Santa Inês, Virgem e Mártir
Santa Inês sofreu o martírio em Roma na segunda metade do século IV, e é a padroeira da castidade. O Papa São Damaso adornou seu sepulcro com versos.
Redação (21/01/2022 09:00, Gaudium Press) A Igreja Católica celebra no dia de hoje, 21 de janeiro, a memória de Santa Inês, que foi martirizada aos doze anos. A história narra que um dia, quando voltava da escola, o filho do prefeito de Roma se apaixonou por ela.
Após informar-se acerca dos pais da jovem, ofereceu-lhe vestidos mais esplêndidos, valiosas pedrarias, e prometeu-lhe outras coisas, riqueza, casas, todas as delícias do mundo, no caso dela consentir em desposá-lo. Inês repeliu com desprezo os presentes, e disse ao jovem que estava noiva de um varão muito mais nobre que ele, o qual já lhe dera presentes muito mais inestimáveis.
O filho do prefeito, desesperado, caiu doente. Os médicos descobriram-lhe a causa do mal e advertiram o pai, o prefeito Sinfrônio, que mandou renovar à virgem as ofertas e os pedidos. Respondeu-lhe Inês que nunca faltaria ao compromisso com o noivo. Achou o prefeito bastante estranho que houvesse outro preferido e tratou de indagar quem seria.
Santa Inês é levada ao tribunal de Roma
Um dos seus parasitas disse-lhe, então, que a jovem era cristã desde a infância, e que, enfeitiçada por artes mágicas, chamava a Cristo seu esposo. Radiante com o descobrimento, mandou o prefeito a conduzissem, com aparato, ao seu tribunal. Inês foi igualmente insensível às lisonjas e às ameaças. Chamou o prefeito os pais da jovem, e não podendo maltratá-los, por serem nobres, apresentou a acusação do cristianismo.
No dia seguinte, após novos e inúteis esforços para a persuadir, disse-lhe: “É a superstição dos cristãos, de quem te gabas de conhecer as artes mágicas, que te impede de seguir bons conselhos. É preciso, portanto, que vás imediatamente para a deusa Vesta, a fim de que, se te apraz a virgindade perpétua, cuides noite e dia dos seus augustos sacrifícios”.
A Santa respondeu: “Se, por amor a Cristo, recusei vosso filho o qual, embora torturado por um amor sem regra, não deixa de ser homem vivo, capaz de raciocinar e de sentir, como poderei, ultrajando o Deus supremo, adorar ídolos mudos, surdos, insensíveis, inanimados, pedras inúteis numa palavra”. O prefeito retrucou: “Escolhe de duas uma: ou sacrificarás à deusa Vesta com as suas virgens, ou te prostituirás, num péssimo lugar, com as filhas de má vida”.
Santa Inês preservada da impureza da carne
Foi então que Inês lhe disse com segurança: “Se soubésseis qual é o meu Deus, não falaríeis dessa maneira. Eu, que sei qual a força de meu Senhor Jesus Cristo, desprezo as vossas ameaças, certa de que me não poluirão as impurezas alheias, como não sacrificarei aos vossos ídolos; tenho comigo, como guarda do meu corpo, o anjo do Senhor”. Com efeito, tendo sido levada a um antro de prostituição, lá se lhe deparou a anjo do Senhor, que a circundou de uma luz tão esplendorosa que ninguém a podia ver.
Tendo começado a orar, percebeu na sua frente uma túnica branca com a qual se cobriu, abençoando a Deus. O lugar de infâmia tornou-se, assim, lugar de prece e piedade. Quem quer que lá entrasse, sentia-se tocado por um aspecto religioso à vista daquela luz inesperada, e saía mais puro do que quando entrava.
O filho do prefeito, chamando a todos de covardes, atirou-se ao meio da luz, mas caiu sem vida. Um dos seus companheiros, ao vê-lo morto, se pôs a gritar: “Socorro! Uma prostituta, por artes mágicas, matou o filho do prefeito!”. O povo atirou-se ao recinto, gritando: “É uma feiticeira! É inocente! É um sacrilégio!”. O prefeito, sabendo da morte do filho, acorreu precipitadamente, aflito, dizendo à santa que era a mais cruel dentre todas as mulheres, e perguntando-lhe de que modo havia matado o filho. Respondeu ela que o rapaz fora sufocado pelo impuro demônio cujos desígnios tratava de levar a efeito.
Santa Inês ressuscita o filho do prefeito de Roma
Era manifesta a prova, pois os que haviam respeitado a luminosa presença do anjo, tinham saído são e salvos. O prefeito respondeu-lhe que acreditaria nas suas palavras, se ela rogasse ao anjo devolver-lhe o filho. “Se bem que o não mereça a vossa Fé, retrucou a jovem, sendo tempo de manifestar-se o poder de meu Senhor Jesus Cristo, saí todos, para que eu lhe ofereça a prece habitual”. Saíram todos, e ela se prosternou, e rogou ao Senhor, com lágrimas, que ressuscitasse o jovem. O anjo, aparecendo, devolveu-lhe a vida. O jovem começou a bradar: “Só há um Deus no céu e na terra, e é o Deus dos cristãos”.
Àquelas palavras, todos os arúspices e pontífices dos templos estremeceram, e instigaram o povo à sedição. Todos gritam: “Abaixo a feiticeira, que muda opiniões e transtorna!”. O prefeito diante de tão grandes maravilhas, ficou estupefato. Mas temia a proscrição, no caso de agir contra os pontífices e defender Inês contra a sua própria sentença. Assim, tristemente, deixando no seu lugar o substituto, afastou-se.
O martírio de Santa Inês
O substituto, chamado Aspásio, mandando que se acendesse uma grande fogueira, a ela atirou a santa. Mas as chamas, afastando-se para um lado e outro, queimaram vários dos espectadores. Inês, de braços estendidos, abençoava a Deus pelas suas maravilhas, quando o fogo se apagou de súbito. Os pagãos bradavam mais ainda contra a feitiçaria. O substituto, não encontrando outro meio para apaziguar os ânimos enfurecidos, deixou que a santa morresse pelo gládio. (EPC)
(Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume II, p. 73 à 77)
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