Cardeal Sarah diz que a fidelidade dos católicos é mais importante que o seu número
Bélgica – Bruxelas (Segunda-feira, 19-02-2018, Gaudium Press) Durante uma recente visita à Bélgica, o Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Cardeal Robert Sarah, concedeu uma entrevista ao informativo ‘Cathobel’, na qual destacou a importância de manter a fidelidade a Cristo e nutrir a Fé através do encontro com Deus na oração. Para o purpurado, estas condições são mais importantes para a Igreja do que manter o número de seus membros.
Questionado sobre os desafios da Igreja na Europa Ocidental, o Cardeal Sarah destacou três em particular: a fidelidade a Cristo e ao Evangelho, a perda da Fé e a que chamou uma “crise sacerdotal”. “Primeiro, sua fidelidade a Jesus, ao seu Evangelho, sua fidelidade ao ensino que sempre recebeu dos primeiros Papas e Concílios. Este é o grande desafio de hoje”, comentou o purpurado. “Isto não é óbvio, porque a Igreja quer adaptar-se ao seu ambiente, à cultura moderna”.
Além desta necessidade, o Prefeito destacou uma crise de Fé “não somente no nível do Povo de Deus, mas inclusive entre os líderes da Igreja”, recordando o caso de um sacerdote que se recusou publicamente a recitar o Credo na Eucaristia por considerar que já não acredita mais em seu conteúdo. “Há também uma grande crise sacerdotal”, acrescentou. “Não porque não haja sacerdotes suficientes. No século VII, o Papa Gregório Magno já disse que havia muitos sacerdotes. Hoje são 400 mil sacerdotes. Mas os sacerdotes realmente vivem sua vocação?”.
Como o caminho indicado para que as pessoas do Ocidente redescubram a Deus, o Cardeal Sarah aconselhou a prática da oração. “Conheço um amigo cada vez mais se realmente e profundamente presto atenção. Bom, a Jesus, a Deus, o conhecemos e temos um relacionamento com Ele se oramos”, explicou o Prefeito. “Creio que falamos muito, mas não é possível que não rezemos muito. Creio que uma forma de redescobrir a Deus e ter um relacionamento pessoal com Ele é na oração, a oração silenciosa, a oração que é somente face a face. A oração é dizer coisas, é guardar silêncio para escutar a Deus orando em nós”. Além da oração, o recurso aos Sacramentos é de grande importância, já que constituem “os meios que Deus criou para que realmente entremos em contato com Ele”.
O purpurado lamentou o distanciamento da civilização ocidental de suas raízes cristãs e alertou sobre o profundo perigo que isto significa. “Não somente o Ocidente está perdendo sua alma, mas está se suicidando. Porque uma árvore que não tem raízes está condenada à morte”, expôs. “Creio que o Ocidente não pode renunciar as raízes que criaram sua cultura, seus valores. Creio que é uma crise, mas qualquer crise acaba um dia, com sorte, de todos modos”. O Prefeito destacou sintomas como a legalização e a imposição do aborto, que demonstram como perder a visão de Deus altera a percepção sobre o ser humano. “Estou seguro de que se o Ocidente, se a Europa renuncia completamente à sua identidade cristã, a face do mundo mudará tragicamente”.
Finalmente, o Cardeal Sarah foi questionado sobre o que ele considera ser o coração do cristianismo, ao qual respondeu: “É ‘Deus é amor’. E o amor é exigente. O verdadeiro amor vai até a morte. Amar verdadeiramente é morrer. Jesus nos dá o exemplo. Ele nos amou até o fim, para dar sua vida”, concluiu. “Se somos capazes de viver plenamente de acordo com este exemplo de Deus que se revela como o Deus de amor, e que quer que nos amemos a nós mesmos, porque somos de Cristo, seríamos capazes de mudar o mundo. Deus é amor. Esse é o coração do cristianismo”. (EPC)
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