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Ficai atentos!

Redação (Quinta-feira, 02-05-2019, Gaudium Press) Um dos temas de fundamental importância tratados por Nosso Senhor, nos últimos dias de sua vida nesta Terra, foi a preparação para a morte.

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Vivemos nesta Terra em estado de prova

“Jesus passava os dias no Templo ensinando; saindo dali, pernoitava no Monte chamado das Oliveiras” (Lc 21, 37); às vezes, Ele se dirigia à casa de Lázaro, em Betânia, para repousar (cf. Mt 21, 17).

Daquele simbólico Monte se podia avistar o Templo de Jerusalém.

“Ao entardecer, o imponente edifício era o último a ser iluminado pela luz do Sol, de forma que, quando a cidade já estava na penumbra, ele ainda refulgia pelos reflexos dourados dos últimos raios do Astro Rei que ia se pondo no horizonte.”

Foi nesse ambiente que Nosso Senhor falou a seus discípulos sobre a destruição do Templo, as perseguições que os bons sofrerão, o fim do mundo. Tratou também da necessidade de cada pessoa se preparar para a morte, recomendando:

“Ficai atentos! Porque não sabeis em que dia virá o Senhor. Compreendei bem isso: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, certamente vigiaria e não deixaria que a sua casa fosse arrombada.

“Por isso, também vós ficai preparados! Porque na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá” (Mt 24, 42-44).

Comenta Monsenhor João Clá:

“Há pessoas amantes da estabilidade e da segurança que se afligem e têm verdadeiro pânico de imprevistos. São aqueles que gostam de calcular tudo, não só para o dia seguinte, como para a semana e o mês subsequente. Em certos casos até marcam as viagens na agenda com três anos de antecedência, planejando e delineando os menores detalhes.

“Haverá uma viagem, entretanto, face à qual temos a tendência de não nos preocuparmos em fazer nenhum programa. De fato, para empreendê-la não precisamos verificar a validade do passaporte, nem arrumar as malas ou providenciar algum material, pois ela é sui generis e dá-se de surpresa: a morte.

“Nossa propensão natural é acreditar que estamos nesta Terra seguros e para sempre, e, em consequência, ignorar que aqui vivemos em estado de prova, para sermos analisados por Deus e recebermos o prêmio ou o castigo segundo nossas obras, conceitos estes que também nos são alheios.

Sejamos vigilantes, pois não sabemos a hora de nossa morte

“Alguém poderia perguntar se da parte Deus não seria mais afetuoso e mais bondoso que, logo ao nascer, o bebê já trouxesse no braço uma tatuagem divina gravada pelo Anjo da Guarda com a data do seu falecimento. Desta forma, os pais e parentes saberiam quantos anos a criança iria viver. E esta, ao adquirir o uso da razão, questionaria a mãe sobre o significado daquela
marca, obtendo decerto esta resposta: ‘Meu filhinho, ela indica o quanto você vai durar’…

“Tal notícia não ajudaria a melhor nos prepararmos para a hora da morte? Não! Dada a miséria humana, fruto do pecado original, se alguém soubesse o instante exato de sua morte, julgaria ter tempo de sobra para gozar e se entregaria a uma vida péssima, completamente relaxada e negligente.

“No último dia, à última hora, procuraria um sacerdote que lhe administrasse os Sacramentos, expondo-se ao grave risco de não recebê-los…
E ato contínuo, depois do drama da morte, viria a surpresa do Juízo particular e da sentença inapelável de Deus! […]

“Assim sendo, Deus, que em tudo age de maneira perfeitíssima, não nos avisa a hora da morte para nos impelir a praticar com maior mérito e eficácia a virtude da vigilância. […]

“Quanta gente há, todavia, que se ilude considerando ser eterna esta vida! Quantos há, de mentalidade relativista, que pensam:

‘Agora eu vou pecar, depois me confesso’… É uma verdadeira loucura, pois Deus pode dizer: ‘Basta!’.

A vigilância é indispensável para a salvação

“E a morte pode nos surpreender no instante exato em que O estamos
ofendendo. Por esta razão devemos estar sempre preparados para a hora do supremo encontro com o Senhor.

“Tal vigilância consiste, antes de tudo, em evitar o pecado, a respeito do qual tão pouco se fala hoje e que, infelizmente, com tanta frequência se comete.

“O mundo vive afundado no vício: são modas sem modéstia, costumes decadentes e imorais, conversas indecentes, programas de televisão licenciosos, certos cartazes e revistas…

“Sabemos, pela moral católica, que quem se aproxima de uma
ocasião próxima de pecado, consciente e voluntariamente, já de si perdeu a graça de Deus, porque está se pondo em risco com temeridade.

“Assim o explica o Padre Royo Marín: ‘Aquele que permanece, com conhecimento e sem motivo suficiente, em ocasião próxima e voluntária de pecado grave mostra bem claro que não tem vontade séria de evitar o pecado, no qual cairá de fato facilmente.

“‘E isto constitui, de si, uma grave ofensa a Deus, contínua e permanente, da qual o pecador não se libertará até que decida com eficácia romper com aquela ocasião.’

“A verdadeira vigilância, pois, é indispensável para a salvação e antecede até a própria oração, levando-nos a fechar o coração ao pecado e a dele nos afastar, de maneira a não nos entregarmos sequer à menor ofensa a Deus.”

Juízo particular

Logo após a morte de uma pessoa, sua alma é submetida ao Juízo particular, como ensina o Catecismo da Igreja Católica (n. 1022). Nesse Juízo toda sua vida lhe aparecerá como cenas de um teatro; Nosso Senhor a julgará e a sentença será: Céu, Inferno ou Purgatório.

No Juízo particular, “reveremos todas as nossas impressões, apreços, ânsias ou raciocínios pelo prisma da Verdade, que Se apresentará majestosa diante de nós. Nessa hora, de que nos adiantarão as honras, as riquezas, os prazeres, os romantismos e coisas do gênero?

“Terrível será comparecer a esse Juízo em estado de pecado, sem o devido arrependimento e sem ter recebido o Sacramento da Reconciliação! Terrível, porque não haverá mais tempo para implorar perdão… Que Deus não nos permita cair em tal situação.”

Peçamos a Nossa Senhora que nos obtenha a virtude da vigilância.

 

Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História Sagrada” – 191)

 

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1- CLÁ DIAS, João Scognamiglio. EP. O inédito sobre os Evangelhos. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana; São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2013, v. I, p. 17.

2- ROYO MARÍN, OP, Antonio. Teología Moral para seglares. 4.ed. Madrid: BAC, 1984, v. II, p.397. 

3- CLÁ DIAS, op. cit., v. I, p. 19-20.22.

4- Idem, ibidem, 2013, v. II, p. 164.

 

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