“A Cruz é a força da missão”, afirma Dom Orlando Brandes
Londrina – Paraná (Quinta-Feira, 11/09/2014, Gaudium Press) “Quatro cristianismos insuficientes” é o título do mais recente artigo de Dom Orlando Brandes, Arcebispo da Arquidiocese de Londrina, no Estado do Paraná. Ele faz uma reflexão sobre os seus quatro cristianismos insuficientes: o Cristo sem carne; o Cristo sem Igreja; o Cristo sem o reino; e o Cristo sem Cruz.
Com relação ao “Cristo sem Carne”, o Prelado afirma que a humanidade de Jesus, a inculturação do Filho de Deus em nossa história é a maior elevação do ser humano. Para ele, o Cristo sem carne é aquele cristianismo longe do outro, sem o irmão, sem amor pelos pobres, pessoas doentes, é um misticismo intimista, rubricista, sem compromisso com o mundo, com a realidade, portanto, cristianismo desencarnado, alienado, desinteressado pelo irmão.
“Cada irmão é continuidade da encarnação de Jesus. O humanismo de Jesus de Nazaré, seu jeito de ser, seu corpo, alma e vontade humana, nos impelem ao compromisso com a vida, a sociedade, a história, a política. O Cristo sem carne retrata um cristianismo espiritualista, acomodado, invertido. O Evangelho convida-nos a ir ao encontro do outro, ver o rosto do irmão, valorizar sua presença física”, ressalta.
O Arcebispo ainda recorda que o Papa Francisco falou da reconciliação com a carne do outro. “Tocar na carne do pobre, do doente, do sofredor é tocar na carne sofredora de Jesus”, afirmou o Pontífice.
Para explicar o “Cristo sem Igreja”, Dom Brandes salienta que encontramos pessoas que aceitam Cristo, mas, rejeitam a Igreja; admiram Cristo, mas, não aderem à Igreja, aos sacramentos e à vida pastoral da comunidade. Ele enfatiza, porém, que a Igreja é o corpo de Cristo, e um Cristo sem Igreja é cabeça sem corpo; um Cristo sem Igreja é uma anomalia, pois, quem quis a Igreja foi Jesus.
“Ela é o instrumento da salvação que continua a ação de Jesus Cristo na história até o fim dos tempos. Jesus quis a Igreja. Cristo sem Igreja é uma forma de cristianismo insuficiente. Quem ama Cristo, ama também a Igreja pela qual ele deu sua vida.”
Já sobre o “Cristo sem o reino” o Prelado destaca que toda a palavra e pregação de Jesus é o reino de Deus que se manifesta nas curas, milagres, opções, atitudes e gestos de Jesus. Conforme ele, os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são limpos, os pobres são libertados, os pecadores são perdoados, e tudo isso é o Reino de Deus. O Arcebispo alerta que separar Jesus e o reino é uma aberração, uma manipulação do Evangelho, uma opção ideológica. “Entendamos a relação entre Fé e política à luz do Reino de Deus”, acrescenta.
Por fim, Dom Brandes fala sobre o “Cristo sem Cruz”, que é a religião da facilidade, da prosperidade, da Fé sem ética. Segundo ele, hoje há uma rejeição cultural da renúncia, do sacrifício, da abnegação de si, do sofrimento, em outras palavras, somos batizados, mas, não evangelizados: “cristãos com vida de pagão”.
Uma espécie de “mundanidade espiritual”, como disse o Papa Francisco. Ainda de acordo com o Arcebispo, criamos um Jesus à nossa imagem e semelhança porque escolhemos apenas uma parte do Evangelho: eis mais uma forma de cristianismo insuficiente. Ele reforça que Jesus crucificado e ressuscitado é o coração do cristianismo.
“Quem quer Cristo, mas não quer a Cruz, opta por um estilo de vida com verniz cristão, por uma religiosidade sem compromisso com os irmãos, com a comunidade e com a sociedade. Sem a Cruz nem sequer somos salvos. Com a luz que vem da Cruz nos tornamos generosos, disponíveis, sacrificados. A Cruz é a força da missão, alívio na dor, estímulo para uma vida doada, oblativa, dadivosa”, conclui. (FB)
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