A Igreja Católica em Madagascar
Cidade do Vaticano (Sexta-feira, 06-09-2019, Gaudium Press) De uma população de cerca 23.652.000 habitantes, a Ilha de Madagascar tem 35% deles que se afirmam Católicos Apostólicos Romanos.
Esses fiéis que formam um contingente de 8.233.000 fiéis estão distribuídos por 22 Circunscrições Eclesiásticas que são compostas por 438 paróquias.
Existem mais de 9 mil centros pastorais em todo o país.
A Ilha de Madagascar tem um clero católico composto por 25 bispos, 892 sacerdotes diocesanos e 855 sacerdotes religiosos.
Os religiosos não sacerdotes são 735, as religiosas professas 5.0006. Existem ainda os 133 membros de Institutos Seculares, os 1.703 missionários leigos e os catequistas que chegam a 14.395.
Dom Odon Marie Arsèn Razanakolona
O arcebispo da capital, Antananarivo, é Dom Odon Marie Arsèn Razanakolona, que nasceu na cidade de Fianarantsoa a 24 de maio de 1946.
Ele foi ordenado sacerdote em 28 de dezembro de 1975; foi nomeado como bispo de Ambanja em 28 de novembro de 1998 e consagrado bispos em 11 de abril de 1999.
Dom Odon Marie foi escolhido como arcebispo em de dezembro de 2005.
Os números
Quanto às vocações sacerdotais em Madagascar, atualmente estão sendo formados 930 os seminaristas menores e 1.977 seminaristas maiores.
A Igreja Católica possui ou orienta administrativamente 5.367 escolas maternais e escolas primárias, 1.024 escolas médias e secundárias e 62 escolas superiores e universidades.
Os estudantes nos escolas maternais e escolas primárias são 479.421, nas escolas médias inferiores e secundárias 202.144 e em institutos superiores e universidades 16.479.
Quanto aos centros caritativos e sociais da Igreja Católica ou que são dirigidos por eclesiásticos ou religiosos, o número é de 20 hospitais, 217 ambulatórios, 24 leprosários, 26 casas para idosos e pessoas com invalidez.
São 154 orfanatos e jardins da infância, 31 consultórios familiares, 7 centros especiais de educação e reeducação, além de 32 outras instituições relacionadas com a prática da caridade.
A historia da Igreja em Madagascar
Sec. XVI – As origens
O cristianismo chegou a Madagascar no século XVI com a chegada dos Padres Dominicanos, seguidos pelos jesuítas e lazaristas, e no século seguinte pelos missionários de São Vincente de Paulo.
A evangelização na ilha sofre uma primeira brusca interrupção após o martírio de 1674 quando todos os missionários franceses foram assassinados.
Século XIX
Na primeira metade do século XIX, quando começam a entrar na ilha também as primeiras Igrejas protestantes, tem início novas perseguições anticristãs.
A obra de evangelização é retomada de forma estável somente na segunda metade do século, depois da conversão ao cristianismo de Ranavalona II em 1869.
Os jesuítas, já presentes, haviam levado em frente a evangelização clandestinamente em anos anteriores, aos quais se uniram os lassalistas, os lazaristas, os espiritanos, os salesianos, os maristas e religiosas de diversos institutos.
Entre 1896 e 1898, a partir da Prefeitura Apostólica de Madagascar (1841) são criados os três Vicariatos Apostólicos do Madagascar do Norte (hoje Arquidiocese de Antsiranana), Central (hoje Arquidiocese de Antananarivo) e do Sul (hoje Diocese de Tôlagnaro), a qual se seguirá, em 1913, a criação do Vicariato Apostólico de Fianarantsoa (hoje arquidiocese) e da Prefeitura Apostólica de Betafó (hoje Diocese de Antsirabé).
Sec. XX-XXI
Em 1925, foram realizadas as primeiras ordenações de sacerdotes nativos.
Um deles se tornará o primeiro bispo malgaxe, em 1939.
Três décadas mais tarde (1969), três anos após o estabelecimento de relações diplomáticas com a Santa Sé (1966), Madagascar tem seu primeiro cardeal: Jérôme Louis Rakotomalala (ao qual, em 1976, se unirá o cardeal Victor Razafimahatratra, S.I., em 1994 o cardeal Armand G. Razafindratandra, e em 2018, o cardeal Désiré Tsarahzana).
Durante os séculos XX e XXI, após a instituição da hierarquia eclesiástica (1955), são eretas outras circunscrições eclesiásticas: a última é a diocese de Maintirano, sufragânea de Antananarivo, criada em 8 de fevereiro de 2017 pelo Papa Francisco, totalizando 5 Arquidioceses metropolitanas e 17 Dioceses sufragâneas.
Em 1989 (28 de abril a 1º de maio), tem lugar a Viagem Apostólica do Papa João Paulo II, a única de um Pontífice a Madagascar, quando é beatificada Victoria Rasoamanarivo (1848-1894), a primeira Beata nascida em Madagascar.
Em 14 de abril 2018, a Igreja em Madagascar celebrou seu segundo Beato:
Lucien Botovasoa, professor do ensino fundamental e Terciário franciscano, morto in odium fidei em 1947 durante as perseguições que acompanharam a luta pela independência da França.
