É necessário corrigir o irmão, mas a maledicência é pior que a Covid, diz Papa
O Evangelho de domingo tratou da correção fraterna e o Papa Francisco indicou três etapas para corrigir um irmão que cometeu um erro.
Cidade do Vaticano (08/09/2020, 15:35 – Gaudium Press) Na catequese que antecedeu a Oração do Angelus no 23º domingo do tempo comum, (06/09) o Papa Francisco comentou para os fiéis reunidos na Praça São Pedro a passagem do Evangelho que trata da correção fraterna.
Para Francisco as palavras do Evangelho nos convidam a refletirmos sobre a dupla dimensão da existência cristã: a dimensão comunitária, que exige a proteção da comunhão, e a dimensão pessoal, que exige atenção e respeito por cada consciência individual.
Papa indica três etapas para corrigir um irmão que cometeu um erro
“Para corrigir o irmão que cometeu um erro, –disse Francisco– Jesus sugere uma pedagogia de recuperação, articulada em três etapas.
Primeiro diz: “Avisa-o entre você e ele sozinho”, ou seja, não coloque o seu pecado em praça pública. É uma questão de ir ao irmão com discrição, não para o julgar, mas para o ajudar a perceber o que fez”.
Mas o Pontífice destaca que, “Contudo, pode acontecer que, apesar das minhas boas intenções, a primeira intervenção falhe. Neste caso é bom não desistir, que se arranje, eu lavo as minhas mãos, não, isso não é cristão, mas recorrer ao apoio de algum outro irmão ou irmã”.
Francisco continua os comentários sobre a correção. Diz ele: “se ele não ouvir, leve consigo um ou duas pessoas novamente para que tudo se resolva com a palavra de duas ou três testemunhas. As duas testemunhas solicitadas não são para acusarem e julgar, mas para ajudar, para a recuperação”.
E se dois ou três irmãos ainda forem insuficiente para corrigir o irmão?
“Também o amor de dois ou três irmãos pode ser insuficiente. Neste caso –continuou Francisco– acrescenta Jesus: “dizê-lo à comunidade”, ou seja, à Igreja. Em algumas situações, toda a comunidade está envolvida.
Há coisas que não podem deixar indiferentes os outros irmãos: é necessário um amor maior para recuperar o irmão. Mas por vezes até isto pode não ser suficiente. ”
E se nem mesmo a comunidade for suficiente para o irmão corrigir-se?
Jesus diz: “Se nem mesmo à comunidade ele ouvir, seja tratado como se fosse um pagão ou um publicano”.
Esta expressão, aparentemente tão desdenhosa –comenta Francisco- convida-nos de fato a colocar o nosso irmão de volta nas mãos de Deus: “só o Pai poderá demonstrar um amor maior do que o de todos os irmãos juntos. É o amor de Jesus, que acolheu os publicanos e pagãos, escandalizando as pessoas bem pensantes da época”.
“Não é fácil pôr em prática este ensinamento de Jesus”, comenta o Papa
Francisco disse que “não é fácil pôr em prática este ensinamento de Jesus, por várias razões. Há o medo de que o irmão ou irmã reaja mal; por vezes não há confidência suficiente com ele ou ela… E outras razões mais.
“Não se trata de uma questão de condenação sem apelo, mas do reconhecimento de que por vezes as nossas tentativas humanas podem falhar, e que só estando sozinho perante Deus pode colocar o nosso irmão perante a sua própria consciência e a responsabilidade pelos seus atos”.
Fazer da correção fraterna um hábito saudável
Francisco encerrou a sua alocução pedindo a Nossa Senhora que “nos ajude a fazer da correção fraterna um hábito saudável, para que nas nossas comunidades possam sempre ser estabelecidas novas relações fraternas, baseadas no perdão recíproco e sobretudo no poder invencível da misericórdia de Deus”. (JSG)
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