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Papa beatifica 7 bispos mártires do comunismo romeno

Cidade do Vaticano (Segunda-feira, 03-06-2019, Gaudium Press) No último dia de sua Viagem Apostólica à Romênia, 02 de junho, o Papa Francisco deixou a capital pela manhã e dirigiu-se a Sibiu.

De lá embarcou em um helicóptero para ir até a cidade de Blaj.

Em Blaj, durante a Divina Liturgia, que foi celebrada no Campo da Liberdade, beatificou sete bispos greco-católicos martirizados durante a perseguição perpetrada pelo regime comunista contra a Igreja Católica.

No caso, pode-se dizer que o motivo do martírio foi duplo: porque eram católicos anticomunistas e porque obedeciam a Roma e não à Igreja Ortodoxa.

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Os novos Beatos

Os sete bispos greco-católicos mártires beatificados são:

-Vasile Aftenie (1899-1950), bispo titular de Ulpiana e bispo auxiliar da Arquieparquia de Alba Iulia e Fagaras;

-Valeriu Traian Fren?iu (1875-1952), bispo de Oradea;

-Ioan Suciu (1907-1953), administrador apostólico da Arquieparquia de Alba Iulia e Fagaras;

-Tit Liviu Chinezu (1904-1955) bispo auxiliar da Arquieparquia de Alba Iulia e Fagaras;

-Ioan Balan (1880-1959), bispo de Lugoj;

-Alexandru Rosu (1884-1963), bispo de Maramures; 

-Iuliu Hossu (1885-1970), bispo de Cluj Gherla.

Homilia do Papa

Foi a partir do trecho do Evangelho de São João sobre o “O cego de nascença” fque Francisco norteou sua homilia:

“Jesus, como os seus discípulos, vê o cego de nascença. É capaz de o reconhecer e colocá-lo no centro. Depois de ter declarado que a sua cegueira não era fruto do pecado, mistura o pó da terra com a sua saliva e, com a lama feita, unge os seus olhos; depois ordena-lhe que vá lavar-se na piscina de Siloé. Depois de se ter lavado, o cego recupera a vista.”

“É interessante notar que o milagre é narrado apenas em dois versículos; todos os outros concentram-se, não sobre o cego curado, mas sobre as discussões que levanta.
Parece que a sua vida e especialmente a sua cura se tornem banais, jocosas ou motivos de debate bem como de enfado e irritação”.

Liberdade e misericórdia: heranças dos novos beatos

O Papa recordou que “estas terras conhecem bem o sofrimento do povo, quando o peso da ideologia ou dum regime é mais forte do que a vida e se antepõe como norma à própria vida e à fé das pessoas”.

“Vocês suportaram os discursos e as intervenções baseadas no descrédito que chegavam à expulsão e aniquilação de quem não se pode defender, e silenciavam as vozes dissonantes”, disse ainda Francisco em sua homilia.

“Pensemos, em particular, nos sete Bispos greco-católicos que tive a alegria de proclamar Beatos. “

Perante a feroz opressão do regime, demonstraram uma fé e um amor exemplares (…) com grande coragem e fortaleza interior, aceitaram estar sujeitos a dura prisão e a todo o tipo de maus-tratos, para não renegar a pertença à sua amada Igreja.

Estes pastores, mártires da fé, recuperaram e deixaram ao povo romeno uma herança preciosa que podemos resumir em duas palavras: liberdade e misericórdia.”

Liberdade

A propósito da liberdade, Francisco destacou o fato de a Divina Liturgia ser celebrada no “Campo da Liberdade”.

Para ele, este significativo lugar recorda os novos Beatos que sofreram e sacrificaram a sua vida, opondo-se a um sistema ideológico coercivo dos direitos fundamentais da pessoa humana.

“Naquele triste período, a vida da comunidade católica foi colocada a dura prova pelo regime ditatorial e ateu: todos os bispos e muitos fiéis da Igreja Greco-Católica e da Igreja Católica de Rito Latino foram perseguidos e encarcerados”, disse o Papa.

Misericórdia

O outro aspeto da herança espiritual dos novos Beatos é a misericórdia, disse Francisco:

“Neles, a tenacidade em professar a sua fidelidade a Cristo foi acompanhada por uma disposição ao martírio sem palavras de ódio contra os perseguidores, em relação aos quais demonstraram uma substancial mansidão.

É eloquente o que declarou durante a sua prisão o Bispo D. Iuliu Hossu:
“Deus mandou-nos para estas trevas do sofrimento, a fim de perdoar e rezar pela conversão de todos”.”

“Estas palavras são o símbolo e a síntese da atitude com que estes Beatos, no período da provação, sustentaram o seu povo para continuar confessando a fé sem cedências nem retaliações. Esta atitude de misericórdia para com os verdugos é uma mensagem profética, porque aparece hoje como um convite a todos a superarem o rancor com a caridade e o perdão, vivendo com coerência e coragem a fé cristã.”

A Divina Liturgia em Blaj

O cálice e o evangeliário da Missa são os mesmos utilizados por um dos mártires, o bispo Dom Traian Frentiu, o mais idoso no momento da prisão dos bispos greco-católicos romenos.

A cadeira litúrgica da Missa foi feita com tábuas de madeira dos leitos das prisões e com as barras de ferro das janelas das prisões onde morreram os novos beatos.

Desde a noite de 28-29 de novembro de 1948, quando todos os bispos greco-católicos foram presos, até 25 de dezembro de 1989, fim do regime comunista, a única Divina Liturgia em romeno para os fiéis era a transmitida pela Rádio Vaticano.

Na Divina Liturgia em Blaj, presidida pelo Papa Francisco, estavam presentes – segundo os organizadores locais – cerca de 100.000 pessoas. Entre as autoridades presentes: o presidente Klaus Iohannis, a primeira-ministro Viorica Dancila com alguns membros do governo e o prefeito de Blaj.

Além dos fiéis reunidos no Campo da Liberdade de Blaj, outras 20.000 pessoas seguiram a Divina Liturgia em telões em algumas das praças de Blaj. (JSG)

 

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