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Os Fogos de Artifício e a indefinível beleza do efêmero

Redação (Terça-feira, 14-06-2016, Gaudium Press) O céu noturno, a semelhança do mar, tem a surpreendente capacidade de maravilhar-nos com aspectos extremos, sempre modificáveis e sempre eloquentes. Assim, em certas noites claras, por exemplo, os espaços siderais expõem a beleza serena e silenciosa de miríades incontáveis de astros celestes. Movidos por tão supremo espetáculo, os poetas e os Santos têm chegado a afirmar que as estrelas não são senão pequenos orifícios no teto infinito do firmamento, por onde se filtram os esplendores de Deus Pai.

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Em contrapartida, a esfera azul e diáfana da noite estrelada pode dar lugar à fúria das tormentas, quando os céus da madrugada se cobrem com nuvens ameaçadoras de incomensurável tamanho, impelidas pela majestade e o ímpeto do vento, ora cercadas com o poder avassalador do raio, ora estremecidas pela explosão invisível do trono.

Serenidade e violência, luzes e sombras, guerra e paz entram e saem do cenário celeste, com a eloquência suprema mas arbitrária e inesperada dos elementos.

No entanto, Deus quis outorgar ao homem um dom belíssimo, nada arbitrário, mas ordenativo e magnífico: escrever nos céus com belíssimas figuras de luz, de textura e de cor…

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Originada na milenária China, a elaboração de fogos de artifício data do século VII da era cristã.

Com a passagem dos séculos, a arte da pirotecnia alcançou as cortes europeias, onde os grandes monarcas passaram a comemorar sucessos destacados com cenários grandiosos que incluíam não apenas fogos de artifício mas a intervenção de orquestras e conjuntos musicais sob a direção de compositores famosos, em uma bela combinação de música e luz.

Foi assim que por ocasião da assinatura do Tratado de Aquisgrán, em 1748, Sua Majestade o Rei Jorge II da Grã Bretanha, decidiu celebrar o episódio com uma espetacular mostra de fogos de artifício em Green Park, Londres. Apesar de que a parte pirotécnica teve um êxito relativo -as notícias da época assinalam que o tempo estava chuvoso e que o pavilhão direito se incendiou acidentalmente- a obra musical que os acompanhava foi de tal genialidade que se tornou imortal com o título de ‘Música para os Reais Fogos de Artifício’. O autor? O mesmíssimo George Frederic Händel…

No entanto, as tradições pirotécnicas da Coroa Real Inglesa não se ocorreram somente nas Ilhas britânicas. Anualmente, através de todo o Canadá, se comemora o aniversário da Rainha, o ‘Victoria Day’, com belíssimos fogos de artifício como os que ilustram o presente artigo. Convidamos aos nossos leitores a admirá-los com mais calma visitando nossa galeria de imagens.

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Estrondos, cores, texturas e desenhos se sucedem um após outro entre explosões de pirotecnia, inundando os espaços com formas e maravilhas inesperadas mas sempre magníficas que parecem querer escrever nos céus usando uma linguagem de Luz.

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Para as almas sérias e espirituais, no entanto, os fogos de artifício são um oportuno chamado a meditar sobre a brevidade de nossa passagem nesta vida, onde as belezas fugazes e passageiras não são senão um reflexo pálido das alegrias eternas, que não tem fim. ‘Sic transit Gloria mundi’ (assim passa a glória do mundo), avisavam os antigos, para que seus contemporâneos não esquecessem que o verdadeiro tesouro não se encontra nesta terra, onde nosso caminho é apenas uma passagem fugaz e efêmera, -como um breve fogo de artifício- rumo à eternidade sem fim…

Por Gustavo Kralj

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho

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