São Martinho de Tours: realmente francês?
Apesar de ter nascido na atual Hungria, seus devotos o consideram como o Santo francês por excelência. Por qual motivo?
Redação (11/11/2020 06:24, Gaudium Press) Filho de um oficial do exército romano, São Martinho de Tours nasceu no ano 316 em Sabaria, na atual Hungria. Embora seus pais fossem pagãos, conheceu o Cristianismo aos dez anos de idade e desejava receber o Batismo. Mas a isso se opunha o pai, que o levava consigo em suas missões militares. Forçado por este, alistou-se aos 15 anos numa unidade da cavalaria imperial ao serviço da qual pisou pela primeira vez o solo da Gália.
Soldado, monge e Bispo
Foi em terras francesas onde se deu o fato decisivo de sua vida. Tinha 18 anos e era ainda catecúmeno quando, cavalgando por uma estrada, deparou-se com um mendigo que tiritava de frio. Tomou a espada, cortou ao meio sua capa de legionário e deu uma parte ao pobre necessitado. À noite apareceu-lhe em sonho Jesus Cristo agasalhado com aquela metade de capa e agradeceu-lhe por tê-Lo aquecido nesse dia. Revigorado por essa insigne graça, apressou-se a receber o Batismo.
Sob a proteção de Santo Hilário, Bispo de Poitiers, fundou nas proximidades desta cidade a primeira comunidade monástica da França, na qual passou cerca de quinze anos estudando as Sagradas Escrituras e fazendo incansável apostolado na região circunvizinha.
Desse seu amado recolhimento vieram retirá-lo os fiéis da Civitas Turonorum (atual Tours): contra a sua vontade, foi eleito Bispo dessa diocese em 371, aos 55 anos de idade. A partir de Tours, irradiou a doutrina cristã por toda a Gália até o ano 397, quando partiu para o Céu, aos 81 anos.
Monge, Bispo e missionário, São Martinho é o primeiro Santo canonizado não mártir da História da Igreja. Não o chamou Deus a dar a vida entre as garras e os dentes das feras, nem ao golpe da espada ou do machado, mas a verter o sangue da alma, sem poupar esforços a serviço do próximo. Nisso se revelou um autêntico herói da Fé e uma das mais destacadas figuras da religiosidade e da cultura francesas.
Assim, embora tenha nascido numa cidade da atual Hungria, seus devotos o consideram o Santo francês por excelência. Com maior razão pode-se dizer de sua nacionalidade o que se diz da dos soldados da Legião Estrangeira: “Français! Non pas par le sang reçu, mais par le sang versé — Francês! Não pelo sangue recebido, mas pelo sangue vertido”.
(Extraído, com adaptações, da Revista Arautos nº 161, p. 21, por Sebastian Corrêa Velásquez)
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