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Ester é coroada como rainha

Redação (Sexta-feira, 24-02-2017, Gaudium Press) A grande maioria dos exilados hebreus procedentes de Judá se estabeleceram na Babilônia. Entretanto, certo número deles fixaram suas moradas em outras cidades do vasto império medo-persa, entre as quais Susa, onde vivia a israelita Ester, que se tornou esposa do Rei Xerxes e exerceu um heroico papel em defesa de seu povo e, portanto, da verdadeira Religião.

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Guerras médicas

Xerxes, que no Livro de Ester (cf. 1, 1) é chamado Assuero, reinou de 485 a 465 a. C. Era neto de Ciro, o Grande, e seu império abrangia desde a Índia até a Etiópia, contendo 127 províncias.

Para termos ideia do paganismo de Assuero, narra a História que certa vez ele mandou construir uma ponte de navios, no estreito de Dardanelos – que liga o Mar Egeu ao Mar de Mármara -, para a passagem de seus batalhões. Entretanto, uma tempestade arrastou a ponte; furioso, Assuero condenou à morte o construtor e mandou que o mar fosse chicoteado…

Seu pai Dario quis também conquistar a Grécia. Mas quatro cidades gregas, entre as quais Atenas e Esparta, resolveram resistir, dando assim origem às guerras médicas, assim denominadas porque um dos contendores eram os medos.

A desproporção de forças era tremenda, mas os gregos, apesar de seu pequeno número, acabaram vencendo. Dario sofreu uma derrota na batalha de Maratona; Assuero continuou a guerra e conseguiu chegar até Atenas, onde destruiu monumentos da Acrópole. Mas sua frota foi destroçada pelo grego Temístocles, na batalha de Salamina, em 480 a. C. Assuero, “que assistira à batalha do alto da costa, sentado em um trono, voltou à Ásia”. Vencendo os medo-persas, os gregos passaram a ter importante papel na História Universal.

Tendo em vista esse fundo de quadro, passaremos a recordar a vida da Rainha Ester.

Deposição da Rainha Vasti

Pouco antes da derrota de Salamina, Assuero, querendo mostrar “as riquezas da glória do seu reino, e o esplendor e a magnificência da sua grandeza” (Est 1, 4), ofereceu em Susa um grande banquete aos príncipes, nobres, prefeitos de províncias e pessoas de destaque entre os medos e persas, o qual durou 180 dias. O historiador grego Heródoto, contemporâneo de Assuero, faz descrições dos costumes dos persas que indicam analogia marcante com a narração da Bíblia.

Depois promoveu outro festim nos jardins do palácio real para todo o povo que se encontrava em Susa, o qual teve a duração de sete dias.
Por toda parte havia cortinas de linho e musselina, divãs de ouro e de prata, esmeraldas e outras pedras incrustadas nos pavimentos; os convidados bebiam em copos de ouro de formas e tamanhos diferentes (cf. Est 1, 6-7).

Nessa mesma ocasião, a Rainha Vasti – antecessora de Ester – também realizou no palácio real um banquete para as mulheres. Em determinado momento, Assuero ordenou que Vasti se apresentasse no salão principal com o diadema real, pois queria exibir a todos a beleza da rainha. Mas ela recusou-se a comparecer e por isso foi deposta.

Assuero, então, enviou cartas a todas as províncias de seu reino, “recordando que os maridos são os príncipes e chefes em suas casas, e que devem manter submissas as suas mulheres” (Est 1, 22). Aliás, esse princípio – que exprime a ordem natural das coisas – está consignado por São Paulo: “As mulheres sejam [submissas] aos maridos, como ao Senhor. Pois o marido é a cabeça da mulher, como Cristo também é a cabeça da Igreja, seu Corpo, do qual Ele é o Salvador. Por outro lado, como a Igreja se submete a Cristo, que as mulheres também se submetam, em tudo, a seus maridos” (Ef 5, 22-24).

Então o Rei mandou que se procurassem moças virgens e formosas, que deveriam ser trazidas ao palácio, para que uma delas fosse escolhida como rainha.

Ester em tudo obedecia a Mardoqueu

Vivia em Susa um destemido israelita chamado Mardoqueu, cujo bisavô fora deportado de Jerusalém com o Rei Jeconias, de Judá.

Tornara-se tutor da jovem Ester, órfã de pai e mãe, e que era extraordinariamente bela. Também ela foi levada ao palácio real, e, instruída por Mardoqueu, não declarara ser judia.

Quando Ester foi apresentada a Assuero, este lhe colocou o diadema real sobre a cabeça e a fez rainha, em lugar de Vasti. E mandou preparar um banquete magnífico para os príncipes e seus servos, em homenagem a Ester.

Mardoqueu, entretanto, permanecia sempre junto à porta do palácio real. E Ester, agora rainha, “continuava a obedecer ao que ele mandasse, como costumava fazer no tempo em que, ainda pequenina, fora por ele adotada” (Est 2, 20).

Certo dia, dois porteiros revoltaram-se e planejaram um atentado contra o Rei. Mardoqueu soube disso e logo avisou Ester, pedindo-lhe que, em nome dele, comunicasse o fato a Assuero. O Rei mandou fazer as investigações e, comprovada a trama criminosa, os dois culpados foram enforcados, e o acontecimento foi consignado no livro dos anais do Rei, destacando-se a fidelidade de Mardoqueu.

Por Paulo Francisco Martos
(in Noções de História Sagrada – 104)

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1 – Cf. FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée – Le livre d’Esther. 3. ed. Paris: Letouzey et aîné.1923, p. 434.
2 – DEZ, G. e WEILER, A. – Curso de História Jules Isaac – Oriente e Grécia. São Paulo: Mestre Jou, 1964, p. 168.
3 – WEISS, Johann Baptist. Historia Universal. Barcelona: La Educación. 1927, v. II, p. 523 .
4 – Cf. DARRAS, Joseph Epiphane. Histoire Génerale de l’Église depuis la Création jusqu’à nos jours. Paris : Louis Vivès. 1863. v. III, p. 498.

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