado de impressões sobrenaturais cheias de conteúdo e simbolismo.
O vaticínio de Simeão sobre o futuro do Menino tomava a mente puríssima de Nossa Senhora: seria Ele um divisor de águas em Israel, a fim de desmascarar o mal por completo.
Por outro lado, a profecia a respeito da espada de dor fazia com que refletisse com maior clareza sobre sua própria missão corredentora.
Maria é Corredentora do gênero humano. Ela traria essa profecia de Simeão gravada em seu espírito até a ressurreição de Jesus. Ela é a Rainha dos Mártires e, desde a Anunciação, sofreria com Cristo, por Cristo e em Cristo.
Texto extraído, com adaptações, dos livros São José, quem o conhece? E Maria Santíssima! O Paraíso de Deus revelado aos homens, vol II. Por Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP.
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