Biblioteca e Arquivo Vaticanos serão reabertos para estudiosos em junho
Cardeal diz que o fechamento das instituições vaticanas foi “um sofrimento”, mas que “toda crise pode ser uma oportunidade” nova.
Cidade do Vaticano (30/05/2020 10:23, Gaudium Press) O Arquivo e a Biblioteca Apostólica do Vaticano serão reabertos no dia 1º de junho. A informação vem do arquivista e bibliotecário da Santa Sé, cardeal Tolentino Mendonça, num artigo publicado no jornal ‘L’Osservatore Romano’.
O cardeal comenta que os dois organismos haviam sido fechados por causa da pandemia da covid-19 e que esse fechar de portas provocou um verdadeiro “sofrimento”, mas que é certo que “toda crise pode ser uma oportunidade”.
O Arquivo e a Biblioteca terão “uma reabertura gradual e limitada, como exigem as boas práticas”
No seu artigo publicado na última quinta-feira no jornal da Santa Sé, o cardeal português, arquivista e bibliotecário da Santa Sé escreveu:
“Todos nos encontramos mais frágeis, mais pobres, mais indefesos, numa condição sem precedentes que requer um complemento de humildade, o reconhecimento de que muitas de nossas certezas são um valor precioso, mas também vulnerável, que o exercício de nosso conhecimento e poder são uma sucessão de reaberturas e recomeços”.
O cardeal informou que nestas reaberturas, depois do encerramento a que “emergência de saúde obrigou” por causa da pandemia do Covid-19, e que colocou a “maioria da equipe de funcionários num regime de trabalho a distância, online”, o Arquivo do Vaticano e a Biblioteca Apostólica da Santa Sé vão começar “uma reabertura gradual e limitada, como exigem as boas práticas”.
Assim é que, a partir de 1 de junho, será iniciada uma abertura para os estudiosos sendo que suas admissões deverão ser feitas depois de realizadas reservas online que terão um regulamento específico.
Porque o fechamento foi um sofrimento para a Biblioteca, para o Arquivo e para os seus estudiosos
“O fechamento imprevisível foi naturalmente um sofrimento para a Biblioteca e Arquivo Apostólico e para seus estudiosos, que subitamente mortificaram –no caso do Arquivo– uma dinâmica particularmente intensa de expectativas e atenção, associada a um nó historiográfico cuja relevância é reconhecida muito além do círculo restrito da comunidade científica”.
Assim explica o Cardeal Tolentino Mendonça para, em seguida, recordar que “toda crise pode ser uma oportunidade” e isso aplica-se “em particular a uma realidade” como a do Arquivo e a Biblioteca Apostólica que depende da “consciência histórica da Igreja com a aspiração de torná-la um bem público para toda a humanidade”.
Para o cardeal responsável pelas duas instituições da Santa Sé, elas são ‘lugar social’ muito mais do que um espaço físico, “um contentor neutro, distribuidor automático de documentação, mas uma encruzilhada polifónica de instâncias, funções, preocupações, obrigações, interesses e oportunidades”.
“Ouvir como um serviço à memória, abertura ao futuro como um exercício concreto de esperança, compromisso ativo como responsabilidade, são esses os princípios que nos permitem encontrar-nos com confiança recíproca e fraternidade autêntica, sabendo que todos somos mais medidos pela verdade do que medidores definitivos dela”, concluiu Dom José Tolentino Mendonça.
O novo coronavírus “reabriu os olhos de uma sociedade cega pelo desempenho tecnológico e estrutural”
Sobre a pandemia Covid-19 “disseminada em todo o mundo”, o cardeal português lembra que não foi “interrompida por fronteiras políticas, económicas e culturais” e “reabriu violentamente os olhos de uma sociedade cega pelo seu desempenho tecnológico e estrutural, sobre a vulnerabilidade intrínseca à condição humana, evidência nunca extinta no âmbito individual, mas decrescente no âmbito coletivo”. (JSG)
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