Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento
Um piedoso autor antigo, afirma que Jesus, ao instituir o sacramento, teve em vista principalmente sua Mãe, afim de que a mais excelsa de suas obras fosse recebida pela mais nobre e santa de suas criaturas.
Redação (01/02/2021 13:00, Gaudium Press) Foi São Pedro Julião Eymard, Fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento em 1856, que levou à máxima exaltação até então, a devoção à Eucaristia com a exposição perpétua e solene; essa foi a originalidade de sua fundação. Seu zelo o levou a ambicionar e a trabalhar com empenho para que a adoração perpétua se estabelecesse no Cenáculo, no próprio lugar em que Nosso Senhor instituiu o Divino Sacramento. Mas, apesar de seus esforços para conquistar esse objetivo tão simbólico e genial, não pode concretizá-lo.
Como não podia deixar de ser, o santo era um grande devoto de Maria Santíssima; Ela lhe inspirou a ideia e lhe animou a realizar sua providencial Congregação. Escreveu uma breve meditação mariano-eucarística destinada aos seus filhos espirituais que interessará aos fiéis amantes da Eucaristia:
Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento
“Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento é o nome novo de algo muito antigo. Se veneram com razão todos os mistérios da vida da Mãe de Deus. As almas contemplativas encontraram na vida de Maria em Nazaré um exemplo, como os corações desolados uma consolação na Virgem Dolorosa.
Há em todas as ações da Santíssima Virgem, uma graça que nos leva suavemente a honrá-las e a imitá-las, como um seguindo sua própria vocação. Mas, não esqueçamos que Maria viveu mais de quinze anos depois da Ascensão de seu Divino Filho. Em que foram ocupados esses longos dias de exílio, e que graças encerra esta importante parte da vida de nossa Mãe? O livro dos Atos (2, 42) indica muito claramente. Está dito aí que os primeiros cristãos viviam na paz, a união, a caridade ardente; perseverando na fração do pão.
Viver da Eucaristia e para a Eucaristia, reunir-se ao redor do tabernáculo para cantar hinos e cânticos espirituais; este é o caráter distintivo da Igreja primitiva. O Espírito Santo o consignou na sublime história eclesiástica redigida por São Lucas: assim foi também a síntese dos últimos anos da Bem-aventurada Virgem Maria, que reencontrava, na adorável Hóstia o fruto bendito de suas entranhas, e na vida de união com Nosso Senhor no Tabernáculo, os ditosos tempos de Belém e Nazaré. Oh sim! Foi Maria, acima de tudo, quem perseverou na fração do pão.
Almas eucarísticas, que querem viver para o Santíssimo Sacramento; que fizestes da Eucaristia o centro das vossas vidas e do seu serviço, vosso único trabalho, Maria é o vosso modelo; sua vida, sua graça: perseverai como Ela no partir do Pão”.
Jesus instituiu o sacramento da Eucaristia pensando em sua Mãe Santíssima
Com efeito, ao considerar a vida da Virgem, costuma-se ter em conta a sua presença em Belém, em Nazaré ou no Calvário, mas se deixa de lado o tempo em que, já sem a presença física de Jesus, como a tinha até a Ascensão, Ela continuou em Sua companhia através das Espécies consagradas que palpitavam em seu peito sem interrupção, e que se renovavam cada vez que ela voltava a comungar. Um piedoso autor antigo, Bernardino de Paris, afirma que Jesus, ao instituir o sacramento, teve em vista principalmente sua Mãe, afim de que a mais excelsa de suas obras fosse recebida pela mais nobre e santa de suas criaturas.
Maria Santíssima foi a única que manteve a Fé íntegra, quando Jesus estava no sepulcro. Após a Ressurreição, ela encorajou os discípulos, os manteve unidos e esperançosos e propiciou a vinda do Espírito Santo; instruiu os apóstolos com o seu testemunho, os seus conselhos e os relatos da vida do seu Divino Filho. Quem senão Ela poderia narrar à São Lucas os episódios da infância de Jesus que estão estampados em seu Evangelho? E que confidências recebeu dela São João, entregue aos seus cuidados por Jesus desde a Cruz? Com razão Maria é a Mãe da Igreja, porque desde os seus primórdios Ela lhe deu exemplo, força e instrução, uma missão que continua do Céu!
Através do culto ao Santíssimo Sacramento a Igreja cresce continuamente
Sim, e ao longo da história, a Igreja tem crescido em santidade, sendo que os pecados de seus membros não chegam a desfigura-la em sua substância. Cristo “se entregou a Si mesmo por ela, para consagrá-la, purificando-a com o banho da água e da palavra, e para apresentá-la gloriosa, sem mancha, nem ruga, nem nada semelhante, mas santa e imaculada” (Ef 5, 25-27). Pela força da Eucaristia e sob o manto de Maria, não pensem que a Igreja “sobrevive” nas diversas crises pelas quais pode atravessar: Ela se renova e progride permanentemente!
O desenvolvimento do culto ao Santíssimo Sacramento é um aspecto desse crescimento contínuo. Se é verdade que ultimamente tantas igrejas foram fechadas -e algumas até profanadas-, não é menos verdade que o fervor e a sede Eucarística aumentaram, aqui e ali. Por exemplo, nas igrejas e capelas da Sociedade de Vida Apostólica Virgo Flos Carmeli -à qual pertence quem escreve estas reflexões- e sempre com o cuidado das devidas normas prudenciais, a adoração ao Santíssimo Sacramento e a celebração de Missas, orando pelas necessidades da Igreja e do mundo, vem acontecendo sem interrupção há anos. Mais recentemente, as intenções da adoração e das missas estão se centrando especialmente nos enfermos, nos defuntos e em suas famílias.
Esta realidade fulgurante não brilha aos olhos paganizados do mundo, mas resplandece perante o trono do Altíssimo. Quantos benefícios compram e quantos infortúnios evitam! Sim, a oração aos pés do Senhor Sacramentado conquista assinaladas graças.
As muitas horas que São Pedro Julião passou junto ao Santíssimo -no altar, diante do sacrário ou durante a exposição- já lhe mereceram a visão sem véus no Céu do Deus que ele adorava oculto na Eucaristia, e de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, sua Santa Mãe. Porque desfrutar para sempre junto a Deus e Nossa Senhora é o maravilhoso destino eterno dos adoradores de todos os tempos.
Mairiporã, 1º de fevereiro de 2021
Por Padre Rafael Ibarguren EP – Assistente Eclesiástico das Obras Eucarísticas da Igreja.
Traduzido por Emílio Portugal Coutinho.
Deixe seu comentário