Leão de Judá
Redação – (Quarta-feira, 04-02-2015, Gaudium Press) – Nas últimas palavras dirigidas a seus doze filhos, pouco antes de morrer, o patriarca Jacó profetizou a vinda do Messias, que seria o Leão da tribo de Judá.
“Eu sou José, vosso irmão”
Estando diante de seus onze irmãos, José mandou que todos os egípcios presentes na sala se retirassem; e, prorrompendo em soluços tão altos que eram ouvidos pelo lado de fora, disse: “Eu sou José, vosso irmão, que vendestes para o Egito […] Deus me enviou à vossa frente para assegurar-vos a sobrevivência no país e preservar-vos as vidas para uma libertação grandiosa” (Gn 45, 4.7).
Em seguida, o varão de Deus mandou que seus irmãos voltassem depressa à terra de Canaã e trouxessem seu pai e todos os seus familiares; ele sustentaria a todos, pois ainda restavam cinco anos de fome. E, comovido, abraçou os irmãos, derramando lágrimas.
Logo correu a notícia de que haviam chegado os irmãos de José, e o faraó, cheio de satisfação, disse ao santo varão que daria a seu pai e todos os seus parentes as terras mais férteis do Egito.
José forneceu aos irmãos carros, grande quantidade de trigo e outros víveres, provisões para a viagem e roupas. E instou que trouxessem o pai.
Quando chegaram à Canaã, contaram a Jacó tudo o que havia acontecido, e ele decidiu ir para o Egito.
Jacó abençoa o faraó
Nos carros enviados pelo faraó, Jacó colocou todos seus familiares; e partiu levando também seus rebanhos e outros bens que possuíam.
Chegando a Bersabeia, ofereceu sacrifícios a Deus. E o Altíssimo falou a Jacó: “Não tenhas medo de descer ao Egito, pois lá farei de ti uma grande nação. Eu mesmo descerei contigo ao Egito e de lá te farei subir, e é José que te fechará os olhos” (Gn 46, 3-4).
Ao saber que seu pai estava chegando, José foi ao seu encontro e, assim que o viu, abraçou-o e chorou. Depois o conduziu até o faraó, que recebeu a bênção de Jacó.
José instalou o pai e os irmãos, dando-lhes uma propriedade rural na melhor parte do Egito; e forneceu-lhes víveres. Jacó tinha 130 anos de idade, quando chegou a esse país. Incluindo José, sua esposa e dois filhos, “a casa toda de Jacó, que emigrou para o Egito, constava de setenta pessoas” (Gn 46, 27).
Considerando que a fome se agravava, José tomou uma série de providências relativas às propriedades dos egípcios para evitar que o país soçobrasse. Em tudo isso, “ele se conduziu como um homem de Estado muito hábil. Suas medidas foram vantajosas para o conjunto do povo, tornando-o feliz, em tempos difíceis, e para o poder, contribuindo para consolidá-lo para o bem do país”.
Bênção profética de Jacó
Tendo o patriarca Jacó chegado à idade de 147 anos, percebeu que iria morrer e chamou todos os seus doze filhos para lhes anunciar o que sucederia no futuro.
A profecia de Jacó, transcrita no primeiro Livro da Sagrada Escritura (Gn 49, 1-28), é “uma das passagens mais solenes, mais belas e as das mais importantes do Gênesis. Os sentimentos e os pensamentos atingem alturas sublimes, as imagens são de uma grande riqueza, o estilo é admiravelmente poético. Sobretudo, o dogma do Messias dá um grande passo adiante”.
A respeito das palavras de Jacó, cingimo-nos àquelas relativas a Judá, que é chamado “filhote de leão”, e cuja mão pesará sobre a nuca de seus inimigos: “O cetro não será tirado de Judá nem o bastão de comando de entre seus pés, até que venha aquele a quem pertencem e a quem obedecerão os povos” (Gn 49, 10).
Nosso Senhor Jesus Cristo, descende de Judá (cf. Mt 1, 3), é chamado de Leão de Judá (cf. Ap 5, 5). O cetro significa a soberania, o poder. A respeito dessa parte da profecia, afirma São João Bosco: “Isto significa que o poder soberano permaneceria na tribo de Judá até a vinda do Messias. E assim foi. Este domínio começou com Davi, precisamente da estirpe de Judá, e se extinguiu no a no 31 a.C., quando Herodes, o Grande, que era estrangeiro de nascimento, começou a governar os hebreus.”
Morte de Jacó e de José
Após profetizar o futuro de cada um dos filhos, o patriarca Jacó declarou que iria morrer, e pediu que fosse sepultado no túmulo onde estavam os restos mortais de Abraão e Isaac, na terra de Canaã. E logo depois expirou.
José chorou copiosamente a morte de seu pai, e ordenou que seu corpo fosse embalsamado. Os egípcios guardaram luto de 70 dias, terminados os quais José, acompanhado de todos os seus familiares, com exceção das crianças, e personalidades egípcias, conduziu o cadáver até gruta de Macpela, onde o sepultou. “Subiram também com ele carros e cavaleiros, de modo que o cortejo era muito imponente” (Gn 50, 9). Depois de sepultar o pai, José com todos que o acompanharam voltaram ao Egito.
Tendo Jacó falecido, os irmãos de José temeram que este se lembrasse do crime que fizeram contra ele, e os castigaria. E pediram-lhe perdão. José, que era justo e misericordioso, os perdoou e “os confortou, falando com doçura e mansidão” ( Gn 50, 21).
O varão de Deus ficou residindo no Egito com seus familiares, que se multiplicavam. E, atingindo a idade de 110 anos, percebendo que a morte se aproximava, ordenou a seus irmãos: “Quando Deus vos visitar, levai daqui meus ossos convosco” (Gn 50, 25); e logo depois expirou santamente.
Peçamos a Nossa Senhora que nos conceda grande admiração por José e a graça de praticar as virtudes que embelezaram sua alma, sobretudo a fé, a pureza, a retidão.
Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História Sagrada” – 18)
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FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 6. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, v. 1, p. 177.
2. Idem, ibidem, p. 180
3. História Sagrada. 10 ed. São Paulo: Salesiana, 1949, p.58.
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