Santa Ângela de Mérici, fundadora das Ursulinas
Compreendendo todos os males que a Renascença pagã fazia às famílias católicas, Santa Ângela fundou a congregação das Irmãs Ursulinas, que se dedicariam à educação das jovens com vistas a fazer delas mães de família verdadeiramente cristãs.
Redação (27/01/2021 10:30, Gaudium Press) A Igreja Católica celebra no dia de hoje, 27 de janeiro, a memória de Santa Ângela de Mérici, fundadora das Ursulinas. Nascida no começo do século dezesseis, em Decenzaro, perto do lago de Garda no território de Bréscia. Seus pais educaram-na no temor de Deus; mas ela os perdeu bem cedo.
Mortificações, jejuns e orações
Com uma irmã mais velha foi acolhida por um tio o qual, com grande piedade, teve para ambas coração de pai e de mãe. As duas crianças, embora tão jovens, só tinham um prazer, o de se entreterem nas práticas de devoção, não em práticas comuns e ordinárias, mas em práticas mais fervorosas.
De noite, descansavam um pouco sobre a terra nua ou sobre algumas pranchas; depois, levantavam-se para as orações. A tal mortificação, acrescentavam jejuns frequentes e grandes austeridades. O desejo da solidão e do retiro causara-lhes tão forte impressão, achavam-nos tão favoráveis ao seu projeto de só se comunicarem com Deus, que um dia fugiram rumo a uma ermida; foram, todavia, dissuadidas pelo tio, que as seguiu e de novo as levou para casa.
Santa Ângela sofre com a perda da irmã e do tio
Santa Ângela não tinha outro consolo senão a de estar sempre com a irmã. Deus, porém, retirou-a. Aquela morte muito a penalizou, tanto mais que considerava a irmã seu apoio e guia no caminho da virtude. Todavia, padeceu tão dolorosa separação com perfeita submissão à vontade de Deus.
Pouco tempo depois, perdeu também o tio. Assim, duas e três vezes órfã, redobrou as orações e austeridades. Cada vez mais atraída pela graça divina a abandonar o mundo, entrou na ordem terceira de São Francisco, e, não se contentando com observar exatamente a regra, acrescentou novas austeridades às prescritas.
Pobreza franciscana e peregrinação a Jerusalém
A pobreza de São Francisco foi o principal objetivo de Santa Ângela; não quis nada no seu quarto, nem nos hábitos, nem nos móveis, que não fosse pobre e simples. Revestiu-se de um cilício que não deixava nem de dia nem de noite. O leito compunha-se de alguns ramos de árvores, sobre os quais estendia uma esteira. Por alimento, dispunha de pão, água, e alguns legumes. Não bebia vinho senão no Natal e na Páscoa. Durante a quaresma, comia apenas três vezes por semana.
Fez a peregrinação a Jerusalém, a fim de visitar os lugares sagrados que Nosso Senhor Jesus Cristo honrou com a sua presença. No regresso, visitou os túmulos dos santos apóstolos e dos gloriosos mártires que se encontram em Roma. Quis, ainda, dar provas de piedade no monte de Varalle no Milanês, onde se representam vários mistérios, quer do Velho quer do Novo Testamento, em oratórios separados. Acabou por se fixar em Bréscia.
Santidade que leva almas para Deus
Imediatamente, várias pessoas piedosas atraídas pela santidade de sua vida, quiseram viver em comunidade com ela; mas a santa lhes recomendou que continuassem no mundo, para edificar, mediante as virtudes, os outros, para instruir pobres e ignorantes, visitar hospitais e prisões, e socorrer os desgraçados de toda a espécie.
De acordo com tais conselhos, as santas jovens se uniram, com efeito, para tal fim caritativo, sem ligar-se por nenhum voto. Empenharam-se somente, por uma simples promessa, e por tempo curtíssimo, a observar a regra geral da sociedade.
Santa Ângela funda a Ordem das Ursulinas
Santa Ângela valera-se das luzes de pessoas experimentadas para redigir tal regra, mas, prevendo que as mudanças que sobreviriam nos hábitos e costumes do mundo poderiam tornar necessárias, posteriormente, várias modificações, inseriu esta cláusula:
Far-se-iam, de tempos em tempos, as correções exigidas pela força das circunstâncias. Os membros da associação escolheram-na unanimemente como superiora, cargo que ela não aceitou senão com pesar e com os sentimentos da mais profunda humildade; contudo, receando que dessem o seu nome à ordem. Colocou-a sob a invocação de Santa Úrsula e chamou-lhe sociedade das Ursulinas. A sociedade, em pouco tempo, produziu tão grande bem, que em Bréscia e nas regiões vizinhas, a chamavam de divina companhia; contudo, só foi admitida à categoria das ordens religiosas, mais tarde, quatro anos após a morte da santa fundadora.
Canonização de Santa Ângela de Mérici
Durante o pontificado de Paulo V, foram as ursulinas clausuradas e autorizadas a fazer votos perpétuos. Desde então, a ordem não sofreu qualquer outra mudança nas regras. As santas jovens, particularmente votadas à educação da juventude, atraíram o respeito universal dos países católicos; divididas em várias congregações, como a ordem de São Francisco, à qual se prendem, estabeleceram-se por toda parte, com júbilo dos pais cristãos, que nelas encontraram instituidoras igualmente sábias e iluminadas para a formação das filhas no caminho da virtude, inculcando-lhes os primeiros conhecimentos.
Santa Ângela governou a congregação durante vários anos com rara prudência e morreu santamente em 27 de Janeiro de 1540. São Carlos Borromeu, que apreciava singularmente as ursulinas, ocupou-se da beatificação de Ângela; mas não teve consolo de obtê-la antes da morte. Ângela só foi declarada bem-aventurada em 30 de Abril de 1768, pelo Papa Clemente XIII. Pio VII a canonizou solenemente em 24 de Maio de 1807. (EPC)
(Vida dos Santos. Padre Rohrbacher, Volume II, p. 212 à 215)
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