Termina o Ano Santo: continua aberta a Porta da Misericórdia do Coração de Jesus
Cidade do Vaticano (Segunda-feira, 20-11-2016, Gaudium Press) As cerimônias da Solenidade de Cristo Rei, a missa de encerramento do Jubileu da Misericórdia e o fechamento da Porta Santa da Basílica de São Pedro foram presididas pelo Papa Francisco neste domingo, no Vaticano.
Em suas palavras então proferidas, inicialmente, o Santo Padre explicou:
“A solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo coroa o ano litúrgico e este Ano Santo da Misericórdia.
O Evangelho apresenta a realeza de Jesus no auge de sua obra salvadora e o faz de maneira surpreendente.
‘O Messias de Deus, o Eleito, (…) o Rei’ aparece sem poder nem glória: está na cruz, onde parece mais um vencido do que um vencedor.
Realeza Paradoxal
O Papa continuou falando sobre a Realeza de Jesus:
“A sua realeza é paradoxal: o seu trono é a cruz; a sua coroa é de espinhos; não tem um cetro e não usa vestidos suntuosos, mas é privado da própria túnica; não tem anéis brilhantes nos dedos, mas as mãos transpassadas pelos pregos; não possui um tesouro, mas é vendido por trinta moedas.”
Rei do universo, centro da história, Senhor de nossa vida
“Não é deste mundo o reino de Jesus, mas Nele -como nos diz o Apóstolo Paulo na segunda leitura-, encontramos a redenção e o perdão, pois a grandeza do seu reino não está na força segundo o mundo, mas no amor de Deus, um amor capaz de alcançar e restaurar todas as coisas.
Por este amor, Cristo abaixou-se até nós, viveu a nossa miséria humana, provou a nossa condição mais ínfima: a injustiça, a traição, o abandono; experimentou a morte, o sepulcro, a morada dos mortos.
Assim, se aventurou o nosso Rei até os confins do universo, para abraçar e salvar todo o vivente. Não nos condenou, nem sequer nos conquistou, nunca violou a nossa liberdade, mas abriu caminho com o amor humilde, que tudo desculpa, tudo espera, tudo suporta. Somente este amor venceu e continua vencendo os nossos grandes adversários: o pecado, a morte e o medo.”
“Seria demasiado pouco crer que Jesus é Rei do universo e centro da história, sem fazê-lo tornar-se Senhor de nossa vida”, destacou Francisco.
Acolher a Realeza de Jesus
“Para acolher a realeza de Jesus, somos chamados a lutar contra esta tentação, a fixar o olhar no Crucificado, para Lhe sermos fiéis cada vez mais”, afirmou o Papa.
E logo falou sobre as tentações de descer da cruz, procurando caminhos fáceis que nos afastam da contemplação do verdadeiro rosto do Rei do Universo que o Ano da Misericórdia nos convidou a contemplar:
“Quantas vezes se procuraram -mesmo entre nós- as seguranças gratificantes oferecidas pelo mundo! Quantas vezes nos sentimos tentados a descer da cruz! A força de atração que tem o poder e o sucesso pareceu um caminho mais fácil e rápido para difundir o Evangelho, esquecendo depressa como atua o reino de Deus.
Este Ano da Misericórdia convidou-nos a descobrir novamente o centro, a regressar ao essencial. Este tempo de misericórdia nos chama a contemplar o verdadeiro rosto do nosso Rei, aquele que brilha na Páscoa, e a descobrir novamente o rosto jovem e belo da Igreja, que brilha quando é acolhedora, livre, fiel, pobre de meios, rica no amor, missionária.
A misericórdia, levando-nos ao coração do Evangelho, nos exorta também a renunciar a hábitos e costumes que podem obstaculizar o serviço ao reino de Deus, a encontrar a nossa orientação apenas na realeza perene e humilde de Jesus, e não na acomodação às realezas precárias e aos poderes mutáveis de cada época. “
O Bom Ladrão, a Misericórdia e Nós
O Papa encontrou no Bom Ladrão um exemplo para a contemplação de Jesus, para acreditar seu Reino e obter Misericórdia:
“Perto de Jesus, o malfeitor o invoca dizendo: ‘Jesus, lembra-te de mim, quando estiveres no teu Reino’. “Com a simples contemplação de Jesus, ele acreditou no seu Reino. E não se fechou em si mesmo, mas, com os seus erros, os seus pecados e os seus problemas, dirigiu-se a Jesus. Pediu para ser lembrado, e saboreou a misericórdia de Deus:
‘Hoje estarás comigo no Paraíso’. Deus, quando lhe damos tal possibilidade, se lembra de nós. Está pronto a apagar completamente e para sempre o pecado, porque a sua memória não é como a nossa: não registra o mal feito, nem continua a ter em conta as ofensas sofridas. Deus não tem memória do pecado, mas de nós, de cada um de nós, seus filhos amados e crê que é sempre possível recomeçar, levantar-se”, disse Francisco.
Porta da Misericórdia: sempre aberta
Francisco nos convidou a pedir “o dom desta memória aberta e viva”: “Peçamos a graça de não fechar nunca as portas da reconciliação e do perdão, mas saber ir além do mal e das divergências, abrindo todas as vias possíveis de esperança. Assim como Deus acredita em nós, infinitamente para além de nossos méritos, também nós somos chamados a infundir esperança e a dar uma oportunidade aos outros. Com efeito, embora se feche a Porta Santa, continua sempre escancarada para nós a verdadeira porta da misericórdia que é o Coração de Cristo. Do lado transpassado do Ressuscitado jorram até o fim dos tempos a misericórdia, a consolação e a esperança”, frisou o Pontífice.
“Muitos peregrinos atravessaram as Portas Santas e, longe do fragor dos noticiários, saborearam a grande bondade do Senhor. Agradeçamos ao Senhor por isso e recordemo-nos de que fomos investidos em misericórdia para nos revestir de sentimentos de misericórdia, para nos tornarmos instrumentos de misericórdia. Prossigamos, juntos, este nosso caminho. Acompanhe-nos Nossa Senhora! Ela também estava junto da cruz; lá nos deu à luz enquanto terna Mãe da Igreja, que a todos deseja abrigar sob o seu manto. Ao pé da cruz, Ela viu o bom ladrão receber o perdão e tomou o discípulo de Jesus como seu filho. É a Mãe de misericórdia, a quem nos confiamos: toda situação nossa, toda oração nossa, dirigida aos seus olhos misericordiosos, não ficará sem resposta.” (JSG)
(Da Redação Gaudium Press, com informações RV)
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