A oração fervorosa
Um meio, na aparência, tão simples, mas que na realidade é uma arma eficaz contra as insídias infernais.
Redação (27/09/2020 11:34, Gaudium Press) O Santo Rei Davi compara a oração ao agradável perfume do incenso, mas para que suba o suave odor, é preciso que as brasas estejam bem acesas no turíbulo. Do mesmo modo, a prece subirá a Deus a partir de um coração ardente de fé e de devoção, com humildade e confiança.
Ao rezar, o homem eleva sua mente ao Criador, intensificando o mais sublime convívio que é possível manter nessa terra. Entretanto, muitos perdem esse privilégio imenso porque se julgam autossuficientes, e não compreendem a beleza de reconhecer sua pequenez ante a grandeza de Deus, seu Pai. Exemplo desse ato tão louvável deu Nosso Senhor Jesus Cristo, pois, mesmo sendo Ele o Homem-Deus, dirigiu-se ao Pai com “forte clamor e lágrimas” (Hb 5, 7).
O que se requer para rezar bem?
Uma vez que a oração é tão elevada, é necessário fazê-la com esmero para obter seu máximo proveito.
Atenção e devoção é a primeira característica da oração. É preciso pensar que se está na presença de Deus e é com Ele que se fala.
Certa vez, estava São Bernardo recitando o ofício com seus monges, e de repente teve uma sublime visão: Ao lado de cada monge, aparecia um Anjo que escrevia num papel. Mas, alguns escreviam com letras de ouro, outros com letras de prata, alguns ainda com tinta comum, outros, porém, não escreviam nada. Logo entendeu o santo que as letras de ouro significavam o fervor de quem rezava; as de prata, uma devoção menos fervorosa, as de tinta, apenas diligência no recitar as palavras, sem devoção e com distração. Os que não escreviam, demonstravam que aqueles monges não rezavam.
O mesmo São Bernardo dava o exemplo de como agia para evitar as distrações. Sempre que penetrava numa Igreja, ao cruzar os umbrais da porta, dizia a si mesmo: “Pensamentos do mundo e das questões terrenas, ficai aqui e esperai até eu sair: tornarei então a tomar-vos”!
Além da devoção necessária à oração, é indispensável a humildade e o fervor. A oração dos humildes penetra os Céus e vai até o trono de Deus (Eclo 35, 21). Santo Agostinho dizia que, ao se dirigir a Deus, deve-se proceder como os pobres que pedem esmolas: eles falam suplicando, apresentam-se com as fisionomias pálidas e pedem com muito empenho e calor. Seu objetivo é receber qualquer coisa que o senhor lhe queira dar, e sua gratidão é imensa. O publicano do Evangelho foi exemplo dessa oração: “Senhor tende piedade de mim, pecador!” (Lc 18, 13)
Por fim, a oração não tem nenhum valor se feita sem fé e perseverança. O Salvador aconselhou: “O que pedis na oração, tende fé de consegui-lo e obtê-lo-eis”. Alguns começam com alegria, mas depois se cansam e não rezam mais. São facilmente enredados pelo demônio e se dão por vencidos, ao contrário do exemplo da Cananeia, que, mesmo recebendo duras palavras do Salvador, não desistiu de pedir a cura de sua filha, pois os cachorrinhos se alimentam das migalhas que caem da mesa de seu dono. Ao que o Senhor respondeu: “Mulher, grande é a tua fé, que te seja feito como desejas!” (Cf. Mt 15, 21-28)
Nunca abandonar a oração
A oração é uma poderosa arma na luta contra o demônio, que usa de todos os meios para dissuadir aqueles que dela se aproveitam.
Deus se contenta com as mais singelas preces, desde que feitas com piedade e fervor.
Nos dias atuais, em que os homens se sentem cada vez mais fortes e poderosos pelas facilidades e progressos da tecnologia aliada às mais diversas funções humanas, facilmente se dá o esquecimento de algo que é tão simples, mas tão eficaz.
Já dizia Santo Afonso Maria de Ligório: “Quem reza se salva, quem não reza se condena.”[1]
Por Odair Ferreira
[1] Baseado em A palavra de Deus em exemplos, por G. Mortarino. São Paulo: Edições Paulinas, 1961.
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