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Secretário-geral da CNBB fala sobre aborto em Pernambuco em reunião do Conselho Permanente da entidade

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Dom Dimas Lara Barbosa

Brasília (Quinta, 12-03-2009, Gaudium Press) O caso da menina de 9 anos que foi submetida a um aborto no Recife, em Pernambuco, após sofrer abuso sexual do próprio padrasto, marcou a entrevista coletiva concedida ontem pelo secretário geral da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa, no último dia de reunião do Conselho Permanente da entidade, em Brasília.

“É lamentável o acontecido. Mais lamentável ainda é o fato de que não se trata de um caso isolado. Infelizmente, temos inúmeras denúncias de exploração sexual e até de tráfico de crianças no Brasil. Alguns dos nossos bispos estão sendo ameaçados no Pará por denunciar esse tipo de prática contra crianças e adolescentes”, afirmou dom Dimas.

Para o presidente da CNBB, dom Geraldo Lyrio Rocha, não é correto reduzir o caso de violência sofrida pela menina à questão da excomunhão. Ele lembrou que a nota divulgada pela CNBB, na sexta-feira da semana passada, manifesta, em primeiro lugar, solidariedade à família da criança, que está passando por um constrangimento enorme, e condena o estuprador que deve pagar pelo crime segundo a justiça.

“Eu fico pensando na mãe desta criança e nos demais familiares. É uma humilhação enorme ter uma criança sendo explorada sexualmente pelo padrasto desde os seis anos de idade. Isto é uma coisa repugnante e me causa estranheza que este aspecto tenha se diluído diante da história da excomunhão”, continuou dom Geraldo.

Segundo o presidente da CNBB, excomunhão não é sinônimo de condenação ao inferno e, sim, de um ato disciplinar da Igreja. E disse ainda que o estupro não é penalizado com excomunhão porque todos já têm consciência de que se trata de um ato repugnante. “A excomunhão existe para chamar atenção para um ato grave. No caso do estupro, ele já é tão repugnante que está na consciência de todos”, salientou.

Durante a coletiva, dom Dimas ressaltou que o arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, “não excomungou ninguém”, apenas citou uma norma que existe no Direito Canônico. Dom Dimas explicou que, para alguém incorrer em excomunhão, precisa ter consciência da gravidade do ato e plena liberdade para praticá-lo.

Segundo ele, a Igreja Católica considera o aborto um ato grave – “sobretudo para aqueles que o praticam conscientemente”. “Os que praticam o aborto com plena consciência não estão em comunhão com o pensamento cristão em defesa da vida”, recordou o secretário-geral da CNBB.

Antes do final da coletiva, dom Dimas Lara Barbosa deixou claro mais uma vez que tanto a criança violentada quanto a mãe dela não incorreram em excomunhão. “Eu acredito que a mãe dela tenha agido sob pressão”, justificou.

 

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