Os desafios do jornalismo na era da internet, segundo o Papa Francisco
Cidade do Vaticano (Terça-feira, 24-09-2019, Gaudium Press) Na manhã da última segunda-feira, 23, o Papa Francisco se reuniu em audiência com a União Católica da Imprensa Italiana na Sala Clementina do Palácio Apostólico, na qual tratou sobre os desafios do jornalismo na era da internet.
Segundo o Pontífice, a função do jornalista na era da internet é o de “identificar as fontes críveis, contextualizá-las, interpretá-las e hierarquizá-las”. Nesse sentido, o Santo Padre exortou os jornalistas presentes a “ser voz da consciência de um jornalismo capaz de distinguir o bem do mal, as escolhas humanas das desumanas. Porque hoje existe uma confusão que não se distingue, e vocês precisam ajudar para que não seja assim”.
Como exemplo, Francisco questionou o fato de que muitas vezes, quando “uma pessoa morre de frio na rua, não vira notícia, mas se caem dois pontos na Bolsa de valores todas as agências falam disso. Há algo que não funciona”.
“O jornalista, que é o cronista da história, é chamado a reconstruir a memória dos fatos, a trabalhar pela coesão social, a dizer a verdade a todo custo: há também uma parresia – ou seja, um valor – do jornalista, sempre respeitosa e não arrogante”, ressaltou.
O Pontífice destacou que “a comunicação precisa de palavras verdadeiras no meio de tantas palavras vazias. Nisso vocês têm uma grande responsabilidade: as suas palavras contam o mundo e o modelam, as suas histórias podem gerar espaços de liberdade ou de escravidão, de responsabilidade ou dependência do poder”.
Entretanto, “quantas vezes o jornalista deseja seguir esse caminho, mas atrás dele há um editor que diz ‘não, isso não se publica, isso sim, isso não’ e toda essa verdade passa pelo filtro da conveniência financeira do editor e acaba comunicando o que não é verdade, o que não é bonito e o que não é bom”.
“Não tenham medo de inverter a ordem das notícias para dar voz a quem não tem, de contar boas notícias que criam amizade social; de construir comunidades de pensamento e de vida capazes de ler os sinais dos tempos”.
Por fim, o Santo Padre recordou a beatificação do primeiro jornalista leigo, Manuel Lozano Garrido, ocorrida no dia 12 de junho de 2010. O beato “viveu nos dias da Guerra Civil Espanhola, quando ser cristão significava arriscar a própria vida. Apesar da doença que o obrigou a viver 28 anos em uma cadeira de rodas, nunca deixou de amar sua profissão. Em seu ‘decálogo do jornalista’, recomenda ‘pagar com a moeda da franqueza’, ‘trabalhar o pão da informação limpa com o sal do estilo e o fermento da eternidade’ e não servir ‘nem bolos nem pratos picantes, mas um bom pedaço da vida limpa e esperançosa’. Realmente um bom exemplo a seguir!”, concluiu. (EPC)
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