Amor, Alegria, Sobriedade: três palavras para a santidade de todos os dias
Cidade do Vaticano (Quinta-feira, 07-03-2019, Gaudium Press) Foi lançado na Quarta-feira de Cinzas um livro editado pela Livraria Editora Vaticana, (LEV):
“Tome um pouco de vinho com moderação. A sobriedade cristã” de autoria de Lucio Coco.
O Livro
Este livro contém uma breve homilia de São João Crisóstomo, Padre da Igreja do século IV, que ganhou fama como orador. Seus restos mortais repousam na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Ele cita comentários sobre uma breve passagem da Primeira Carta de São Paulo a Timóteo, onde o Apóstolo o convidava a beber “um pouco de vinho, por causa do estômago e das […] fraquezas frequentes” (1 Tim 5,23).
Assim, São João Crisóstomo tem a oportunidade de ensinar aos fiéis que a criação é boa mas é preciso saber aproveitá-la, para descobrir que foi feita para nós, para o nosso bem, como um presente precioso, para que nos descubramos amados e possamos nos alegrar juntos.
O prefácio do livro é do Papa Francisco.
Em seus escritos o Pontífice indica algumas dimensões fundamentais da vida do cristão. Dos escritos do Papa transcrevemos exertos:
Amor para a santidade da vida cotidiana
Para o Papa, a vida cristã consiste em se descobrir amados por Deus Pai de maneira incondicional e gratuita.
Esta é a boa nova do Evangelho que Jesus nos proclamou e testemunhou “até o fim” (Jo 13: 1), mas que se tornou uma realidade para cada um de nós no dia de Pentecostes (cfr. Atos 2: 1,13) – e no pentecostes pessoal de cada um de nós que é o Batismo – quando o Espírito Santo, o Amor Infinito do Pai por Seu Filho, foi derramado em nossos corações.
Somos verdadeiramente amados como o Filho Jesus, verdadeiros filhos do Pai, autênticos irmãos e irmãs uns para os outros.
Segundo Francisco, acolher esse dom gratuito transforma a vida e, acima de tudo, transforma nosso olhar sobre a vida, sobre nós mesmos, sobre os outros, sobre o presente, sobre o passado, e sobretudo, sobre o tempo que nos espera: o amor grande com o qual somos amados (ver Ef 2, 4) se manifesta como aquela luz quente e forte que cobre a vida, a realidade e os relacionamentos.
Como em um dia ensolarado a natureza e até mesmo nossas cidades, se tornam mais belas. Assim a fé e a acolhida do amor do Senhor revelam como cada detalhe de nossa existência é precioso, único, irrepetível, apesar dos problemas, dificuldades e nossas inconsistências.
Alegria na Santidade da Vida Cotidiana
A alegria, que é certamente diferente da euforia, é o sentimento de um coração banhado pelo amor – mesmo no meio das provações da vida – e é uma das características autênticas da verdadeira santidade, também da pessoa “que vive ao nosso lado”.
É uma alegria autêntica, simples, que permite desfrutar a oportunidade de bem que a vida nos oferece, que se manifesta, entre outras coisas, em uma boa refeição compartilhada, em um olhar de compreensão e apoio, e – por que não? – em um brinde de aniversário ou em uma conquista de um amigo…
Refiro-me à alegria que se vive em comunhão, a alegria que se compartilha e se participa, porque “se é mais feliz no dar do que no receber” (Atos 20,35).
O amor fraterno multiplica a nossa capacidade de alegria, pois nos permite desfrutar do bem dos outros.
Às vezes, porém, até mesmo nós, os cristãos, demostramos não saber ainda alegrar-se verdadeiramente pelas coisas da vida ou porque corremos atrás dos prazeres ocasionais e fugazes, ou vice-versa, porque, encontrando-nos vítimas de um certo rigor, somos tentados a não mudar, deixar as coisas como elas estão, a escolher o imobilismo, impedindo assim a ação do Espírito, que traz consigo a novidade da alegria.
A alegria, portanto, é um fruto do discernimento no Espírito Santo, que consiste precisamente na constante arte de preferir o nós ao eu., as pessoas às coisas, apesar dos inumeráveis enganos que o mal e o egoísmo nos tendem.
Sobriedade na Santidade da Vida Cotidiana
O Pontífice continua. Desta vez ele afirma que, de fato, essa alegria – que é uma verdadeira graça -, deve ser conservada e protegida, assim como é o caso da fé, das amizades, dos relacionamentos: enfim, como todas as coisas importantes da vida. É uma sábia atitude espontânea que todos temos: quando há algo de valor, afetivo ou econômico, temos um cuidado especial e é correto que seja assim.
A alegria do amor de Deus derramado no coração pelo Espírito Santo se conserva através da sobriedade, que é a capacidade de subjugar o desejo de prazer e satisfação pessoal à medida do que é correto e dos relacionamentos interpessoais.
Na verdade, ninguém se salva sozinho, como um indivíduo isolado, mas Deus nos atrai levando em conta a rede complexa de relações interpessoais que se estabelecem na comunidade humana.
Duas atitudes para viver bem a Quaresma
A sobriedade, então, e a alegria são duas atitudes -continua Francisco- que eu acredito podem nos ajudar a viver a Quaresma em vista da Páscoa, que é precisamente a celebração da nossa ressurreição com Cristo, nossa vida nova, celebrada uma vez por todas no Batismo, e renovada especialmente em cada Vigília Pascal.
O que é a vida de Cristo em nós se não uma vitória do amor sobre os nossos medos e preocupações por nós mesmos, o que nos permite, por sua vez ser um presente, simples e cotidiano, nas pequenas coisas, para o Senhor e para os irmãos?
“A comunidade que preserva os pequenos detalhes de amor, onde os membros cuidam uns dos outros e formam um espaço aberto e evangelizador, é o lugar da presença do Ressuscitado que vai santificando de acordo com o projeto do Pai”. (JSG)
(Da Redação Gaudium Press, com informações Vatican News)
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