Aviso aos Faraós
Estará Deus castigando a Humanidade? Maio, mês de Maria, sempre traz consigo muitos simbolismos. Quem sabe uma breve reflexão pode abrir portas para obter a resposta.
Oto Pereira (31/05/2020 14:06, Gaudium Press) Será que Deus está castigando a humanidade? É uma boa pergunta, mas não considero impossível respondê-la.
Cícero ensina que a História é a mestra da vida. Neste final de mês, parece-me muito conveniente fazer um pequeno aperçu de uma das melhores aulas que já deu essa Grande Professora. Sobretudo porque, desta vez, ela poderá nos descortinar um pouco do dia de amanhã. Para isso, é preciso voltar alguns milênios no tempo…
O início do Livro do Êxodo é marcado por três personagens principais: Moisés, o Faraó e o Povo Eleito. Sim, apesar de serem milhares de pessoas, os Israelitas, via de regra, são retratados no segundo livro do Pentateuco como se fossem um só homem: o povo inteiro é oprimido, o povo inteiro foge do Egito, o povo inteiro acusa Moisés de tê-lo levado ao deserto para morrer, e daí por diante.
A sequência dos fatos é muito conhecida: o Faraó, supremo chefe político e religioso do Egito, impõe uma dura escravidão aos hebreus; Moisés recebe a missão de libertar o Povo, e vai ter com o Faraó.
O que pede ele? Liberdade de culto: “Assim fala Javé, o Deus de Israel: Deixa sair meu povo para que me celebre uma festa no deserto” (Ex 5,1).
Mas Deus endurece o coração do chefe: o cativeiro continua; Moisés faz uma segunda tentativa, o Faraó não se move em suas determinações. Começam as pragas. É aí que entra um quarto personagem: o povo egípcio. Este menos importante, é verdade, mas que paga pela obstinação de seu chefe. Quem impede Israel de sair é o Faraó, quem sofre as pragas é o Egito inteiro…
Bem, encerro por aqui o resumo. Afinal de contas, me propus a fazer uma análise do que aconteceu em maio deste ano.
Quando abril terminou, tudo indicava que o mês seguinte seria também marcado pela estagnação. Estagnação social, econômica, sobretudo estagnação religiosa. De fato, pelo que o panorama mundial indicava – e que se comprovou pelos fatos – as missas, as confissões, enfim, os sacramentos e a vida religiosa em geral continuariam a experimentar o clima de semiclandestinidade, evidentemente maquiada por autoridades de “seminormalidade consciente”. No fundo, a mesma coisa.
A intenção pareceria muito boa. A covid-19 já matou milhares de pessoas ao redor do mundo e o vírus ainda circula solto por aí; é preciso controlá-lo. Nada mais legítimo.
O curioso, porém, é que as restrições de aglomeração não seguem a mesma proporção. À guisa de exemplo, na Austrália, um ônibus de 37m² tem autorização para receber mais pessoas que a Catedral de Sidney, com 2.600m². Existe aqui equidade?
Pois bem, maio teria sido um mês de estagnação, se outros acontecimentos não viessem chacoalhar a paradeira. E, de fato, chacoalharam: o ciclone Aphan, na Índia e em Bangladesh obrigou mais de 2 milhões de pessoas a evacuar seus lares; no noroeste da Jamaica, um terremoto de 7,7 na escala Richter também causou estragos; a quilométrica nuvem de gafanhotos – a maior dos últimos 70 anos – que em fevereiro começou a assolar a África oriental e central, ao invés de diminuir como previsto, se expandiu e se alastrou para o centro da Índia, e promete piorar em junho (época das colheitas). Contudo, a covid-19 continua o tema central dos noticiários.
Volto a perguntar: será que Deus está castigando a humanidade? Parece forte demais afirmar que a população já tão sofrida está sendo castigada. Deus não teria outros lugares mais “culpados” para punir? Na verdade, seria talvez precipitado querer simplesmente definir que tudo isso seria um castigo. Seja como for, não será um aviso da Providência?
Se é assim e se a história é mais uma vez reaplicada, temos quatro personagens nesta história: os israelitas que precisam sair para celebrar uma festa ao Senhor. Os faraós estão obstinados. Alguém acabará pagando por isso. Quem será? E Moisés, onde está ele?
Repetindo a história, sabemos que o Povo Eleito vai atravessar o Mar Vermelho, e quem quiser impedir, vai naufragar. Os faraós já estão avisados…
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