Confiar na misericórdia de Deus, sem abusar, diz Papa no Angelus
Cidade do Vaticano (Segunda-feira, 25-03-2019, Gaudium Press) Na alocução que precedeu a oração do Angelus neste domingo, 24/03, o Papa Francisco comentou a página do Evangelho deste terceiro domingo da Quaresma (Lc 13,1-9), que nos fala da misericórdia de Deus e da nossa conversão.
Figueira estéril
No trecho do Evangelho do dia está a seguinte parábola narrada por Jesus:
“Um homem tinha uma figueira plantada em sua vinha. Veio a ela procurar frutos, mas não encontrou. Então disse ao vinhateiro: ‘Há três anos que venho buscar frutos nesta figueira e não encontro. Corta-a; por que há de tornar a terra infrutífera? Ele, porém, respondeu: ‘Senhor, deixa-a ainda este ano para que eu cave ao redor e coloque adubo. Depois, talvez, dê frutos… Caso contrário, tu a cortarás'”.
Francisco comentou que o dono da figueira representa Deus Pai, o vinhateiro é imagem de Jesus e o figo é o símbolo da humanidade indiferente e árida.
Disse o Papa: “Jesus intercede ao Pai em favor da humanidade – e o faz sempre – e pede que espere e Lhe dê mais tempo, para que nela possam germinar os frutos do amor e da justiça”.
Paciência de Deus
“Apesar da esterilidade, que por vezes marca a nossa existência, Deus tem paciência e nos oferece a possibilidade de mudar e de progredir no caminho do bem. Mas o prazo implorado e concedido à espera que a árvore finalmente frutifique, indica também a urgência da conversão”, afirmou o Papa que ainda falou do abuso da misericórdia:
“A possibilidade da conversão não é ilimitada; por isso é preciso aproveitar logo; do contrário ela se perderia para sempre. Podemos confiar muito na misericórdia de Deus, mas sem abusar dela. Não devemos justificar a preguiça espiritual, mas aumentar nosso esforço a corresponder prontamente a essa misericórdia com coração sincero.”
Símbolo de quem vive para si mesmo
Ainda comentando a parábola, Francisco explicou que a figueira que o dono na parábola quer extirpar representa uma existência estéril, incapaz de doação, incapaz de fazer o bem.
“É símbolo de quem vive para si mesmo, saciado e tranquilo, aconchegado em suas comodidades, incapaz de voltar o olhar e o coração para aqueles estão a seu lado e se encontram em condição de sofrimento, em condição de pobreza, de dificuldade.”
O Papa Francisco comentou que a atitude de egoísmo e esterilidade espiritual encontra uma posição contrária no grande amor do vinhateiro pela figueira: ele tem paciência, sabe esperar e dedica a ela seu tempo e seu trabalho.
E, para o Papa, a atitude do vinhateiro manifesta a misericórdia de Deus, que nos deixa um tempo para a conversão:
“Todos precisamos converter-nos, dar um passo adiante, e a paciência de Deus, a misericórdia, nos acompanha nisso.”
“Apesar da esterilidade, que por vezes marca a nossa existência, Deus tem paciência e nos oferece a possibilidade de mudar e de progredir no caminho do bem. Mas o prazo implorado e concedido à espera que a árvore finalmente frutifique, indica também a urgência da conversão”.
Quaresma e conversão
Nós podemos pensar nesta Quaresma, disse o Papa, o que devo fazer para aproximar-me mais do Senhor, para converter-me, para eliminar aquelas coisas que não são boas?
“Não, não… esperarei a próxima Quaresma…”
E Francisco interroga a quem pensa assim:
Mas você estará vivo na próxima Quaresma? Cada um de nós pense hoje: o que devo fazer diante dessa misericórdia de Deus que me espera e que sempre perdoa. O que devo fazer?
E em seguida aconselha:
“Na Quaresma, o Senhor nos convida à conversão”.
“Cada um de nós deve sentir-se interpelado por esse chamado, corrigindo algo em nossa vida, no modo de pensar, de agir e de viver as relações com o próximo.
Ao mesmo tempo, devemos imitar a paciência de Deus que confia na capacidade de todos de poder ‘levantar-se’ e retomar o caminho. Deus é Pai, e não apaga a chama fraca, mas acompanha e cuida de quem é frágil a fim de que se robusteça e dê sua contribuição de amor à comunidade.”
Para finalizar, Francisco pediu à Virgem Maria que nos ajude a viver estes dias de preparação para a Páscoa como um tempo de renovação espiritual e de confiante abertura à graça de Deus e à sua misericórdia. (JSG)
Da Redação Gaudium Press, com informações Vatican News)
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