Na Polônia, a Fé de hoje é fruto do martírio dos padres poloneses nos campos de concentração
A Igreja na Polônia celebra hoje o “Dia do martírio do clero polonês durante a Segunda Guerra Mundial”; recorda o exemplo dos 861 sacerdotes poloneses mortos sob o regime nazista em campos de concentração.
Cracóvia – Polônia (29/04/2020 13:50, Gaudium Press) No dia 29 de abril os católicos poloneses comemoram o “Dia do martírio do clero polonês durante a Segunda Guerra Mundial”. São 861 sacerdotes filhos da nação polonesa que foram martirizados no campo de concentração de Dachau.
É uma comemoração justa: a Polônia tem muito a agradecer a estes Heróis da Fé que viveram seu testemunho até a morte. Heróis da Fé que provaram seu desejo de viver a Eucaristia e os Sacramentos apesar da impossibilidade de fazê-lo.
A Polônia de hoje tem ainda muito a agradecer a seus mártires pois, como afirma o porta-voz da Conferência Episcopal da Polônia, padre Paweł Rytel-Andrianik: “É o sangue daqueles mártires que nos dão o ‘fruto na fé’ até hoje”.
Foi a propósito desta comemoração que padre Paweł Rytel-Andrianik concedeu uma entrevista a Giada Aquilino, do Vatican News e da qual destacaremos alguns tópicos.
1700 sacerdotes poloneses foram presos em campos de concentração, 861 foram mortos
Ao ser interrogado quem eram e por que mais de 1.700 sacerdotes poloneses foram deportados para campos de concentração alemães, onde 861 deles foram mortos, o padre Paweł Rytel-Andrianik respondeu:
Padre Paweł: Os nazistas levaram os sacerdotes para o campo de concentração em Dachau, também para outros campos de concentração poloneses, simplesmente porque eram sacerdotes e eram o ponto de referência para as comunidades paroquiais.
Para destruir a nação começaram exatamente pelos sacerdotes e os intelectuais do país. Estes 1.700 sacerdotes poloneses fazem parte do grupo de quase 3.000 entre sacerdotes, bispos e irmãs que estavam em Dachau. E nos campos de concentração na Polônia também havia outros sacerdotes. E devemos recordar que os que estavam livres em suas casas também sofriam, tanto sob o regime nazista quanto o comunista.
Eles deixaram testemunhos de Fé: aqueles sacerdotes são exemplo de que o sangue dos mártires leva a frutos na fé
Que testemunhos permanecem daquela época já que em 2013 morreu o último sobrevivente? A esta pergunta, o porta-voz da Conferência Episcopal da Polônia respondeu com firmeza e recordou João PauloII:
Padre Paweł: Testemunhos de fé!… São João Paulo II em 1995, no 50º aniversário da libertação do campo de Auschwitz, falou sobre o quanto aqueles sacerdotes, bispos e irmãs foram fiéis até o fim, dando testemunho de caridade e perdão. Falou também da dignidade de vida e justiça: sobre isso podemos recordar um mártir conhecido em todo o mundo, São Maximiliano Kolbe, que deu a própria vida por um pai de família.
Também na minha diocese de Drohiczyn há um exemplo, o sacerdote Antoni Beszta-Borowski. Seus amigos disseram que deveria fugir porque os nazistas tinham seus documentos e queriam prendê-lo ou matá-lo. Mas ele disse que não poderia deixar os seus paroquianos e os seus sacerdotes, porque se não o prendessem, prenderiam todos eles. Quando foi capturado, algumas crianças assistiram a cena: um soldado alemão entrou na sacristia e pegou sua estola. Falou às crianças que nenhum sacerdote ficaria na cidade, rasgando a estola e jogando-a no chão. Uma senhora a juntou e guardou consigo. Anos depois, uma daquelas crianças, sobrinho do padre Antoni, na sua primeira Missa depois da ordenação sacerdotal, recebeu a estola daquela senhora. Desde então nasceram muitas vocações naquele local. Acredito que seja um exemplo de que o sangue dos mártires leva a frutos na fé. (JSG)
Deixe seu comentário