Alterações na estrutura do Colégio Cardinalício
Cidade do Vaticano (Quinta-feira, 28-06-2018, Gaudium Press) Com o Consistório 2018 são introduzidas modificações na estrutura do Colégio Cardinalício: novos cardeais serão criados e introduzidos na “ordem dos bispos”, a mais elevada das três ordens eclesiásticas existentes.
A Sala de imprensa da Santa Sé divulgou o pensamento do Pontífice que defende a necessidade de “alargar a atual composição da ordem dos bispos”.
A ideia de Francisco é de que “nas últimas décadas, registou-se um significativo aumento do Colégio Cardinalício, mas no seu interior – enquanto os membros pertencentes às ordens dos presbíteros e dos diáconos aumentaram consideravelmente – o número dos que fazem parte da ordem dos bispos permaneceu constante e invariável no tempo”.
Ordens episcopal, presbiteral, diaconal
Após a sua criação, no consistório, cada cardeal é inserido na respetiva ordem (episcopal, presbiteral ou diaconal), uma tradição que remonta aos tempos das primeiras comunidades cristãs de Roma, em que os cardeais eram bispos das igrejas criadas à volta da cidade, quer dizer, suburbicárias, ou representavam os párocos e os diáconos das igrejas locais.
Francisco historia, lembrando que os pontífices “sempre olharam com olhar de fraterna predileção para o colégio dos padres cardeais”, quer pelo seu “precioso contributo” de serviço nas dioceses de todo o mundo, quer por sua “ligação de comunhão com a Igreja de Roma”.
Novo Ordenamento Canônico
A introdução do novo ordenamento canônico equipara “em tudo” aos cardeais com título de uma Igreja suburbicária os cardeais Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano; Leonardo Sandri, prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais; Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos; Fernando Filoni, prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos.
Na prática, isto significa que os cardeais Parolin, Sandri, Ouellet, e Filoni, poderão ser eleitos como decano do Colégio Cardinalício, um cargo, até agora, reservado exclusivamente para cardeais com o título de uma das Igrejas suburbicárias: Albano, Frascati, Ostia, Palestrina, Porto-Santa Ruffina e Velletri-Segni.
Essa novidade deve entrar em vigor a partir de hoje, 28 de junho, dia do quinto consistório do atual pontificado.
Cardeais: história, instituição, funções,
A história dos cardeais desde sempre quando eles já estavam ligados ao clero de Roma. E isto já vem de longe: o título de cardeal foi reconhecido pela primeira vez durante o pontificado de Silvestre I (314-335).
Cardeal vem do latim: ‘cardo/cardinis’, que significa “eixo”. Inicialmente esse título era atribuído genericamente a pessoas que estivessem a serviço de uma igreja ou diaconia.
Mais tarde, o título foi dado aos responsáveis das igrejas titulares de Roma e das igrejas mais importantes da Itália e do mundo.
Os cardeais nascem do grupo de 25 presbíteros das comunidades eclesiais primitivas em Roma, nomeados pelo Papa Cleto (séc. I), e dos 7 que mais tarde tornaram-se 14 diáconos que cuidavam dos pobres nas várias regiões da cidade.
Eles vieram também dos 6 diáconos palatinos que eram responsáveis pela administração dos seis departamentos do palácio de Latrão, em Roma e dos 7 bispos suburbicários. E todos eles eram conselheiros e colaboradores do Papa.
Camerlengo, Decano, Eleitores, Príncipes de Sangue
Segundo as notas históricas publicadas pelo “Anuário Pontifício”, a partir do ano 1150 foi formado o Colégio Cardinalício sendo, então, instituídas as figuras de Decano e um Camerlengo, com a qualidade e função de administrador dos bens.
Hoje, os cardeais “constituem um colégio peculiar, ao qual compete providenciar à eleição do Romano Pontífice”, como refere o Código de Direito Canônico.
As funções dos membros do Colégio Cardinalício vão para além da eleição do Papa: qualquer cardeal é, acima de tudo, um conselheiro específico que pode ser consultado em determinados assuntos quando o Papa o desejar, pessoal ou colegialmente.
Como conselheiros do Pontífice, os cardeais atuam colegialmente com ele através dos consistórios ordinários ou extraordinários, com a finalidade de fazer uma consulta importante ou tratar de outros assuntos de relevo.
Os cardeais são considerados “príncipes de sangue” e são tratados com o título de “eminência”; segundo os Tratados de Latrão, todos os cardeais que residem em Roma são cidadãos do Estado da Cidade do Vaticano (art. 21). (JSG)
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