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Esplêndida prefigura da Eucaristia

Redação (Quarta-feira, 12-12-2018, Gaudium Press) “Ao ser informado da morte de João, Jesus partiu dali e foi, de barco, para um lugar deserto e afastado. Mas, quando as multidões souberam disso, saíram das cidades e O seguiram a pé.

“Ao sair do barco, Jesus viu uma grande multidão. Encheu-Se de compaixão por eles e curou os que estavam doentes. Ao entardecer, os discípulos aproximaram-se de Jesus e disseram: ‘Este lugar é deserto e a hora já está adiantada. Despede as multidões, para que possam ir aos povoados comprar comida!’

Esplêndida prefigura da Eucaristia

“Jesus, porém, lhes disse: ‘Eles não precisam ir embora. Dai-lhes vós mesmos de comer!’ Os discípulos responderam: ‘Só temos aqui cinco pães e dois peixes.’ Jesus disse: ‘Trazei-os aqui.’ Jesus mandou que as multidões se sentassem na grama. Então pegou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu e pronunciou a bênção. Em seguida, partiu os pães e os deu aos discípulos. Os discípulos os distribuíram às multidões.

“Todos comeram e ficaram satisfeitos, e dos pedaços que sobraram recolheram ainda doze cestos cheios. E os que haviam comido eram mais ou menos cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças” (Mt 14, 13-21).

Perfeito senso de ordem

Nosso Senhor, com apenas cinco pães e dois peixes, alimentou 5.000 homens, sem contar as mulheres e as crianças. Naquela época as famílias tinham, em geral, muitos filhos; assim, pode-se supor que o número de pessoas fosse de 15.000 ou até mais.

“Jamais aquela gente tinha comido tão delicioso manjar. Ele deveria até ser extremamente superior ao maná do deserto, pois este não passara pelas sacrossantas mãos de Jesus.”

Em tudo que o Redentor fazia se nota seu perfeito senso de ordem. Ele recomendou aos discípulos: “‘Mandai o povo sentar-se em grupos de cinquenta.’ Os discípulos assim fizeram, e todos se sentaram” (Lc 9, 14-15).

Esplêndida prefigura da Eucaristia

Jesus quis que as pessoas se sentassem em grupos, a fim de “evitar febricitação ou correria, e para que a distribuição fosse feita com calma e até de modo cerimonioso”. […]

“E dos pedaços que sobraram, recolheram ainda doze cestos cheios” (Mt 14, 20). Também esse versículo “deixa transparecer em Nosso Senhor o apreço pela ordem e até pela limpeza, e o quanto Ele é amante da disciplina, não deixando as sobras pelo chão. […]

“Ao instituir a Eucaristia, mais tarde, [Jesus] também não queria que os fragmentos do Pão consagrado fossem tratados sem veneração, como pretendem certos incrédulos que defendem a Presença Real nas espécies eucarísticas só durante o ato litúrgico.”

A humanidade se divide em duas categorias bem definidas

A multidão estava enlevada com o Divino Mestre e não se preocupava com a alimentação. Mas os discípulos, pelo contrário, percebendo que entardecia, se perguntavam como iriam encontrar alimento para tanta gente.

Esplêndida prefigura da Eucaristia

Eles já haviam visto Jesus operar muitos milagres, mas sua Fé era apoucada. Com esse grandioso milagre o Divino Mestre quis que os discípulos progredissem nessa virtude fundamental.

Afirma Monsenhor João Clá:

“Existe um corte que divide drasticamente os homens em duas categorias bem definidas: os que têm Fé e os que não a têm; os que se orientam conforme o prisma sobrenatural da Fé e aqueles que pautam sua existência em função do concreto, do material, do palpável e sensível. Estes constituem uma grande fatia da humanidade, talvez avassaladoramente maior do que a dos homens de Fé, os quais, por sua vez, sabem encontrar o dedo de Deus em tudo, inclusive na dor, mas sobretudo quando Ele resolve as situações de modo maravilhoso.”

Cristo assume e diviniza a pessoa que recebe a Eucaristia

Ao realizar esse milagre, “Jesus tinha em vista não só alimentar os corpos, mas, sobretudo, preparar as almas para aceitarem a Eucaristia.

“Multiplicando pães e peixes, manifestou seu poder sobre a matéria. Caminhando sobre as águas, poucas horas depois, tornou patente o domínio sobre seu próprio Corpo (cf. Mt 14, 22-27). Desta maneira, ia o Divino Mestre predispondo os Apóstolos a crerem, mais tarde, na Eucaristia, pois quem é capaz de operar tais prodígios pode perfeitamente instituir um Sacramento no qual a substância do pão cede lugar à do seu sagrado Corpo.

“Este milagre é, pois, uma esplêndida prefigura da Eucaristia. Temos hoje o Santíssimo Sacramento à nossa disposição nas Missas diariamente celebradas pelo mundo inteiro: é a multiplicação dos Pães Consagrados, o Pão da Vida, até o fim dos séculos. […]
“Quando se trata do alimento comum, o organismo extrai dele as substâncias adequadas para o seu sustento e as assimila.

“Na Eucaristia, ao contrário, é Cristo quem assume e diviniza a pessoa que O recebe. Por isso Ele afirmou de modo categórico: ‘Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a Carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu Sangue, não tereis a vida em vós mesmos. Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue tem a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia’ (Jo 6, 53-54).”

Duas multiplicações de pães

Alguns meses depois, Nosso Senhor fez outra milagrosa multiplicação de pães para 4.000 homens, que “comeram e ficaram saciados, e ainda recolheram sete cestos com os pedaços que sobraram” (Mc 8, 8). Na primeira, havia 5.000 homens e foram recolhidos doze cestos com os pedaços.

O próprio Redentor fala a respeito das duas multiplicações de pães (cf. Mt 16, 9-10 e Mc 8, 19).

Esplêndida prefigura da Eucaristia

Assim como Nosso Senhor expulsou por duas vezes os vendilhões do Templo, Ele fez duas multiplicações de pães. Quis Ele manifestar, no primeiro caso, sua cólera e, no segundo, sua misericórdia. Cólera e misericórdia são virtudes opostas, mas que se harmonizam belamente.

Peçamos a Nossa Senhora que nos conceda uma Fé inabalável, convictos de que, quando comungamos, somos assumidos por Nosso Senhor.

Por Paulo Francisco Martos

[1] CLÁ DIAS, João Scognamiglio. EP. O inédito sobre os Evangelhos. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana; São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2014, v. IV, p. 263.

[2] Idem, ibidem. 2012, v. V, p. 421- 423.

[3] Idem, ibidem, 2013. v. II, p. 251-252.

[4] Idem, ibidem, p. 256-257.

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