Nossa Senhora de Loreto, padroeira dos aviadores
Neste dia 10 de dezembro, a Igreja Católica celebra a memória litúrgica de Nossa Senhora do Loreto, padroeira dos aviadores. Quem deseja compreender a razão do título dado à Mãe de Deus quando a invocamos como Padroeira da Aviação deve antes conhecer a prodigiosa história da Santa Casa de Nazaré, a modesta habitação que abrigou a Sagrada Família durante boa parte de sua permanência nesta terra.
Redação (10/12/2024 17:23, Gaudium Press) Ao raiar da aurora do dia 10 de maio de 1291, os habitantes de certo lugarejo da Dalmácia viram, tomados de espanto, algo totalmente inusitado: sobre uma pequena elevação próxima à cidade, encontrava-se uma singela casinha, num local onde jamais houvera qualquer construção… E a admiração aumentou ainda mais quando algumas pessoas afirmaram que, na noite anterior, tinham visto essa casa suspensa no ar antes de pousar no terreno.
Logo a notícia se espalhou entre o povo, que, curioso, começou a acorrer de todos os lados para ver de perto a surpreendente novidade. Como teria sido possível aquele edifício chegar ali da noite para o dia, transposto pelos ares? De onde viera? Quem o trouxera? E não demorou muito para que os primeiros exploradores se deparassem com um incrível pormenor: a casa se mantinha de pé sobre um solo bastante irregular, sem nenhum alicerce!
Convencidos de que estavam diante de um milagre, os piedosos desbravadores decidiram verificar o interior da construção. Entre outros objetos, encontraram um altar, uma cruz e uma bela imagem de cedro escuro, representando Nossa Senhora com o Menino Jesus nos braços. Mas cada descoberta só fazia multiplicar as interrogações… Quem desvendaria tão extraordinário enigma?
Havia três anos que o pároco da região estava gravemente enfermo, piorando dia a dia. Ora, certa amanhã, eis que o sacerdote, restabelecido e em perfeita saúde, vem em pessoa ao novo local de peregrinações, para prestar suas homenagens a Nossa Senhora! Diante dos fiéis ali reunidos, declara que, estando em seu leito, pedira à Santíssima Virgem que o curasse, pois desejava muito poder se levantar para visitar a piedosa casinha tal qual o povo tanto lhe falava. Atendendo a essa súplica filial, Ela própria lhe aparecera e lhe revelara que a casa recém-chegada à paróquia era o bendito lar de Nazaré, onde Ela convivera longos anos com Jesus e José.
Ao saber da narração do pároco, o governador não hesitou em tomar providências para obter a confirmação bem exata do milagre, enviando emissários à Terra Santa a fim de colherem as informações necessárias. Sem maiores esforços, puderam eles comprovar que a casinha aparecida na Dalmácia era, de fato, aquela em que a Sagrada Família havia morado, pois a construção tinha sumido de Nazaré, restando no local apenas os seus fundamentos. Mediram também as dimensões destes e, comparando-as com a área quadrada da casa, constataram que eram exatamente iguais. Quando estes dados foram ratificados oficialmente e tornado públicos, tornou-se quase impossível controlar a avalanche de peregrinos, que de todos os lados afluíam para lá.
Contudo, passados pouco mais de três anos da miraculosa chegada a Tersatz – tal era o nome daquele lugarejo -, eis que novamente a casa de Nazaré alça voo pelos ares. Era a noite de 10 de dezembro de 1294 quando o povo viu uma esplêndida luz acender-se no céu, acompanhada de uma belíssima melodia e, instantes depois, a querida construção elevou-se da terra, sustentada por incontáveis Anjos, deslocando-se pela vastidão do firmamento até desaparecer… Atravessando o Mar Adriático, foi ela pousar na Itália, num grande bosque de loureiros, razão pela qual, mais tarde, o lugar receberia o nome de Loreto. À semelhança do ocorrido na Dalmácia, não tardou muito para que a casinha se tornasse ponto de referência de multidões de devotos, e para que a Santíssima Virgem ali prodigalizasse seus favores maternais operando inúmeros milagres.
Mas ainda não era este o termo das viagens da casa de Nazaré. Ao cabo de oito meses, eis que os Anjos novamente a transportaram pelos ares, depositando-a numa colina não muito distante, propriedade de dois nobres irmãos. Ali outra vez floresceram as peregrinações, o fervor, os milagres. Quatro meses depois, porém, os celestes condutores novamente entraram em cena para levar a abençoada construção ao lugar onde hoje se situa o centro da cidade de Loreto.
Atualmente a casa se encontra dentro de uma suntuosa basílica, edificada para servir-lhe de relicário. Muitos milhares de peregrinos provenientes dos cinco continentes a visitam a cada ano, podendo-se contar vários Santos entre os que lá estiveram, como São Francisco de Sales, São Maximiliano Kolbe, Santa Teresinha do Menino Jesus. O Papa João Paulo II, numa de suas numerosas visitas pastorais a Loreto, definiu o santuário como “o primeiro templo, a primeira igreja, sobre a qual a Mãe de Deus irradiou a própria luz com a sua Maternidade” (8 de setembro de 1979, homilia no Santuário de Loreto).
Em 1920, o Papa Bento XV proclamou Nossa Senhora de Loreto padroeira dos aviadores. Desde então, a imagem da Virgem de Loreto pode ser encontrada em vários aeroportos do mundo.
O Papa Paulo VI mandou que se fizesse a seguinte oração para a proteção dos aviadores:
Oração à Padroeira dos aviadores
“Ó Maria, Rainha do Céu, gloriosa padroeira da aviação, ergue-se até vós nossa súplica. Somos pilotos e aviadores do mundo inteiro, e, arrojados aos caminhos do espaço, unindo em locos de solidariedade as nações e os continentes, queremos ser instrumentos vigilantes e responsáveis da paz e do progresso para nossas Pátrias. Em vós depositamos nossa confiança. Sabemos a quantos perigos se expõe a nossa vida. Por isso, velai por nós, Mãe piedosa, durante os nossos voos. Protegei-nos do árduo dever cotidiano, inspirai-nos os vigorosos pensamentos da virtude e fazei com que nos mantenhamos fiéis aos nossos compromissos de homens e de cristãos. Reacendei em nossos corações o anelo dos bens celestiais, vós que sois a Porta do Céu, e guiai-nos agora e sempre nas asas da fé, da esperança e do amor. Amém”.[1]
Por Dr. Delegado Mauricio Freire, Piloto do SAT (Serviço Aerotático da Polícia Civil).
Foi delegado de Polícia do Estado de São Paulo, piloto do SAT, tendo sido também Delegado Geral de Polícia e posteriormente eleito Presidente do Conselho Nacional de Chefes de Polícia Civil. Foi Diretor da Academia de Polícia e hoje atua como Instrutor de Tiro para novos policiais, ministrando cursos e treinamentos em diversos estados e também na SWAT da Polícia de Miami, sendo o único instrutor não americano da entidade desde 1991.
[1] Este texto é uma republicação do artigo escrito pelo ex-Delegado de Polícia do Estado de São Paulo São Paulo, Dr. Delegado Mauricio Freire, em 19/04/2018.
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