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Ciro conquista Babilônia

Redação (Quarta-feira, 07-12-2016, Gaudium Press) Enquanto o Profeta Daniel explicava ao Rei Baltazar o significado dos sinais escritos numa das paredes do palácio real, o cumprimento das terríveis ameaças neles contidos já estava em execução.

O povo se divertia nas ruas

Após a morte de Nabucodonosor, o império caldeu entrou em decadência. Seu filho reinou por dois anos e foi morto por um cunhado. Houve uma revolta promovida pela casta sacerdotal, que colocou no trono Nabônido, um homem lunático que foi o demolidor do grande reino babilônico.

Ciro, Rei da Pérsia, dominou a Média e venceu Creso, Rei da Lídia, famoso pela sua grande riqueza. Conquistou também outras nações e, sentindo-se fortalecido, resolveu atacar Babilônia.

Atravessou o Rio Tigre e venceu os babilônios em batalha campal; apavorado, Nabônido fugiu, deixando o poder real para seu filho Baltazar.

O Rei da Pérsia cercou Babilônia, que era protegida por grande muralha, e esperou que as águas do Eufrates baixassem. Quando isso aconteceu, os soldados persas vadearam o rio e penetraram na cidade em plena noite.

“O povo se divertia nas ruas, as sentinelas esqueceram seu dever.” A derrota dos babilônios foi completa. Baltazar, que realizava um festim sacrílego, “tendo querido defender-se, foi feito em pedaços”.

A queda de Babilônia, ocorrida em 534 a. C., teve uma repercussão extraordinária em todo o Oriente.

Os milhares de exilados judeus – que anteriormente choravam às margens dos rios de Babilônia, com saudades de Jerusalém (cf. Sl 137, 1) – se alegraram porque caiu a vingança divina sobre seus opressores.

Vingança do Senhor

Sim, vingança divina como demonstram as profecias de Isaías e de Jeremias. Além da idolatria e dos pecados de luxúria, Babilônia caíra de tal modo no vício do orgulho, que é chamada “Soberba”. Eis alguns trechos dessas profecias.

– “Cobrarei da Babilônia, dos cidadãos da Caldeia, todo o mal que fizeram a Sião [Jerusalém] – oráculo do Senhor” (Jr 51, 24).

– Babilônia, “a marreta que esmagava o mundo inteiro”, que seus atacantes “fiquem acampados ao seu redor e não deixem escapar ninguém” (Jr 50, 23.29).

– “Aqui estou Eu – diz o Senhor – para te enfrentar, ó Soberba […] Pois chegou o teu dia, chegou a hora do acerto de contas” (Jr 50, 31).

– Que “seus rios: fiquem secos! Pois este é o país dos ídolos” (Jr 50, 38).

– “Fugi da Babilônia! […] Senão, morrereis pelo pecado dela, pois é a hora da vingança do Senhor, Ele vai dar-lhe a paga que ela merece” (Jr 51, 6).

– “O Senhor despertou o ânimo do rei dos medos [Ciro], ele tem um objetivo contra a Babilônia que é destruí-la. Será essa a vingança do Senhor, a vingança pelo seu Templo” (Jr 51, 11).

– Os soldados [da Babilônia] se contorcem de dor, “cada um olhando espantado para o outro, os olhos esbugalhados. Lá vem o terrível dia do Senhor, com o furor e o calor da sua ira, a transformar o país num deserto, e dele arrancar os pecadores” (Is 13, 8-9).

– “As monumentais muralhas da Babilônia serão arrancadas pela base, seus altos portões, queimados pelo fogo” (Jr 51, 58).

– “A Babilônia, a pérola dos reinos, joia e adorno dos caldeus, será transformada em ruína como a que Deus provocou em Sodoma e Gomorra” (Is 13, 19).

União dos maus sob a conduta de Lúcifer

A palavra “Babilônia” tornou-se um símbolo, cujo significado genérico é “confusão”; nesse caso é sinônimo de Babel. Entretanto, ela possui também outros sentidos.

O Apocalipse cita-a seis vezes. Eis um exemplo:

“Caiu, caiu Babilônia, a grande, aquela que embriagou todas as nações com o vinho do furor da sua prostituição” (Ap. 14, 8).
Sintetizamos alguns comentários do venerável Padre Bartolomeu Holzhauser (1613-1658) que, sob inspiração divina, explicou o Apocalipse até o capítulo 15; ele mesmo afirmou que não comentou os sete capítulos restantes porque haviam terminado as inspirações.

A “Babilônia caldaica era uma cidade muito poderosa e importante, que se poderia considerar a metrópole do reino das nações. Babilônia representa também o mundo com todas suas delícias e voluptuosidades, como sendo a união dos maus, ligados em conjunto contra os bons, sob a conduta de seu chefe Lúcifer. É nesse sentido que Jesus Cristo assinala o mundo aos seus Apóstolos (cf. Jo 15, 18).”

Babilônia é chamada a grande devido ao seu domínio sobre os povos, seu orgulho, oprimindo os justos. E também por causa da multidão de maus e ímpios que dela fazem parte, bem como do número incalculável de seus pecados.

São João Evangelista acrescenta: Ela “embriagou todas as nações com o vinho do furor da sua prostituição” (Ap 14,8). “A prostituição exprime a idolatria e toda espécie de infidelidades cometidas contra Deus e seu Cristo.”

“O vinho do furor da sua prostituição” significa as heresias, as voluptuosidades e imundícies dos quais os povos estarão como que inebriados. E o cúmulo dessa “prostituição” terá lugar na época do Anticristo, pela sua espantosa tirania e suas sedutoras imposturas, forçando as pessoas a apostatarem e renegarem Nosso Senhor Jesus Cristo.

No mundo atual é patente a confusão, não só no campo político, social, econômico, mas sobretudo no terreno religioso e moral. Peçamos a Nossa Senhora a graça de ter a plena certeza de que Ela intervirá, eliminando a Babel moderna e instaurando o Reino de seu Imaculado e Sapiencial Coração.

Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História Sagrada” – 94)

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1 – WEISS, Johann Baptist. Historia Universal. Barcelona: La Educación. 1927, v. I, p.482.
2 – Cf. Asurmendi, J. e García Martínez, F. La Biblia en su entorno. Introducción al estudio de la Biblia. Estella: Verbo Divino. 1990, v. I, p. 225.
3 – HOLZHAUSER, Bartolomeu. Interprétation de l’Apocalypse,renfermant l’histoire des sept âges de l’Église Catholique. Paris : Louis Vivès.1856. v. II, p. 138.
4 – Idem, ibidem, p. 141.
5- Cf. HOLZHAUSER, op. cit., v. II, p. 141-142.
. Barcelona: La Educación. 1927, v. I, p.482.

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