Coragem para me confessar
Preciso me confessar, mas não consigo. O que fazer?
Redação (26/08/2020 10:57, Gaudium Press) No último fim de semana, jantei com um amigo cearense. A prosa foi bastante agradável, tratando de temas variados e interessantes, porque, para este gênero de nordestinos, as palavras nunca faltam. Satisfeitos e bem alimentados, como não tínhamos compromisso, estendemos despreocupadamente o colóquio.
No vai e vem da conversa, meu companheiro soltou uma frase que me deixou pasmo: “O mais limpo não é o que nunca se sujou, mas o que foi lavado mais vezes”.
Há um tipo de sabedoria que não se aprende nas universidades e não se encontra nas bibliotecas. É uma ciência que o dinheiro não compra. Ela é toda feita de experiência, análise e contemplação. É uma sabedoria que só a vida dá. Aprende-se vivendo.
A proposição do meu bom amigo cearense, dita no calor da prosa, revela uma verdade com uma simplicidade e clareza que os livros de catecismo e os manuais de espiritualidade não conseguem empregar. Quando ele soltou a frase, imediatamente relacionei-a a um dos tesouros da Igreja: o sacramento da confissão.
O que é sacramento da confissão?
O sacramento da confissão (também chamado sacramento da reconciliação ou do perdão) é o meio instituído por Deus para que o homem, arrependido, obtenha o perdão de suas faltas (Cf. CCE 1422-1424).
Por que o padre perdoa os pecados?
É verdade que só Deus pode perdoar os pecados. Porém, ele confiou ao homem esta autoridade (Cf. CCE 1441-1442), conforme está relatado no evangelho de São João: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles serão perdoados; a quem os retiverdes, eles serão retidos” (Jo 20, 22-23). Os ministros de Nosso Senhor Jesus Cristo, portanto, têm esse múnus de absolver as faltas dos homens.
Quando eu me aproximo daquela “casinha” em busca da confissão, não é à pessoa que está ali que eu relato meus pecados. O padre é apenas representante de “Alguém”: Deus que está à nossa espera para ver-nos limpos.
Como fazer a confissão?
Porém, para que uma confissão seja bem-feita, são necessários alguns requisitos. O penitente deve ter verdadeiro arrependimento das faltas, ou seja, dor das faltas e desejo de não tornar a pecar. Ele tem obrigação de declarar a falta inteira, sem esconder nada. Deve, por fim, cumprir uma penitência dada pelo sacerdote, a qual nada mais é do que uma satisfação, uma reparação (Cf. CCE 1450-1460).
O que faz a confissão?
Ou seja, quais os efeitos da confissão? Primeiramente, este sacramento restitui nossa amizade com Deus, devolvendo a graça às nossas almas. Opera-se uma verdadeira ressurreição. Quem se confessa corretamente é invadido por uma alegria e uma consolação enormes.
Mas ocorre outra coisa.
Entre os homens, quando perdoamos uns aos outros, é frequente que restem ainda rancores. As feridas deixam cicatrizes. O copo quebrado, ainda que colado, deixa marcas.
O que acontece na confissão?
Quando a confissão é bem feita, sincera e com verdadeira contrição, tudo é perdoado e ESQUECIDO por Deus. Diz a Escritura que Nosso Senhor atira ao fundo do mar nossos pecados: eles não serão mais encontrados (Cf. Mq 7, 18-19).
Convite para cada um
“O mais limpo não é o que nunca se sujou, mas o que foi lavado mais vezes”. O sacramento da confissão pode ser repetido quantas vezes for necessário. Se, com o coração contrito, pedimos perdão, nossa alma ficará mais limpa do que antes da falta cometida.
A quarentena afastou-nos da confissão, é verdade. Mas também é verdade que já há muito tempo os confessionários estavam empoeirados.
Não é preciso demonstrar que o homem erra. Todos sabemos e estamos fartos de sabê-lo. Que é necessário pedir perdão, quase todos ainda admitem. Coragem para fazê-lo, falta a muita gente.
A estes, damos uma solução: ajoelhe-se e peça a Nossa Senhora, Mãe de misericórdia, que os conduzam pela mão. Não serão desamparados.
Por Paulo da Cruz
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