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Fim trágico de Saul

Redação – (Terça-feira, 29/12/2015, Gaudium Press) – Os filisteus derrotam os israelitas. O ímpio Saul e seus três filhos, entre os quais o valoroso Jônatas, morrem em combate.

Davi, não acreditando nas lágrimas de arrependimento de Saul, permaneceu escondido no deserto de Zif.

Davi apanha a lança de Saul

De fato, o péssimo Saul, acompanhado de 3.000 homens de elite de
Israel, foi procurar o justo Davi para matá-lo.
Ao saber que seu perseguidor já se encontrava no deserto, Davi,
juntamente com Abisaí – seu sobrinho, mais velho do que ele1 -, dirigiu-se até o acampamento onde Saul e os seus soldados dormiam profundamente.

De mansinho, os dois se aproximaram de Saul, e Abisaí quis eliminá-lo,
mas Davi o impediu. Ambos pegaram a lança e a bilha de água que estavam junto a Saul, e foram embora. “Ninguém despertou, pois todos dormiam um profundo sono, que o Senhor lhes tinha enviado” (I Sm 26, 12).

O heroico Davi subiu a um monte, de onde gritou censurando fortemente
Abner, o chefe do exército, por não ter vigiado o seu senhor; e mostrou a todos seus perseguidores a lança de Saul, que ele havia pegado.
Saul reconheceu a voz de Davi e declarou que havia pecado. Mas Davi não acreditou no arrependimento de Saul, e continuou seu caminho.

Refugia-se entre os filisteus

Davi resolveu buscar refúgio entre os filisteus, que eram idólatras, pois via que era a única forma de livrar-se do ímpio Saul. Então o varão de Deus e
seus 600 soldados, bem como suas famílias, foram residir com Aquis, rei de Gat, na cidade de Siceleg.

E “Davi permaneceu no território dos filisteus um ano e quatro meses” (I Sm 27, 7). “Esse período foi de certo modo o início da realeza de Davi. Ele
governava a cidade e suas redondezas, se exercitava na guerra, aumentava seu exército, enviava presentes etc., tudo à maneira de um rei.” 2

Durante esse tempo, Davi devastava os povos pagãos que viviam nas circunvizinhanças; e gozava da total confiança de Aquis.

Certo dia, os filisteus decidiram atacar os hebreus.

Mesmo morto, o profeta Samuel increpa Saul

Saul havia banido de Israel “toda magia e evocação de espíritos” (I Sm 28, 3). Mas, homem vazio de seriedade e cheio de contradições, ele mesmo,
trajando-se de modo a disfarçar-se, foi durante a noite até a casa de uma
mulher “evocadora de espíritos”, e pediu que ela evocasse Samuel.

E “enquanto a feiticeira preparava as costumadas artimanhas para iludir
o rei, Deus, não por virtude dela, mas por seu imperscrutável decreto, fez ouvir a voz do profeta” 3, que lançou increpações contra Saul, dizendo que ele perdera a realeza, a qual passara a Davi, pois não obedecera à voz do Senhor nem fizera que os amalecitas sentissem o furor da ira de Deus (cf. I Sm 28, 18). Acrescentou que Israel seria derrotado pelos filisteus, e Saul bem como seus filhos morreriam.

Ouvindo tais palavras, Saul ficou apavorado e caiu por terra. Depois se refez um tanto e voltou para sua casa.
A Doutrina Católica condena a evocação dos mortos 4. Mas nesse caso, comenta o grande exegeta Fillion, “foi obra do próprio Deus, que enviou o
profeta para terminar a predição terrível que ele outrora havia iniciado contra Saul” 5, consignada em I Sm 15, 23-33.

Davi afasta-se dos filisteus…

Entrementes, os filisteus resolveram atacar Israel. Na disposição das tropas, Davi e seus homens, em número de 600, ficaram na retaguarda,
juntamente com o rei Aquis.

Mas os chefes dos filisteus disseram a seu rei que Davi poderia tornar-se adversário deles quando a batalha começasse. Então, Aquis chamou Davi,
fez-lhe os maiores elogios, dizendo-lhe inclusive: “Tu és valioso a meus olhos como um Anjo de Deus” (I Sm 29, 9); porém, acrescentou que, devido às insistências dos príncipes filisteus, Davi deveria se retirar com seus soldados.

Foi providencial essa resolução dos chefes filisteus, pois Davi jamais lutaria
contra seus irmãos hebreus. Se isto não tivesse acontecido, ele encontraria outro expediente para livrar-se do combate. 6

Davi e seus soldados voltaram e depois de três dias chegaram a
Siceleg, a qual tinha sido incendiada pelos amalecitas, que levaram cativos
todos os habitantes, inclusive Aquinoam e Abigail, mulheres de Davi.

… e investe contra os amalecitas
Isso causou profunda consternação a Davi e seus homens. O valente guerreiro recorreu a Deus que lhe recomendou perseguir os amalecitas. E, com seus 600 soldados, ele partiu. Mas, na longa caminhada, 200 deles ficaram exaustos e não puderam continuar.

Então, com apenas 400 homens, Davi precipitou-se sobre os amalecitas
que estavam comendo e bebendo, e os derrotou. Libertou todos os cativos e recuperou tudo aquilo que os amalecitas haviam roubado, além de outros despojos. Regressando a Siceleg, Davi enviou parte do espólio aos anciãos de Judá, seus amigos, dizendo: “Recebei como homenagem a vós uma parte do espólio dos inimigos do Senhor” (I Sm 30, 26).

Entretanto, os filisteus atacaram Israel e mataram Jônatas e outros dois
filhos de Saul. Ferido gravemente pelas flechas inimigas, Saul ordenou a seu escudeiro que o matasse a espada. Mas o escudeiro recusou-se. Então Saul tomou a espada e lançou-se sobre ela; e em seguida o escudeiro também se suicidou.

Muitos soldados israelitas fugiram. Os filisteus cortaram a cabeça de Saul e colocaram o cadáver dele, bem como de seus três filhos, suspensos na
muralha de Betsã.

Que Maria Santíssima nos obtenha a graça de compreendermos as lições extraídas da História Sagrada – e também da História Universal -, para
a formação de nossas almas.

Por Paulo Francisco Martos
(in Noções de História Sagrada (55))

………………………………………….

1 – Cf. FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et aîné. 1923, v.II , p. 318.

2 – FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et aîné. 1923, v.II, p. 321.

3 – SÃO JOÃO BOSCO. História Sagrada. 10 ed. São Paulo: Salesiana, 1949, p.108.

4 – Cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 2116.

5 – FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et aîné. 1923, v.II, p. 324.

6 – Cf. Idem ibidem, p. 327

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