O valor de um bom conselho
Mais valioso do que a prata ou o ouro é o conselho saído do coração do justo.
Redação (08/08/2020 09:04, Gaudium Press) O homem padece de um mal incurável: a dependência de alguém mais sábio que o possa exortar a fim de escolher o que é certo, no meio de tantas incertezas. Mesmo os mais veneráveis dentre os homens necessitam de uma palavra que os oriente. Se procurarmos nas páginas da história, encontraremos inúmeros fatos que corroboram essa afirmação.
Certa vez, um rei, acompanhado de seus servos, empreendeu uma longa viagem. No meio do caminho, encontraram um ancião que não cessava de bradar em alta voz: “Àquele que me der cem peças de ouro, eu darei um bom conselho”. O rei fez que lhe pagassem a soma pedida, e o estrangeiro lhe disse: “O que fizerdes, fazei-o com reflexão e pensai sempre no objetivo a alcançar.” Essas simples palavras satisfizeram tanto ao rei que ele as fez escrever em diversas partes de seu palácio e ademais gravar em seus vasos preciosos. Alguns dos oficiais da corte zombavam da generosidade do rei e imaginavam que o conselho não valia tanta soma de dinheiro. Alguns meses mais tarde, o rei caiu doente, e o médico recomendou-lhe fazer uma sangria.
Alguns cortesãos que odiavam seu monarca convenceram o médico a matar o rei, utilizando uma lâmina envenenada para a sangria. O braço da nobre vítima estava já amarrado e a lâmina mortal na mão do criminoso, quando ele viu a inscrição feita ao redor de um cálice, e essa frase tocou seu coração já muito perturbado. Ele se pôs a tremer, e deixando cair a lâmina, se atirou aos pés de seu rei e confessou seu crime.
O rei o perdoou, mas aqueles que o tinham subornado expiaram com a morte seu ato criminoso. “E vede, vós que vos apressastes a zombar”, disse o rei aos oficiais que haviam criticado sua generosidade, “esse conselho que hoje me salvou a vida não custou tão caro”.
Um conselho posto em prática tem mais valor que a prata e o ouro.[1]
Mas… quem pode nos aconselhar?
O conselho é um dom do Espírito Santo. Com efeito, as pessoas mais qualificadas para o conceder são os santos que se acrisolaram pela prática heroica das virtudes, e, por isso, têm o coração repleto de sabedoria. O Rei-Profeta Davi já cantava: “A boca do justo profere a sabedoria” (Sl 37, 30).
Sempre que precisarmos de um conselho – e quão frequentemente o será – peçamos àqueles que realmente podem nos conduzir nas trilhas da virtude, pois submeter-se ao arbítrio de alguém mais sábio é um supremo ato de inteligência.
Por Jiordano Carraro
[1] Baseado em Dictionnaire d’Exemples, Tome II. Paris: Établissements Casterman.
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