Hoje precisamos de testemunhos de que o Evangelho é possível, diz Papa
O Senhor descreve Pedro: ‘Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja’ e Paulo: ‘instrumento da minha escolha, para levar o meu nome perante os pagãos’.
Cidade do Vaticano (29/06/2020 10:39, Gaudium Press) Neste dia 29 de junho, quando a Santa Igreja comemora a Solenidade de São Pedro e São Paulo, o Papa Francisco presidiu a Santa Missa no Altar da Cátedra da Basílica de São Pedro, no Vaticano. Em tempos de pandemia, quando se deve cuidar para evitar uma nova de disseminação do coronavírus, o Papa celebrou para cerca de 90 fiéis com redobrados cuidados de higiene e prevenção recomendados.
Benção dos Pálios Arquiepiscopais, tradição da Solenidade de São Pedro e São Paulo
No início da celebração, após a saudação litúrgica, o Decano do Colégio Cardinalício, cardeal Giovanni Battista Re, fez um breve pronunciamento, para então receber o pálio do Papa Francisco.
O Pontífice abençoou também os pálios que serão entregues aos Arcebispos Metropolitas nomeados no decorrer do último ano.
Entre os brasileiros que deverão receber o Pálio estão o cardeal Sérgio da Rocha, arcebispo de Salvador da Bahia; Dom Josafá Menezes da Silva, arcebispo de Vitória da Conquista; Dom Irineu Roman, arcebispo de Santarém; Dom Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus e Dom Virgílio do Carmo da Silva, arcebispo de Dili, Timor Leste.
O Pontífice lembrou que o pálio abençoado neste dia “recorda a unidade entre as ovelhas e o Pastor que, como Jesus, carrega a ovelha nos ombros e nunca mais a larga”.
Unidade e profecia, duas palavras destacadas por Francisco
Por ocasião de sua homilia, Francisco destacou duas palavras: unidade e profecia.
“Como o Senhor transformou Simão em Pedro, assim chama a cada um para fazer de nós pedras vivas, com as quais construir uma Igreja e uma humanidade renovadas.
O Pontífice comentou a familiaridade que unia Pedro e Paulo:
“duas pessoas muito diferentes, mas sentiam-se irmãos, como numa família unida onde muitas vezes se discute mas sem deixar de se amarem”, uma familiaridade que “não provinha de inclinações naturais, mas do Senhor. Ele não nos mandou agradar, mas amar. É Ele que nos une, sem nos uniformizar. Nos une nas diferenças. ”
Só com a oração se alcança a verdadeira unidade
O Papa recordou que em meio a perseguições, os primeiros cristãos não pensam em fugir para salvar a própria vida, “mas todos rezam juntos”.
Para Francisco, “a unidade é um princípio que se ativa com a oração, porque a oração permite ao Espírito Santo intervir, abrir à esperança, encurtar as distâncias, manter-nos juntos nas dificuldades. ”
Francisco observa que “naqueles momentos dramáticos, ninguém se lamenta do mal, das perseguições”, pois “é inútil que os cristãos percam tempo se lamentando do mundo, da sociedade, daquilo que está errado. As lamentações não mudam nada. Recordemo-nos de que as lamentações são a segunda porta fechada para o Espírito Santo, como lhes disse no dia de Pentecostes: a primeira é o narcisismo, a segunda o desânimo, a terceira o pessimismo. O narcisismo te leva ao espelho, para se olhar continuamente; o desânimo leva às lamentações. O pessimismo conduz à escuridão. Essas três atitudes fecham a porta do Espírito Santo.” Aqueles cristãos, ao contrário, rezavam:
As profecias hoje, segundo Francisco
Francisco tratou da segunda palavra: profecia.
Segundo ele, com perguntas provocatórias, Jesus faz Pedro entender que “não Lhe interessam as opiniões gerais, mas a opção pessoal de O seguir”, e a Saulo, o abala interiormente, fazendo-o cair por terra no caminho para Damasco, derrubando “sua presunção de homem religioso e bom”.
Então, vem as profecias: ‘Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja’ (Mt 16, 18); e a Paulo: ‘É instrumento da minha escolha, para levar o meu nome perante os pagãos’ (At 9, 15):
“Assim, a profecia nasce quando nos deixamos provocar por Deus: não quando gerimos a própria tranquilidade, mantendo tudo sob controle. Não nasce de meus pensamentos, não nasce de meu coração fechado. Nasce se nós nos deixamos provocar por Deus. Quando o Evangelho inverte as certezas, brota a profecia. Só quem se abre às surpresas de Deus é que se torna profeta”, diz o Pontífice.
E isso, pode ser visto em Pedro e Paulo, “profetas que enxergam mais além: Pedro é o primeiro a proclamar que Jesus é ‘o Messias, o Filho de Deus vivo’ Paulo antecipa a conclusão da sua vida: ‘Já me aguarda a merecida coroa, que me entregará, naquele dia, o Senhor’:
“Hoje precisamos de profecia, mas de verdadeira profecia: não discursos que prometem o impossível, mas testemunhos de que o Evangelho é possível”, diz Francisco que acrescenta:
“Queremos a profecia… é preciso vidas que manifestam o milagre do amor de Deus. Não potência, mas coerência; não palavras, mas oração; não proclamações, mas serviço.” (…)
Pedro, antes de ser colocado na cruz, não pensa em si mesmo, mas no seu Senhor e, considerando-se indigno de morrer como Ele, pede para ser crucificado de cabeça para baixo. Paulo está para ser decapitado e pensa só em dar a vida, escrevendo que quer ser ‘oferecido como sacrifício’.
Esta é a profecia. Não palavras. E esta é profecia, a profecia que muda a história. ” (JSG)
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