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Necessidade da devoção à Santíssima Virgem

Redação (Segunda-feira, 21-10-2019, Gaudium Press) Outro dia falamos da participação de Nossa Senhora na Encarnação.

Falamos de seu papel no acontecimento mais importante de todos os tempos.

Vamos continuar a falar desse papel de Nossa Senhora.

Qual foi esse papel?

Necessidade da devoção à Santíssima Virgem.Foto Gaudium Press.jpg

São Luís Grignion

São Luís Grignion responde essa pergunta considerando a participação das Três Pessoas da Santíssima Trindade na Encarnação, e depois a cooperação de Nossa Senhora com o Pai, com o Filho e com o Espírito Santo.

Sigamos os passos de São Luís:

Cooperação de Nossa Senhora com o Pai Eterno

Conforme a linguagem das Escrituras, Nosso Senhor foi mandado ao mundo pelo Pai Eterno para salvar os homens.

O Antigo Testamento, numa das suas profecias, diz de Nosso Senhor:
Eis que Eu venho, como está escrito de Mim no rolo do livro, para fazer a vossa vontade (Sl 39, 8-9).

Jesus Cristo fala constantemente de seu Pai Celeste, como sendo Aquele que O enviou, se manifestou n’Ele, considerando-O seu Filho bem-amado, a quem Ele invocou quando entregou sua alma dizendo: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito (Lc 23,46).
Sendo o Pai Eterno Aquele que nos mandou Jesus Cristo, qual foi o papel de Nossa Senhora neste ato?

a) A oração de Nossa Senhora na vinda do Messias

Em primeiro lugar, devemos considerar que o mundo não era mais digno de receber Nosso Senhor Jesus Cristo.

Em consequência, o Pai Eterno O enviou, não por causa do mundo, mas de Nossa Senhora.

Não só porque foi Ela quem o pediu – e se a Santíssima Virgem não tivesse implorado o advento de Nosso Senhor, Ele não teria vindo – mas Deus Pai O mandou a Ela, porque só Maria era digna de recebê-Lo.

Aplicação

Ao nos prepararmos para a Comunhão, devemos pedir à Santíssima Virgem que infunda em nossa alma algo dos sentimentos com que Ela acolheu o Verbo Divino no momento da Encarnação.

Nessa perspectiva se compreende melhor a queixa contida no Evangelho de São João: veio para o que era seu, e os seus não O receberam (Jo 1, 11).

Os seus não O receberiam, mas Nossa Senhora O acolheria de modo sublime, e por isso Ele veio: porque encontrou-A no mundo, caso contrário não teria descido do Céu.

O aparecimento d’Ele sobre a Terra é o produto da presença e das orações da Virgem Santíssima.

Dessa forma Ela colaborou com o ato do Pai Eterno pelo qual Jesus Cristo foi mandado ao mundo.

b) A participação de Nossa Senhora na fecundidade do Pai Eterno

A fecundidade de Deus Pai é infinita, a tal ponto que a idéia formada por Ele de si mesmo já é uma Pessoa Divina.

Pois bem, essa fecundidade foi transmitida a Nossa Senhora, para que Ela gerasse Jesus e todos os membros do Corpo Místico de Cristo.

Nossa Senhora é, pois, Mãe dos fiéis, não apenas no sentido alegórico e metafórico (Ela nos quer bem como se fosse nossa mãe), mas o é verdadeiramente na ordem da graça.

E essa maternidade divina existe, porque o Pai Eterno comunicou-Lhe sua fecundidade.

Aplicações para nossa vida espiritual

Podemos tirar lições para nossa vida espiritual tanto do fato de a oração de Nossa Senhora ter apressado a vinda do Messias, quanto de ter Ela recebido do Pai Eterno sua fecundidade.

Considerando Nossa Senhora capaz de, com sua prece, apressar a vinda do Messias, que ensinamentos podemos tirar? Devemos primeiramente analisar a Santíssima Virgem no seu zelo pela causa de Deus.

Em sua oração, Ela certamente observava a situação de extrema miséria moral em que caíra o povo eleito. Nessa prece Ela desejava ardentemente, pois, que Israel fosse reerguido à sua antiga condição. Considerava ainda a decadência da humanidade, sabendo melhor que ninguém quantas almas estavam se perdendo naquela era pagã, e vendo Satanás imperar sobre o mundo antigo.

