Fátima: uma mensagem pontiaguda e incômoda, tantas vezes silenciada ou deformada
A mensagem de Fátima é uma profecia, não oficial, mas autêntica, com todas suas características.
Redação (14/10/2020 11:00, Gaudium Press) Dentro das diversas aparições da Santíssima Virgem ao longo da história, podemos afirmar que, nas ocorridas em Fátima, Portugal, em 1917 aos três pastorinhos -Lúcia, Jacinta e Francisco-, vemos Maria Santíssima com maior clareza como Rainha dos Profetas.
“Sou do Céu”
“Sou do Céu”, “Sou a Senhora do Rosário”, foram os nomes com os quais ele ia se identificando. “Ela veio -nos relata Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, fundador dos Arautos do Evangelho- pessoalmente, para recordar verdades esquecidas, como a existência do inferno, e para advertir os homens com castigos terríveis se eles não redirecionassem suas vidas pelo caminho da Justiça. Nossa Senhora quis falar no início de um século que se caracterizaria pelo silêncio dos que deveriam gritar, ou pior ainda, pelo engano daqueles que, conhecendo a verdade, procurariam obscurecê-la porque as suas obras eram más (Jo 3,19). A Mensagem de Fátima, tantas vezes deformada, se revela pontiaguda e incômoda”. (“Maria Santíssima! O Paraíso de Deus revelado aos homens”, Volume III, p. 112).
Se fizermos uma releitura das profecias contidas na Mensagem comunicada aos pastorinhos -é bom que saibamos que eram analfabetos- ficamos impactados ao constatar que grande parte delas ocorreram exatamente como anunciadas.
No conhecido texto da terceira aparição, ocorrida em julho, podemos constatar o cumprimento das previsões: “a (primeira) guerra vai acabar, os soldados voltarão para suas casas em breve” e assim ocorreu no mês de novembro; “mas, se eles não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior”, como aconteceu com a Segunda Guerra; se indicava até mesmo os prolegômenos quando precisamente o Papa reinante era Pio XI; e -mais ainda- como seria prenunciado: “quando virem uma noite iluminada por uma luz desconhecida, é o sinal que Deus vos dá de que punirá o mundo por seus crimes”, aconteceu uma aurora boreal, vista em quase toda a Europa. Dando, finalmente, as características do castigo: “através da guerra, da fome e das perseguições à Igreja e ao Santo Padre”.
Um pedido, uma advertência
Anúncio, que chega com um pedido e uma advertência. Nossa Senhora, Mãe de Misericórdia, mostra o caminho “para prevenir -a nova guerra- virei pedir a consagração da Rússia ao Meu Imaculado Coração e a Comunhão reparadora dos primeiros sábados”. Acompanhado de uma recomendação: “se atenderem aos meus pedidos, a Rússia se converterá e haverá paz; do contrário, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja”. Como as exortações não foram atendidas, o comunismo tomou conta da Rússia -meses depois desta aparição, o que é outra confirmação profética da Mensagem- levando milhões de seres humanos à morte, segundo previsto pela Senhora do Céu: “os bons serão martirizados”.
Muito já foi realizado, outros aspectos ainda não ocorreram ou estão acontecendo em parte, repassemos algumas das afirmações:
1) “O Santo Padre terá que sofrer muito”. Palavras misteriosas, das quais não sabemos o que expressar. Poderá ser motivo de elucubrações em outra oportunidade.
2) “Várias nações serão aniquiladas”, não vimos; embora a ocorrência de tantas catástrofes naturais se espalhando por todo o globo (pandemia de Covid-19, terremotos, enchentes, furacões, incêndios, ciclones, pragas de insetos, etc.) ainda seja preocupante. Tememos que seja como um início dos acontecimentos previstos. Em janeiro de 1944, a Irmã Lúcia, única sobrevivente dos três pastorinhos, teve uma visão surpreendente. Estando de joelhos rezando diante do Santíssimo Sacramento, viu “montanhas, cidades, vilas e aldeias, com seus habitantes que são sepultados. O mar, os rios e as nuvens saem de seus limites, transbordam, inundam e levam consigo, em um redemoinho, casas e pessoas em números que não se pode contar. O ódio e a destruição provocam uma guerra destruidora!”.
3) “Guerras”, os perigos de uma guerra mundial de natureza nuclear -“destrutiva”-, não está muito longe da realidade. A todo momento estamos vendo pequenos, e não tão pequenos, sintomas.
4) “Perseguições da Igreja”, a todo o momento, surgem notícias, parece o seu início.
A mensagem de Fátima, uma profecia
A mensagem de Fátima é uma profecia, não oficial, mas autêntica, com todas suas características. Se tivéssemos que resumir em poucos termos, seria com cinco palavras: anúncio, pedido, advertência, castigo e prêmio.
Ou seja, a denúncia de uma era histórica culpada e pecaminosa; o pedido de renúncia a essa situação; a previsão de um castigo se esse estado de coisas não for abandonado; a proclamação de uma nova era histórica, que só virá depois da penitência e da conversão dos homens.
Dentro deste panorama de avisos proféticos feitos por Nossa Senhora, quero destacar uma frase -em meio das possíveis catástrofes que podemos presenciar-, que nos abre um caminho de esperança. É o prêmio, sua firme e maternal promessa: “por fim, o meu Imaculado Coração triunfará, e será concedido ao mundo algum tempo de paz”.
Grandiosa época histórica profetizada por tantos santos, especialmente São Luís Maria Grignion de Montfort, ao dizer que “ocorrerão coisas maravilhosas neste mundo”. Acontecimentos que trarão tempos abençoados, nos quais o Céu se unirá à terra, os infernos serão derrotados e os anjos se juntarão aos homens para cantar: Glória a Maria em seu Reino, pois seu Imaculado Coração triunfou!
“Será um reinado de clemência, piedade e doçura de Nossa Senhora. Assim como nos dias atuais se inala por toda parte o hálito fedorento e asqueroso, caracterizado pela rebelião, pelo igualitarismo e pela sensualidade desavergonhada; durante o Reino de Maria se respirará o suave perfume da presença e das virtudes da Rainha Celestial, seja nas almas e nos ambientes, seja nos costumes e até nas civilizações.” (Mons. João S. Clá Dias).
Nos encontramos em um momento decisivo da história, onde Deus nos aponta dois caminhos: um, para aqueles que queiram entrar no reino de sua Santíssima Mãe; e outro, para aqueles que preferem continuar no reino feito de pecado.
Para os que queiram fazer parte do Reino de Maria, a solução é ouvir aqueles que sejam os autênticos porta-vozes da Virgem Maria e seguir seus conselhos, suas palavras, com um coração renovado. Entrarão pelo caminho da salvação.
Será o Reino de Maria. Reino de pureza e de bondade do coração materno da Mãe de Deus, reino de grande esplendor, tanto na sociedade temporal como na Igreja, pela abundância de graças derramadas pelo Espírito Santo.
(Publicado originalmente em ‘La Prensa Gráfica’ de El Salvador, 11 de outubro de 2020).
Por Padre Fernando Gioia, EP
Traduzido por Emílio Portugal Coutinho
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