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O amor beatífico se fundamenta na caridade

Redação (Terça-feira, 09-04-2019, Gaudium Press) Se os bem-aventurados estão isentos de todos os males, se vivem envoltos nos bens infinitos e eternos, claro está que eles não encontram em si motivo algum de aflição.

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Mas os seus próximos, os seus amigos cujo destino é a eterna condenação, não serão causa de amargos desgostos para eles? De forma alguma. Pois o amor beatífico não se baseia no parentesco carnal, seu fundamento é a comunhão no espírito divino e na adoção divina.

No Céu, a amizade ou o parentesco não têm senão um papel muito secundário. Pouco importa à pessoa, no estado beatífico, saber se deve a este ou àquele a vida corporal; pois se ela nasceu de tal pai e não de tal outro, isso ocorreu, não por uma disposição da vontade humana, mas por um decreto da Providência.

Ademais, a energia geradora não vem do homem, é um dom de Deus concedido livremente a ele. E freqüentemente o homem busca menos o bem do filho que ele gera, do que o seu próprio prazer; entretanto, como instrumentos de Deus para formar os corpos, os pais têm o dever de cuidar de seu filho, e este a obrigação de obedecer aos pais e de socorrê-los nas necessidades da vida.

O pai não se lamentará pela condenação de seu filho

No Céu, as condições mudam: só Deus é pai, Sua supereminente paternidade ultrapassa qualquer outra, e os justos só se consideram como filhos adotivos de Deus. Que eles guardem uma afeição especial por aqueles que na Terra foram seus pais ou seus filhos ou seus amigos, que desejem a salvação deles preferencialmente à de qualquer outro, nós concordamos.

Isso não impede que, se qualquer um dos seus parentes ou amigos aqui na Terra venha a prevaricar, eles o olhem como um inimigo, porque, pelo pecado, ele se torna inimigo de Deus; a partir de então, ele passa a ser, aos seus olhos, digno de condenação e, longe de se entristecerem, os justos se alegram pelos tormentos que ele sofre no inferno, pois estes fazem resplandecer a justiça divina, segundo as palavras do Rei-Profeta:

“O justo terá a alegria de ver o castigo dos ímpios, e lavará os pés no sangue deles” (Sl 57, 11).

Assim, no Céu o pai não se lamentará pela condenação de seu filho, nem o filho pela de seu pai, nem o amigo pela de seu amigo; mas, de acordo com o Soberano Juiz, eles pronunciarão um e outro a sentença de reprovação

(cf. Suma Teológica, Supl., q. 94, a.3). (Traduzido, com adaptações, de L´Ami du Clergé, 1898, p. 699-700)
(Revista Arautos do Evangelho, Nov/2008, n. 83, p. 28-29)

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