“Não devemos ter vergonha de rezar, de pedir a Deus”, diz Papa na Audiência Geral
“Acreditamos que não precisamos de nada, que nos bastamos e que vivemos na completa autossuficiência: cedo ou tarde, esta ilusão se desvanece”.
Cidade do Vaticano (09/12/2020, 10:15, Gaudium Press) O tema da Catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira (10/12), foi “A oração de súplica”.
O Papa afirmou que “A oração cristã é plenamente humana: inclui o louvor e a súplica. De fato, quando Jesus ensinou os seus discípulos a rezar, o fez com o “Pai-Nosso”.” Com esta oração, “imploramos a Deus pelos dons mais elevados: a santificação de seu nome entre os homens, o advento de seu senhorio, a realização de sua vontade de bem em relação ao mundo. Mas no “Pai-Nosso” também pedimos os dons mais simples e diários, como o “pão de cada dia”, que também significa saúde, casa, trabalho, e também a Eucaristia, necessária para a vida em Cristo, assim como o perdão dos pecados e, portanto, a paz em nossas relações; e, por fim, que nos ajude nas tentações e nos liberte do mal”.
Pedir, suplicar, depender de Deus é algo humano?
Depois de afirmar prontamente que “Pedir, suplicar: isto é muito humano!”, o Pontífice continuou explicando sua rápida resposta:
“Às vezes acreditamos que não precisamos de nada, que nos bastamos e que vivemos na completa autossuficiência. Muitas vezes isso acontece! Mas, cedo ou tarde, esta ilusão se desvanece.
O ser humano é uma invocação, que às vezes se torna um grito, muitas vezes retido. A alma se assemelha a uma terra árida e sedenta”.
A solução que existe para situações de doença, injustiça, traição, ameaças, é o pedido, o grito, a oração: “Ajuda-me, Senhor!”
Para Francisco, “a Bíblia não se envergonha de mostrar a condição humana marcada pela doença, injustiça, traição de amigos ou ameaça de inimigos. Às vezes parece que tudo desmorona, que a vida vivida até agora tenha sido em vão. Nestas situações aparentemente sem solução, existe uma única saída: o grito, a oração: “Ajuda-me, Senhor! ” “A oração abre fendas de luz nas trevas mais escuras, abre o caminho”.
Na criação nós não somos os únicos a rezar, a invocar a Deus
“Nós, seres humanos, partilhamos esta invocação de ajuda com toda a criação. Não somos os únicos a “rezar”, destacou o Pontífice: neste universo vasto: cada fragmento da criação carrega inscrito o desejo de Deus. São Paulo o expressou desta forma –recordou Francisco– ‘Sabemos que toda a criação sofre as dores do parto até hoje. Não somente ela, mas também nós, que possuímos as primícias do Espírito, gememos interiormente’”.
O Papa explicou que “em nós ressoa o gemido multiforme das criaturas: das árvores, das rochas, dos animais. Tudo anseia por cumprimento.
Nós somos os únicos a rezar com consciência. Sabemos que nos dirigimos ao Pai, entramos em diálogo com o Pai”.
Sentindo necessidade de rezar: não se escandalizar, não ter vergonha e pedir
“Não devemos escandalizar-nos se sentirmos a necessidade de rezar, não ter vergonha, sobretudo quando estamos passando por dificuldades, pedir”, disse o Papa em sua catequese.
Para Francisco, “Muitos têm “vergonha de pedir, de pedir ajuda, pedir alguma coisa a alguém para ajudar a alcançar aquele objetivo, e temos vergonha de pedir a Deus.
Isso não pode ser feito. Não ter vergonha de rezar. Senhor, preciso disso. Senhor, estou com esta dificuldade. Ajuda-me! É o grito do coração a Deus que é Pai”.
Pedir também nos momentos felizes; –recomendou Francisco– não somente nos momentos ruins, mas felizes.
Agradecer a Deus por tudo o que nos é dado, e não tomar nada por garantido ou devido: tudo é graça. Devemos aprende isso. O Senhor sempre nos doa. Tudo é graça de Deus.
A oração de súplica caminha de mãos dadas com a aceitação do nosso limite
De acordo com Francisco, “não devemos sufocar a súplica que surge espontaneamente em nós. A oração de súplica caminha de mãos dadas com a aceitação do nosso limite e da nossa criaturalidade.
Pode-se até não chegar a crer em Deus, mas é difícil não crer na oração: ela simplesmente existe; se apresenta a nós como um grito; e todos nós temos que lidar com esta voz interior que pode talvez ficar em silêncio por muito tempo, mas um dia acorda e grita”.
Deus ouve o clamor de quem o invoca, de quem lhe pede
O Papa sublinhou: “Deus responderá. Não há orante no Livro dos Salmos que levante seu lamento e permaneça sem ser ouvido. Deus responde sempre, hoje, amanhã. Sempre responde. De uma maneira ou de outra. Responde sempre. A Bíblia o repete várias vezes: Deus escuta o clamor de quem o invoca. Até mesmo as nossas pedidos gaguejados, mesmo aquelas que permanecem no fundo do coração. O Pai quer nos dar o seu Espírito, que anima cada oração e transforma todas as coisas. É uma questão de paciência, de aguentar a espera”. (JSG)
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