A nova e necessária retórica para homilias e outros discursos
Todo pároco deve, nas homilias e em outras circunstâncias, ensinar a identidade católica.
Redação (20/01/2021 14:39, Gaudium Press) Nos últimos anos, tem ocorrido um fenômeno assaz preocupante: certos clérigos e leigos colocam a Igreja católica no mesmo nível das comunidades dos irmãos separados. Isto se dá sobretudo no discurso homilético e catequético. Tal comportamento implica falso ecumenismo, uma vez que contrasta com o decreto “Unitatis Redintegratio“, do Concílio Vaticano II, porquanto o referido decreto frisa que “somente através da Igreja Católica de Cristo, auxílio geral da salvação, pode ser atingida toda plenitude dos meios de salvação” (n. 3e). Desta feita, se quisermos preservar nossa identidade, – aliás, este é um dos princípios basilares do são ecumenismo – é mister empregar alguns expedientes retóricos, pondo-os em prática máxime nas homilias.
Ofertemos alguns exemplos dos expedientes retóricos. Toda vez que o pároco proferir o substantivo composto “Igreja Católica” deve logo aditar: “fundada por Cristo”. Se a menção recai sobre o sacrossanto nome do salvador, “Jesus” ou “Cristo”, acrescente-se em seguida: “Divino Fundador da Igreja católica”. A alusão à Eucaristia pode ser complementada com as sequentes frases, entre outras: “sacramento instituído por Nosso Senhor”, “sacramento administrado pela Igreja Católica”, “presença real do Corpo e Sangue de Cristo.”
Não apenas a homilia ou a catequese consiste em instrumento comunicacional adequado para a ênfase da identidade católica. Quando se concede uma entrevista, principalmente em emissora não confessional, não se esqueça de acoplar o termo “Igreja Católica” ao complemento “fundada por Cristo”.
Ora, a maioria dos telespectadores ou dos ouvintes desconhece este fato histórico: a fundação da Igreja Católica por Jesus Cristo. Quando da eleição do papa Francisco, lembro-me que certo prelado, entrevistado pela tevê, no meu ponto de vista, perdeu uma oportunidade grandiosa de evangelizar, simplesmente por não pronunciar uma frase pequenita, “sucessor de São Pedro”, imediatamente aglutinada à palavra “Papa”; exemplificando (não me recordo do teor da entrevista): “O Papa, sucessor de São Pedro, desempenha papel importante na promoção da paz mundial”. Quantos milhões de televidentes nunca ouviram dizer que o Papa é sucessor de São Pedro! Que dogma magnífico contido numa modesta cláusula gramatical explicativa: sucessor de São Pedro! Que eloquente evangelização realizada com quatro palavrinhas!
Todo pároco invente, então, mecanismos linguísticos para, nas homilias e noutras circunstâncias, ensinar dia a dia a identidade católica, resgatando esse bem augustíssimo, o qual, em última análise, importa na seguinte admoestação: paroquiano, conscientiza-te de que és membro da única Igreja que Cristo fundou, a Igreja Católica Apostólica Romana! Dizem os latinos que “repetio mater studiorum” (a repetição é a mãe dos estudos), ou seja, a repetição inculcará a doutrina salvífica aos paroquianos e a tantas outras pessoas que serão informadas por esses mesmos paroquianos.
Edson Luiz Sampel
Professor da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo (da Arquidiocese de São Paulo). Autor de “Católico até debaixo d’água”, entre outros livros.
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