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Estranhos paradoxos, livros e púlpitos

Não se trata de uma sugestão de leitura, são os desatinos do mundo em que vivemos…

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Redação (15/12/2020 16:46, Gaudium Press) Pessoas, obras, ideologias ou acontecimentos podem nos causar, sobretudo no mundo de hoje, grandes estranhezas, angústias ou perplexidades. Mas nada, neste fim de ano notavelmente menos decorado pelos presépios, nada me surpreendeu tanto quanto o trecho de um livro impresso em língua germânica. Na verdade, quando li, desconfiei imediatamente das minhas noções de alemão, mas, para novo assombro meu, uma tradução fiel confirmava que os estudos não me haviam decepcionado.

Que livro é esse?

Dizia o texto: “Maria faz parte do Evangelho… É apresentada como aquela que ouviu de maneira exemplar a palavra de Deus, como serva do Senhor que diz sim à palavra de Deus, como a cheia de graça que por si mesma nada é, mas que é tudo por bondade de Deus. É, com efeito, o modelo original dos homens que se abrem a Deus e se deixam enriquecer por Ele”. Não é possível! – pensei. A capa do livro só pode estar trocada! E o texto prosseguia: “Concebido por obra do Espírito Santo, nascido de Maria Virgem, é uma verdade que confessamos a respeito de Jesus; consequentemente confessamos que Maria é Mãe de Nosso Senhor”. Foi o auge! Não dava mais.

Leitor, sente-se.

O nome do livro – e a capa realmente não estava equivocada – é: Evangelischer Erwachsenenkatechismus: Kursbuch des Glaubens! Que nada menos quer dizer: Catecismo Evangélico para adultos: manual da Fé! Ou seja: trata-se de um antigo “catecismo” publicado pela Igreja Luterana da Alemanha que falava assim sobre a pessoa de Nossa Senhora. Preciso confessar que me faltou fé para acreditar no que estava vendo…[1]

Estranho paradoxo

Não descrevo este fato querendo sugerir uma leitura, mas, pensando em certos pregadores que vemos nos púlpitos católicos de hoje.

Não é raro encontrar este estranho e angustiante paradoxo: Ministros Sagrados do Altar e da Palavra, sob pretexto de uma “Igreja mais cristocêntrica”, procurando esfriar e enfraquecer a devoção à Santíssima Virgem, quando até os hereges reconhecem a grandeza d’Ela. Pois afinal, em que ponto contradiz ou diminui a adoração a Nosso Senhor Jesus Cristo quando se louvam as virtudes, os privilégios e as grandezas de sua Mãe Santíssima? Em que aspecto a Igreja fica menos cristocêntrica? Em que Cristo é diminuído?

 

Por Cícero Leite


[1] Lutero, de fato, respeitava a figura de Maria, a ponto de não negar diversos dogmas marianos proclamados até então, como a Virgindade perpétua, e outros que o foram posteriormente, como a Imaculada Conceição. Entretanto, o pseudo-reformador tinha dificuldades com a mediação de Nossa Senhora.

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