A Eucaristia enquanto Sacramento-Comunhão
Dois milênios não bastaram à Igreja para extrair todos os tesouros que a definição do que seja a Sagrada Eucaristia, Sacramento-Comunhão contém.
Redação (14/12/2020, 16:52, Gaudium Press) Vamos iniciar falando de uma sublime verdade:
Quando comungamos, não somos nós que assumimos o Corpo e o Sangue de Cristo, mas nós somos transformados por Ele, tornando-nos, de algum modo, no divino alimento que recebemos.
Dificuldade em se abordar temas que deveriam ser muito conhecidos pelos fiéis
Uma época habituada a velocidades quase ilimitadas vai acostumando os seus filhos às informações breves e sintéticas, nas quais a reflexão salutar de outrora perde terreno, muitas vezes deixando lugar a uma desenfreada ânsia de novidades. Ora, isso pode tornar o homem propenso a ver a sua fé minguar pela falta de aprofundamento no conhecimento das realidades sobrenaturais.
Talvez desse modo se explique a dificuldade em se abordarem, na atualidade, temas que deveriam ser muito conhecidos pelos fiéis. E o são, mas de uma forma tão superficial que quase equivale a um desconhecimento completo.
Uma definição simples na aparência
Se perguntássemos, por exemplo, a algum assíduo frequentador da Igreja, quais os benefícios trazidos por uma Santa Missa, obteríamos resposta satisfatória? Note-se estarmos nos referindo a algo profundamente vinculado à rotina dominical de um bom cristão…
E se quisermos indagar a respeito do mistério da Sagrada Eucaristia, quantos estariam em condições de nos expor essa verdade de Fé?
Alguém mais atilado dirá:
“A resposta está na Bíblia! Eucaristia é a ‘Ceia do Senhor’, instituída ‘na noite em que ia ser entregue’ (I Cor 11, 23), conforme as palavras do próprio Salvador: ‘Tomai, comei, isto é o meu Corpo’ (Mt 26, 26), ‘entregue por vós’ (I Cor 11, 24).
E, tomando o cálice, passou aos discípulos dizendo-lhes: ‘Bebei dele todos, pois este é o meu Sangue na Nova Aliança, que é derramado em favor de muitos, para a remissão dos pecados’ (Mt 26, 27-28)”.
Resposta aparentemente completa sobre a Eucaristia
À primeira vista, a resposta está completa…
Entretanto, dois milênios não bastaram à Igreja Católica para extrair todos os tesouros que essa definição, aparentemente simples, contém.
Somente nesta resposta, vemos aparecer as três dimensões do mistério do sacramento eucarístico:
“Tomai, comei”, Sacramento-Comunhão; “isto é o meu Corpo”, Sacramento-Presença; “entregue por vós”, Sacramento-Sacrifício.
As três dimensões da Sagrada Eucaristia: um triângulo equilátero
A Eucaristia, com efeito, poderia ser comparada a um triângulo equilátero: se uma das suas faces fosse ampliada ou diminuída, ele deixaria de ser equilátero.
De modo análogo, precisa haver um equilíbrio perfeito entre cada um desses três aspectos do Sacramento da Eucaristia. Se um deles for enfatizado excessivamente em detrimento dos outros, corre-se o risco de o Sacramento perder sua identidade.
A Igreja realçou um ou outro aspecto da Eucaristia, mas sem distorcer a realidade do Sacramento
Ao longo da História, a Santa Igreja houve por bem realçar um ou outro aspecto da Sagrada Eucaristia, seja para refutar heresias, seja para atender anseios dos fiéis ou conveniências pastorais, a fim de colocar no devido equilíbrio a doutrina acerca dessa augustíssima instituição de Cristo. Note-se bem, a Igreja realçou um ou outro aspecto, mas sem distorcer a realidade do Sacramento.
Verdadeiro alimento para o corpo e para a alma
Nosso Criador quis estabelecer a nutrição como meio de sustento para a vida da natureza humana, mas também quis servir-Se dele para ser imagem de algo muito superior no plano sobrenatural, a vida da graça. Enquanto o alimento material revigora o corpo, e exerce papel fundamental na vida social, a Eucaristia nutre a alma e é meio insuperável de, nesta Terra, convivermos com o próprio Deus e com os irmãos na Fé.
A Eucaristia é alimento genuíno, ensina Cristo no Evangelho:
“minha Carne é verdadeiramente uma comida e o meu Sangue, verdadeiramente uma bebida” (Jo 6, 55). Portanto, exercem certa ação em quem comunga, de modo análogo ao que acontece com o alimento material. Entretanto, é necessário distinguir os efeitos de um e de outro.
Comungando, não assumimos o Corpo e o Sangue de Cristo: somos transformados por Ele
Quando alguém se serve do alimento material, este é transformado por quem o ingere e torna-se parte integrante do corpo de quem o recebeu.
Como diz o ditado popular: “o homem é aquilo que come”…
Assim, por exemplo, se precisamos de vitamina C, procuramos uma dieta adequada, onde não podem faltar laranja ou acerola; ou quando temos necessidade de ferro, vamos à procura de alimentos ricos nesse elemento.
Quando comungamos, não somos nós que assumimos o Corpo e o Sangue de Cristo, mas nós somos transformados por Ele, tornando-nos, de algum modo, no divino alimento que recebemos.
(Excertos do artigo “A Eucaristia enquanto Sacramento-Comunhão”, do Pe. Alex Barbosa Brito, EP – “Revista Arautos do Evangelho”, n. 174)
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