As crises e o Natal
Em meio aos múltiplos dramas atuais, ecoam mais do que nunca para nós os cânticos dos Anjos, como outrora para os pastores. Eles nos oferecem a verdadeira paz.
Redação (29/12/2020 15:09, Gaudium Press) Neste período natalino — momento repleto de sentimentos de paz, alegria e esperança — vêm-nos também à lembrança os muitos dramas dos dias de hoje.
Enquanto caminhamos para um novo ano, o horizonte se obscurece em razão das muitas crises em curso, as quais não apenas ocupam o noticiário, mas interferem cada vez mais em nossas próprias vidas.
Logo de início, uma pandemia que mudou completamente a rotina normal e comum de todos os dias. O medo do contágio levou o mundo a fechar todas as portas, a ter um distanciamento social, a adotar um “novo-normal” e a proibir e afastar os fiéis das igrejas e consequentemente dos sacramentos.
A crise econômica se acentuou apesar do esforço feito até aqui para contê-la. Um problema bem mais antigo é o da crescente criminalidade, não mais restrita a países como o Brasil, mas já se alastrando até para a Europa ocidental.
Noutra linha, encontramos as advertências sobre o aquecimento global e outras matérias relacionadas com a degradação do meio ambiente.
No entanto, muito mais grave é a crise moral. Esta assume diferentes características, mas no fundo é sempre a mesma. Vemo-la refletida, por exemplo, no comportamento de uma juventude sem valores, sem freios e sem ideais; no domínio de modas extravagantes e sem pudor; na avalanche publicitária de pornografia e de violência; na matança de milhares de vidas através do aborto legalizado em quase todos os países; na ciência que parece ter enlouquecido a ponto de tentar alterar até mesmo a natureza; enfim, na adoração do pior dos ídolos modernos: o próprio indivíduo, egoísta, relativista e vaidoso.
Na atualidade, nem mesmo a inocência da infância é respeitada, e a família cristã, base de nossa civilização, parece destinada a desaparecer, ou a ficar reduzida a uma expressão tão diminuta que equivale à extinção.
A simples enumeração dos males de hoje ainda iria longe, mas o elenco acima é suficiente para configurar a gravidade do momento presente. E tudo parece perdido, caso seja considerado sob um prisma meramente humano, mas não se for olhado com os olhos da Fé… e nos lembrando das lições da História.
Com efeito, há pouco mais de dois mil anos, a perspectiva do mundo não era menos crítica do que agora. Por toda a extensão do Império Romano e além dele, a sociedade estava afundada em imoralidades, desonestidades, egoísmos e brutalidades.
Ora, por incrível que pareça, essa situação era prenunciadora de glórias e misericórdias extraordinárias de Deus para a humanidade. Tudo começou quando nasceu uma menina concebida sem pecado, a qual ia tornar-Se a Mãe do Salvador, origem dos luzimentos do anúncio da Boa Nova, da fundação da Santa Igreja Católica e do surgimento de uma civilização moldada segundo a lei do Evangelho.
Assim, “onde abundou o pecado, superabundou a graça”, conforme nos diz São Paulo (Rm 5, 20). Parece ser que — como as portas do inferno jamais prevalecerão contra a Igreja — quanto maior for a crise, mais bela será a época histórica posterior a ela.
E, assim, cresce-nos a confiança de que caminhamos para uma era cristã de belezas inimagináveis, apesar — e talvez por causa — das dramáticas crises atuais.
Ajoelhando-nos diante do Menino Deus — como o fizeram os Sagrados Esposos, os pastores, os Reis Magos e tantos outros —, estaremos, desde já, contemplando os mais altos ensinamentos para ordenar toda a nossa vida cristã e social.
Texto extraído, com adaptações, da Revista Arautos do Evangelho n.84, dezembro 2008.
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