A Igreja em Madagascar hoje
Os cristãos em Madagascar são pouco mais da metade da população, dos quais os católicos são 35%. Cerca de um quinto são protestantes. A presença de cultos tradicionais ainda é forte, enquanto os muçulmanos são cerca de 5%.
A Igreja Católica pode contar com o trabalho de numerosas Congregações religiosas, entre os quais os jesuítas, dominicanos, salesianos, lassalistas, lazaristas, espiritanos, maristas, as Irmãs de Cluny, as carmelitas, as Missionárias Franciscanas de Maria.
Em particular, há um trabalho muito intenso no campo da educação, da saúde e caridade e da promoção humana.
A prioridade da pastoral juvenil
Particular atenção é dada às crianças e jovens.
A condição da infância no país é realmente dramática. Por isso a Igreja investe muita energia na educação e na formação catequética, construindo escolas nos povoados, organizando cursos de formação para os docentes e apoiando as crianças e jovens que desejam estudar.
Em relação à pastoral da juventude, os bispos consideram muito frutuosa a experiência das Jornadas Mundiais da Juventude, motivo pelo qual, além de encorajar a participação de jovens malgaxes nas Jornadas Mundiais, os bispos também decidiram lançar uma JMJ Nacional.
A última edição da JMJ Nacional foi realizada em outubro de 2018 em Mahajanga, com o tema “Não temas Maria, porque encontraste graça diante de Deus”.
Para a ocasião, o Papa Francisco havia enviado uma mensagem em vídeo, incentivando os jovens a serem “mensageiros da paz e de esperança”.
Digno de nota que também em maio de 2017 foi realizado o primeiro “Final de semana para os jovens” organizado pela E.V.A. (Educação para a Vida e o Amor) da Diocese de Fianarantsoa.
Dirigida a jovens entre 18 e 30 anos, a iniciativa serviu para refletir sobre os temas ligados à juventude debaixo de uma perspectiva cristã.
Em relação às iniciativas para as crianças, por outro lado, pode-se recordar o primeiro “Dia das Crianças malgaxes”, organizado em 2013 em Antananarivo pela Comissão Episcopal para o Apostolado dos leigos, sobre o tema “As crianças que acreditam em Cristo e o comunicam entre elas, são a sementeira da Igreja”.
A presença da Igreja malgaxe na mídia
Com a liberdade de informação que teve início nos anos 90, a Igreja malgaxe aumentou sua presença também na mídia, principalmente na radiodifusão.
Em 1998, havia seis grandes estações de rádio católicas, enquanto hoje quase todas as 22 Dioceses de Madagascar têm sua própria emissora.
Entre estas está a Rádio Dom Bosco de Antananarivo: fundada em 1996 pelos salesianos, transmite 24 horas por dia e é a emissora católica mais ouvida no país.
Por trás desse sucesso, além de um nível de preparação profissional considerável, há uma rica e diversificada grade de programação, que vai dos programas de educação religiosa àqueles voltados aos jovens, culturais e musicais, além de notícias sobre atualidade religiosos e política.
Em 2015, também a Rádio Maria Madagascar iniciou suas transmissões na Diocese de Ambositra, contribuindo não apenas à educação na fé católica, mas também à unidade, à reconciliação e à promoção do bem-estar humano. A emissora nasceu graças à generosidade dos ouvintes que apoiaram “Mariathon”, a campanha de arrecadação de fundos realizada em 2013 e 2014.
Relações entre Estado e Igreja
As leis malgaxe garantem a liberdade religiosa.
A nova Constituição de 2010 reitera a laicidade e a neutralidade do Estado no que tange às religiões, embora nos últimos anos alguns representantes do governo tenham sido acusados de comprometer a natureza laical do Estado, ao organizarem eventos religiosos para fins políticos.
A única condição prevista por lei é a registro no Ministério do Interior das organizações religiosas que, para serem reconhecidas, devem ter pelo menos cem membros e um conselho eleito, formado por cidadãos de Madagascar. Atualmente no país existem 283 agremiações religiosos oficialmente registrados.
Após as tensões que marcaram os últimos anos do governo Ravalomanana, forçado a renunciar em 2009 após inúmeros protestos, as relações entre a Igreja e os as autoridades malgaxes se estabilizaram e hoje, de forma geral, são boas.
Uma confirmação dessas boas relações foi a visita do cardeal Pietro Parolin à ilha em janeiro de 2017, por ocasião dos 50 anos das relações diplomáticas com a Santa Sé, ocasião em que o então presidente Hery Martial Rajaonarimanampianina expressou ao secretário de Estado sua gratidão pelo que a Igreja Católica realiza no país, especialmente com seus centros educacionais, de saúde e de caridade.
O cardeal Parolin, por sua vez, confirmou a disponibilidade da Igreja de continuar tal colaboração para garantir, por meio de suas estruturas, a assistência necessária a todas as pessoas, em particular os mais pobres e marginalizados.
“A importante contribuição da Igreja Católica malgaxe no apoio ao diálogo nacional e o seu indispensável compromisso capilar nos campos da saúde e da educação”, também foi enfatizada por ocasião da duas precedentes audiências do Papa Francisco ao presidente do Governo de Transição, Andry Nirina Rajoelina (26 de abril de 2013) e ao próprio presidente Rajaonarimampianina(28 de junho de 2014).
(JSG)
(Da Redação Gaudium Press, com informações VaticanNews)
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