‘Jesus dá tudo e pede tudo’, diz Papa, em Missa de Canonização
Cidade do Vaticano (Segunda-feira, 15-10-2018, Gaudium Press) Na manhã do domingo, 14/10, na Praça São Pedro, foram canonizados pelo Papa Francisco sete novos santos da Igreja.
Francisco canonizou: o Papa Paulo VI, Dom Oscar Romero, Francisco Spinelli, Vicente Romano, Maria Catarina Kasper, Nazária Inácia e Núnzio Sulprizio.
Jesus dá Tudo e Pede Tudo
Na Missa em que foram canonizados os sete novos santos, dirigindo-se aos cerca de 70 mil fiéis presentes na Praça São Pedro, em sua homilia, o Papa Francisco quis recordar que todos somos chamados, todos temos uma vocação: somos chamados a viver a “vocação comum à santidade, não às meias medidas, mas à santidade”.
“Jesus é radical. Dá tudo e pede tudo (…). Não Se contenta com uma ‘percentagem de amor’: não podemos amá-Lo a vinte, cinquenta ou sessenta por cento. Ou tudo ou nada”, ressaltou o Pontífice.
Para os peregrinos que lotavam a Praça na Missa de canonização, Francisco recordou que os novos santos, “em diferentes contextos, traduziram na vida a Palavra de hoje: sem tibieza, nem cálculos, com o ardor de arriscar e deixar tudo. Que o Senhor nos ajude a imitar os seus exemplos”, convidou O Papa.
A cerimônia Litúrgica de Canonização
Depois de ser cantado o Veni Creator, logo no início da celebração o prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cardeal Angelo Becciu, acompanhado pelos postuladores, dirigiu-se ao Santo Padre pedindo que se procedesse a canonização dos sete Beatos.
Após a leitura da biografia de cada um deles, foi cantada a Ladainha de todos os Santos e ao final dessa leitura, procedeu-se a leitura da fórmula da canonização pelo Papa.
Assim os sete beatos foram inseridos no álbum dos Santos, a partir de então poderão eles ser venerados por toda a Igreja.
A este ato seguiu-se o canto do Jubilate.
Relíquias
As relíquias de cada Santo apresentadas na cerimônia foram:
de Paulo VI, a camiseta com manchas de sangue das feridas provocadas pelo atentado ocorrido em Manilla, nas Filipinas;
de Dom Óscar Arnulfo Romero, parte de um osso;
de Francisco Spinelli, osso do pé;
de Vicente Romano, uma vértebra;
de Núnzio Sulprizio, o fragmento do osso do dedo da mão;
de Maria Catarina Kasper, osso da espinha dorsal e
de Nazária Inácia de Santa Teresa de Jesus, mecha de cabelos.
Da Observância da Lei ao Dom de si mesmo
O Evangelho de Marcos, ofereceu ao Pontífice a inspiração para falar sua homilia. Ele comentou a radicalidade exigida para se seguir sinceramente o de Jesus.
A pergunta feita pelo moço rico deu a Francisco a oportunidade para desenvolver seu sermão:
“O que devo fazer para ter em herança a vida eterna?”, perguntou o moço e o Papa comentou que ela poderia ser uma pergunta a ser feita por todos nós.
Jesus fixou o olhar no homem e amou-o, mudando-lhe a perspectiva quando “pede-lhe para passar da observância das leis ao dom de si mesmo, do trabalhar para si ao estar com Ele. E faz-lhe uma proposta de vida: ‘Vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres (…), vem e segue-Me'”.
A mesma proposta Jesus faz a cada um de nós, disse Francisco, observando: O”não basta não fazer nada de mal”, ou segui-lo apenas quando nos apetece, ou ainda “ficar contentes com observar preceitos, dar esmolas e recitar algumas orações”, mas devemos encontrar n’Ele o Deus que sempre nos ama, o sentido da nossa vida, a força para nos entregarmos.
O que torna pesado o coração
Jesus pede, também a cada um de nós, “para deixar aquilo que torna pesado o coração, esvaziar-se de bens para dar lugar a Ele, único bem”:
“Não se pode seguir verdadeiramente a Jesus, quando se está estivado de coisas. Pois, se o coração estiver repleto de bens, não haverá espaço para o Senhor, que Se tornará uma coisa mais entre as outras. Por isso, a riqueza é perigosa e – di-lo Jesus – torna difícil até mesmo salvar-se. Não, porque Deus seja severo; não! O problema está do nosso lado: o muito que temos e o muito que ambicionamos sufocam-nos o coração e tornam-nos incapazes de amar (…). Quando se coloca no centro o dinheiro, vemos que não há lugar para Deus; e não há lugar sequer para o homem”.
Tudo para Jesus
“Jesus é radical dá tudo e pede tudo: dá um amor total e pede um coração indiviso”, afirma o Papa que pergunta:
“Também hoje Se nos dá como Pão vivo; poderemos nós, em troca, dar-Lhe as migalhas? A Ele, que Se fez nosso servo até ao ponto de Se deixar crucificar por nós, não Lhe podemos responder apenas com a observância de alguns preceitos. A Ele, que nos oferece a vida eterna, não podemos dar qualquer bocado de tempo. Jesus não Se contenta com uma «percentagem de amor»: não podemos amá-Lo a vinte, cinquenta ou sessenta por cento. Ou tudo ou nada”.
Continuou o Pontífice:
“O nosso coração é como um íman: deixa-se atrair pelo amor, mas só se pode apegar a um lado e tem de escolher: amar a Deus ou as riquezas do mundo; viver para amar ou viver para si mesmo”:
“Perguntemo-nos de que lado estamos nós… Perguntemo-nos a que ponto nos encontramos na nossa história de amor com Deus…
Contentamo-nos com alguns preceitos ou seguimos Jesus como enamorados, prontos verdadeiramente a deixar tudo por Ele? Jesus pergunta a cada um e a todos nós como Igreja em caminho: somos uma Igreja que se limita a pregar bons preceitos ou uma Igreja-esposa, que pelo seu Senhor se lança no amor?
Seguimo-Lo verdadeiramente ou voltamos aos passos do mundo, como aquele homem? Em suma, basta-nos Jesus ou procuramos as seguranças do mundo?”
Peçamos a graça de saber deixar por amor do Senhor “as riquezas, os sonhos de funções e poderes, as estruturas já inadequadas para o anúncio do Evangelho, os pesos que travam a missão, os laços que nos ligam ao mundo”, recomendou Francisco.
Disse ainda o Papa: Aquele moço “retirou-se pesaroso”. “Embora tivesse encontrado Jesus e recebido o seu olhar amoroso, foi-se embora triste.
A tristeza é a prova do amor inacabado. É o sinal dum coração tíbio.
Pelo contrário, um coração aliviado dos bens, que ama livremente o Senhor, espalha sempre a alegria, aquela alegria de que hoje temos tanta necessidade”.
Convite para se ter a Alegria de Volta
“Hoje Jesus convida-nos a voltar às fontes da alegria, que são o encontro com Ele, a opção corajosa de arriscar para O seguir, o gosto de deixar tudo para abraçar o seu caminho.Os Santos percorreram este caminho”, encerrou o Papa Francisco. (JSG)
(Da Redação Gaudium Press, com informações Vatican News)
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