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Milagre de Caná

Redação (Segunda-feira, 14-05-2018, Gaudium Press) Após ter sido batizado por São João Batista e sofrer as tentações do demônio no deserto, Nosso Senhor começou sua vida pública, que durou três anos, terminando com sua gloriosa Paixão e Morte.

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Pregações de Nosso Senhor

Ele escolheu os Apóstolos, percorreu com eles a Galileia e a Judeia, fazendo pregações e confirmando-as com prodigiosos milagres.
Jesus não expunha sua doutrina secamente, mas a ilustrava com analogias, contrastes, parábolas. A doutrina e o exemplo são como as asas de um pássaro. Se um conferencista não utilizar uma delas, sua exposição se tornará defectível.

Em suas pregações, Nosso Senhor mostrava não apenas a verdade e o bem, mas também o belo: “Olhai como crescem os lírios. Não trabalham, nem fiam. No entanto, Eu vos digo: nem Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um só dentre eles” (Lc 12, 27).

“Além de seu ensinamento, a própria presença de Nosso Senhor despertava admiração. Sua fisionomia não podia ser mais perfeita. Cabelos, lábios, sobrancelhas e orelhas eram de uma insuperável beleza. Seu olhar percorria os circunstantes de forma suave, tranquila, firme, penetrante e atraente, causando enlevo naqueles sobre os quais recaía. Uma voz magnífica, comunicativa, dotada de um timbre e de uma inflexão inteiramente fora do comum, acompanhava os movimentos das mãos, os quais, por sua vez, eram proporcionadíssimos, comedidos, perfeitos, sem exageros nem timidezes. E a postura dos ombros, o modo de sentar-Se ou de virar a cabeça eram inimagináveis.”

Inúmeras vezes, Jesus manifestou sua misericórdia. Mas quis também patentear sua combatividade: usando um chicote, expulsou em duas ocasiões distintas os vendilhões do Templo (cf. Mc 11, 15-17; Jo 2, 14-22).

A respeito das prédicas de Jesus, escreve Plinio Corrêa de Oliveira: “O Divino Mestre, pregando na Judeia, que estava sob a ação próxima dos pérfidos fariseus, usou de uma linguagem candente. Na Galileia, pelo contrário, onde predominava o povo simples e era menor a influência dos fariseus, sua linguagem tinha um tom mais docente e menos polêmico.”

Em todas as coisas que Nosso Senhor dizia ou fazia, notava-se a grandeza. Esta “é uma virtude que aperfeiçoa as demais, levando o homem a praticá-las de forma esplêndida ou eminente; é o ornato e o esplendor das demais virtudes, tornando-as fulgurantes. Em outros termos, pode-se afirmar ser ela o oposto da mediocridade.”

Regressando da Judeia para a Galileia

Tendo deixado o deserto da Judeia, onde foi tentado pelo demônio, Jesus reuniu alguns discípulos: Pedro, André, João Evangelista, Tiago Maior, Felipe e Natanael – que recebeu o nome de Bartolomeu. Após ter permanecido aproximadamente seis meses na Judeia, Ele iniciou sua viagem de volta à Galileia.

Ao passar por Nazaré, informaram-Lhe que na cidade de Caná – situada a dez quilômetros de distância – realizava-se uma festa de casamento. Certamente por motivo de parentesco próximo, Nossa Senhora precisou comparecer. Jesus acompanhou-A, levando consigo seus discípulos.

Em certo momento, o vinho veio a faltar e Maria Santíssima, cheia de compaixão, recorreu ao seu Divino Filho, dizendo tão-somente: “Eles não têm vinho!” (Jo 2, 3).

“Nossa Senhora tudo interpretava com sabedoria e por certo considerou que a Providência permitira a falta de vinho para dar a Jesus ocasião de manifestar sua Divindade […]

“De outro lado, Nosso Senhor já teria revelado à sua Mãe o grande mistério da Eucaristia.” E Ela poderia ter pensado que essa era a ocasião para seu Divino Filho instituir aquele Sacramento.

600 litros de vinho!

“Jesus respondeu-Lhe: ‘Mulher, por que dizes isto a Mim? Minha hora ainda não chegou” (Jo 2, 4).
“Embora a palavra mulher, presente nesta resposta de Jesus, soe um tanto dura aos nossos ouvidos, na linguagem do tempo denotava, ao contrário, respeito e solenidade, inclusive grande estima e até um matiz de ternura. E não era raro usá-la para dirigir-se a princesas e rainhas.”

Atendendo ao pedido de Nossa Senhora, Jesus fez um estupendo milagre: 600 litros de água foram transmudados em vinho!
Por que essa superabundância de vinho?

“Nosso Senhor assim agiu para nos mostrar que o supérfluo, de si, não só não é pecado, mas pode até ser legítimo e recomendável.” Provavelmente Ele quis livrar alguns parentes dos noivos de um grave apuro, ou aliviá-los em sua pobreza. O grande exegeta Fillion nos convida a admirar “a munificência régia do presente nupcial de Jesus”.

Um milagre muito maior

“Embora o milagre de Caná tenha sido espetacular, foi muito menor do que aquele que se opera em cada Missa, com a transubstanciação do vinho e do pão em Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor.”

Esse foi o primeiro milagre na ordem da natureza que o Salvador realizou. Dizemos “na ordem da natureza”, porque na ordem da graça o primeiro milagre feito por Ele operou-se quando santificou João Batista, ainda no seio de Santa Isabel.

Ambos os milagres foram feitos por intercessão de Nossa Senhora, a Medianeira de todas as graças. Nosso Senhor “começou e continuou seus milagres por Maria, e por Maria os continuará até ao fim dos séculos”.

Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História Sagrada” – 150)

 

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1 – CLÁ DIAS, João Scognamiglio. EP. O inédito sobre os Evangelhos. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana; São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2014, v. IV, p. 52.

2 – CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Revolução e Contra-Revolução. 5. ed. São Paulo: Retornarei. 2002, p. 120.

3 – CLÁ DIAS, João Scognamiglio, EP. A gênese e o desenvolvimento do Movimento dos Arautos do Evangelho e seu reconhecimento canônico. Tese de doutorado. Roma: Universidade Pontifícia São Tomás de Aquino (Angelicum), 2010, p. 298
4 – Cf. FILLION, Louis-Claude. La sainte bible avec commentaires – Évangile selon S. Luc. Paris: Lethielleux. 1889, p. 112.
5 – CLÁ DIAS, João Scognamiglio. EP. O inédito sobre os Evangelhos. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana; São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, v. VI, p. 25.
6 – Idem, ibidem, p. 28.
7 – Idem, ibidem, p. 32.
8 – FILLION, Louis-Claude. Vida de Nuestro Señor Jesucristo. Infancia y Bautismo. Madrid: Rialp, 2000, v. I, p.335.
9 – CLÁ DIAS, op. cit., p. 32.
10- SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem. Petrópolis: Vozes. 1974, p.28.

 

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