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Antes de tecnologizar o homem, humanizar a técnica, diz Papa na Academia para a Vida

Cidade do Vaticano (Terça-feira, 26-02-2019, Gaudium Press) Os participantes da assembleia plenária da Pontifícia Academia para a Vida, que está celebrando vinte e cinco anos de fundação, foram recebidos em audiência pelo Papa Francisco, na segunda-feira (25/02), na Sala Clementina, no Vaticano.

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“Tecnologias emergentes e convergentes”

O Papa recordou aos presentes que, por ocasião da celebração do aniversário da Academia, enviou ao presidente do organismo vaticano, dom Vincenzo Paglia, no mês passado, a Carta Humana communitas que recorda explicitamente o tema das “tecnologias emergentes e convergentes”:

“O que me motivou a escrever essa mensagem foi o desejo de agradecer todos os presidentes que assumiram a liderança da Academia e todos os membros pelo serviço competente e pelo compromisso generoso de tutelar e promover a vida humana nesses vinte e cinco anos de atividades. “

Unidade da família humana e seu futuro

“Conhecemos as dificuldades em que o nosso mundo se debate. O tecido das relações familiares e sociais parece se desgastar cada vez mais e se difunde a tendência do fechar-se em si mesmo e nos próprios interesses individuais, com graves consequências sobre a ‘grande e decisiva questão da unidade da família humana e seu futuro'”, disse Francisco, citando um trecho da Carta Humana communitas, para, depois, destacar um paradoxo:

“Justamente quando a humanidade possui capacidades científicas e técnicas para alcançar um bem-estar equitativamente difundido, observamos uma intensificação de conflitos e um aumento das desigualdades”, disse Francisco , acrescentando:

“O desenvolvimento tecnológico nos permitiu resolver problemas até poucos anos insuperáveis. O “poder fazer” pode obscurecer quem faz e para quem se faz. O sistema tecnocrático baseado no critério da eficiência não responde às questões mais profundas que o homem se faz. Se de um lado não é possível dispensar seus recursos, de outro ele impõe a sua lógica a quem o utiliza. “

“A evolução atual da capacidade técnica produz um encanto perigoso: em vez de entregar à vida humana os instrumentos que melhoram a sua cura, corre-se o risco de entregar a vida à lógica de mecanismos que decidem seu valor. Essa inversão está destinada a produzir resultados nefastos: a máquina não se limita a dirigir-se sozinha, mas acaba guiando o homem. A razão humana é assim reduzida a uma racionalidade alienada dos efeitos, que não pode ser considerada digna do homem.”

Técnica, bioética, robótica

O Papa enfatizou “os sérios danos causados ao planeta, nossa casa comum, pelo uso indiscriminado de meios técnicos”, destacando que “a bioética global é uma frente importante na qual trabalhar”.

“Ela expressa a consciência da profunda incidência dos fatores ambientais e sociais sobre a saúde e a vida”, sublinhou.

E, logo acrescentou: “A inteligência artificial, robótica e outras inovações tecnológicas devem ser usadas a fim de contribuir para o serviço da humanidade e para a proteção de nossa Casa comum, e não para o exato oposto, como infelizmente, preveem algumas estimativas. A dignidade inerente de todo ser humano deve estar firmemente colocada no centro de nossa reflexão e ação.”

Um grande risco

O Pontífice destacou e enfatizou que “é real o risco de o homem ser tecnologizado, em vez de a técnica ser humanizada”.
“São atribuídas às “máquinas inteligentes” capacidades que são propriamente humanas”. “Nosso compromisso, intelectual e especialista, será um ponto de honra para nossa participação na aliança ética em favor da vida humana”.

Francisco concluiu, incentivando a todos a “prosseguir no estudo e na pesquisa a fim de que a obra de promoção e defesa da vida seja cada vez mais eficaz e fecunda”.

Não entregar a vida à lógica de mecanismos que decidem seu valor”é real o risco de o homem ser tecnologizado, em vez de a técnica ser humanizada”. (JSG)

 

 

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