O “Quem como Deus ” de Nossa Senhora

Maria Santíssima fez, então, na Terra, o papel de São Miguel Arcanjo no Céu: sua oração, pedindo que Deus viesse ao mundo, equivale ao Quis ut Deus? – Quem como Deus? – do Arcanjo. É Ela que se levanta contra esse estado de coisas; é só Ela que tem a súplica bastante poderosa para desferir um golpe que tudo transforma.

Então, a plenitude dos tempos se encerra: Nosso Senhor Jesus Cristo nasce, e toda a humanidade é reconstruída, regenerada, elevada e santificada.

As almas começam a se salvar em profusão, as portas do Céu se abrem, o inferno é esmagado, a morte é destruída, a Igreja Católica floresce sobre toda a face da Terra. E tudo como efeito da oração de Nossa Senhora.

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Perguntas que não se calam…

Não é verdade que Nossa Senhora, também sob este aspecto, se apresenta a nós como um verdadeiro modelo?

Não devemos querer em nossos dias a vitória de Nosso Senhor, como Maria Santíssima a desejou em sua época?

Não há uma analogia absoluta entre o ardor com que Ela quis a instauração do Reino de Cristo na Terra, e o fervor com que o devemos desejar em nossos dias?

Não é verdade que, se a oração d’Ela foi necessária para a realização da Encarnação, é indispensável também para que consigamos em nossa época a vitória de Jesus Cristo no mundo?

Quando nos esfalfamos na luta pela vitória de Jesus hoje, lembramo-nos de rezar a Nossa Senhora? Quando rezamos a Ela, nos recordamos de pedir essa graça?

Não seria uma boa prece se, por exemplo, ao contemplarmos o Mistério da Anunciação durante a primeira dezena do Rosário, tivéssemos em mente Nossa Senhora que pede a vinda do Salvador?

E rogássemos a Ela que Jesus Cristo novamente triunfe no mundo, com uma futura vitória da Igreja Católica?

Não temos aí uma boa aplicação desse Mistério para a vida espiritual? Não é assim que esta última deve ser vista, vivida e conduzida?

Isto não é muito mais sólido que um arrastado murmúrio piedoso?

Sem dúvida, é com essas verdades de Fé que se alimentam a piedade e toda a vida espiritual.

Nossa senhora pedidno a presença do Messias

Contemplemos Nossa Senhora apressando, com sua oração, a vinda do Messias. Ora, se Nosso Senhor vem a nós também no momento da Comunhão, podemos e devemos pedir à Virgem Maria, quando nos preparamos para receber seu Divino Filho, algo dos sentimentos com que Ela O acolheu no momento da Encarnação.

E se desejamos obter para alguém a graça da comunhão diária, não será útil pedir a Nossa Senhora que consiga para aquela alma a recepção quotidiana de Nosso Senhor, lembrando-A da eficácia da prece com que Ela obteve a vinda de Jesus Cristo para o mundo?

Nossa Senhora com o Padre Eterno gera membros do Corpo Místico de Cristo

Consideremos, por outro lado, a participação de Nossa Senhora na fecundidade do Padre Eterno para gerar membros do Corpo Místico de Cristo.

Todo fiel é um membro deste Corpo Místico.

Quando passamos perto de algum batistério, devemos nos lembrar de fazer uma oração à Santíssima Virgem, rogando-Lhe que nos conserve, até o momento da morte, na correspondência à graça do Batismo e nela nos confirme a vida inteira.

Foi junto a uma pia batismal que entramos para o seio da Igreja Católica, nascemos para a vida sobrenatural e, pela prece de Nossa Senhora e a fecundidade de Deus Nosso Senhor, fomos gerados membros do Corpo Místico de Cristo, do qual Maria é verdadeira Mãe.

E se nos lembrarmos, ainda, de que nascemos para a vida da graça pela mesma onipotente intercessão da Santíssima Virgem, teremos então que tudo nos permite de pedir a Ela nos conserve nas celestiais dádivas do Batismo, e que as cumule com a virtude do senso católico – coroação dessa união extremamente íntima com Cristo.

No que consiste a piedade

A piedade deve consistir em formar disposições de espírito que tenham base nesses princípios ensinados pela Igreja e pela Teologia, e não em meros sentimentos.

Tais ensinamentos engendram um amor a Nossa Senhora muito sério e muito sólido. Assim é que se constrói a verdadeira devoção a Maria e se alicerça a autêntica vida espiritual. (ARM)

(Fonte “Revista Dr. Plinio”)

 

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