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Vinde, Senhor Jesus

Redação (Segunda-feira, 03-12-2018, Gaudium Press) Com a Eucaristia do primeiro domingo do advento iniciamos o novo Ano Litúrgico e, também, o Tempo do Advento, que nos prepara para o Natal do Senhor. Continuamos com a Campanha Nacional para a Evangelização, “Evangeli-já” que tem como lema, “Evangelizar partindo de Cristo”. Durante este novo ano, aos domingos, escutaremos, em geral, trechos do Evangelho segundo Lucas. E nesta primeira Missa deste novo tempo, a Igreja, no missal, coloca as palavras do salmo 24, como Antífona de Entrada: “A vós, meu Deus, elevo a minha alma”… A Igreja ergue os olhos, o coração, a alma para o Senhor, reconhecendo-se pobre, pequena e necessitada. “Confio em vós, que eu não seja envergonhado!” Estas palavras, exprimem qual deva ser nossa atitude neste santo Advento: atitude de quem se reconhece necessitado de um Salvador; de quem se sabe pequeno e incapaz de caminhar sozinho! A humanidade, sozinha, não chega à plenitude, não encontra a felicidade: precisamos que Deus venha e nos estenda a mão, que ele nos eleve e nos salve!

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O Advento tem duas partes muito claras: de um lado, até o dia 16 de dezembro, as expectativas se voltam para a segunda vinda do Cristo no fim dos tempos, e de outro, na semana que preparação próxima para o Natal (17 a 24 de dezembro) é a oportunidade de ser um tempo específico de preparação para a celebração do nascimento do Senhor. Porém, os símbolos, a liturgia, o clima, a novena, as celebrações penitenciais, os presépios e as árvores de natal nos colocam em geral no clima natalino. Por isso enquanto nos preparamos para o Natal a liturgia nos faz pensar que um dia o Senhor virá em sua glória para levar à plenitude sua obra de salvação. É, portanto, um tempo de vigilância, de súplica, de alegre esperança no Senhor que vem: veio em Belém no mistério celebrado no Natal, virá no final dos tempos e vem a cada dia, nos grandes e pequenos momentos, nos sorrisos e nas lágrimas. A liturgia nos ajuda a viver bem este tempo com símbolos próprios desta época: a cor roxa, que significa sobriedade e vigilância; o “Glória”, que não será rezado na Missa, para recordar que estamos nos preparando para cantá-lo a plenos pulmões no Natal; a ornamentação sóbria da Igreja; a coroa do Advento, que nos acompanhará durante este tempo quando, a cada domingo, acendermos uma nova vela anunciando o tempo que corre; as leituras e cânticos próprios tão significativos, sempre pedindo a graça da Vinda do Senhor; a memória dos personagens que nos ensinam a esperar o Messias: Isaías, João Batista, Isabel e Zacarias, José e, sobretudo, a Virgem Maria.

Neste tempo, cuidemos de meditar mais na Palavra de Deus, tanto nas leituras da Missa diária quanto no livro do Profeta Isaías. Procuremos também o sacramento da confissão. Abramos nosso coração Àquele que vem!

No Evangelho deste domingo (Lc 21,25-28.34-36), o Senhor nos recorda a necessidade da vigilância: “Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse Dia não caia de repente sobre vós; pois esse Dia cairá como uma armadilha sobre todos os habitantes da terra. Portanto, ficai atentos!” (cf. Lc 21,34-36). Aquele cuja vinda celebraremos no Natal, cuja vinda esperamos no final dos tempos, vem a nós constantemente! Somente numa atitude de oração e vigilância, de sobriedade e de expectativa amorosa, é que poderemos reconhecê-lo e acolhê-lo. É nossa atitude agora que determinará nossa sorte quando ele vier no final dos tempos. Com uma linguagem impressionante e simbólica, Jesus quer nos dizer hoje que sua manifestação final vai co-envolver todas as coisas: a criação toda, a história humana toda e cada um de nós. Nada nem ninguém escapará do Dia do Cristo; tudo será passado a limpo pelo Filho do Homem glorioso: “Verão o Filho do Homem vindo numa nuvem com grande poder e glória” (cf. Lc 21,27). Esta vinda discriminará bons e maus: será manifestação da salvação para quem o acolheu… e será perdição para quem o rejeitou! Daí, a advertência séria, o apelo quase que dramático que Jesus nos faz:”Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai a cabeça, porque a vossa libertação se aproxima” (cf. Lc 21,28); ficai atentos para terdes força de escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes diante do Filho do Homem!” Os sinais que o Senhor nos dá, acontecem sempre, em cada geração, como um convite insistente à vigilância.

É preciso que compreendamos que este Dia final que o Senhor nos prepara – Dia da sua Vinda, da sua Manifestação, da sua Aparição – será Dia de salvação: “Eis que virão dias em que farei cumprir as promessas de bens futuros… Naqueles dias, farei brotar de Davi a semente de justiça… e Judá será salvo e Jerusalém terá uma população confiante”. Mas é necessário que nos abramos para o Bem que o Senhor nos prepara; este Bem é Aquele que veio em Belém, que nos vem em cada Eucaristia e que nos virá no final de tudo: “este é o nome com que será chamado: Senhor-nossa-justiça”. Este Bem é Jesus-Salvador! Por isso mesmo, na segunda leitura (cf. 1Ts 3,12-4,2) desta Missa, o Apóstolo nos convida a buscar a santidade aos olhos de Deus, nosso Pai, preparando-nos para “o Dia da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, com todos os seus santos” e nos pede insistentemente que façamos”progressos ainda maiores”.

Vivamos, intensamente, o tempo do Advento. Vamos nos preparar para a celebração da Novena de Natal e para viver um Natal na alegria de testemunhar o Cristo que veio, vem e virá para a nossa alegria e feliz redenção!

Por Cardeal Orani João Tempesta, Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.

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