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Mensagem de Nossa Senhora de Fátima

O Reino de Maria virá por um ato de clemência de Nossa Senhora, uma vez que a afirmação “meu Imaculado Coração triunfará” significa dizer que a misericórdia e a bondade de Nossa Senhora triunfarão.

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Redação (13/05/2023 09:56, Gaudium Press) No início do século XX, quando apenas começava a se delinear, timidamente, o esboço de um mundo que nasceria da vitória dos Aliados na Primeira Guerra Mundial, verificou-se um dos fatos mais notáveis da História Contemporânea: aparece a Mãe de Deus e traz à humanidade uma Mensagem.

E esta Mensagem veio num momento crucial. A impiedade e a impureza se alastravam por todo o orbe, a tal ponto que, para sacudir os homens, eclodira uma verdadeira hecatombe que fora a própria Grande Guerra, como a Virgem Santíssima afirmou aos pastorinhos. Todavia, a conflagração terminaria algum tempo depois de suas aparições, dando aos pecadores oportunidade de emenda.

Portanto, o que Nossa Senhora advertia na Cova da Iria era a existência de uma prodigiosa crise na sociedade, a qual, no fundo, não era senão a consequência de uma crise religiosa, que desembocaria numa catástrofe mais moral do que política. Ela seria um flagelo para a humanidade, se esta não desse ouvidos à voz da Rainha dos profetas. E, neste caso, àquele mal se sucederiam outros: guerras e perseguições à Igreja e ao Papa, martírios, várias nações seriam aniquiladas.

Nossa Senhora indicava, assim, a extensão de uma calamidade que se alastraria pela terra, ao cabo da qual, porém, o Imaculado Coração d’Ela triunfaria.

A crise moral continua a se acentuar

Apesar do aviso claríssimo de Nossa Senhora, a crise moral, de 1917 para cá, não fez mais que acentuar-se. As modas, as leis e os costumes cada vez mais abertamente estão defendendo o crime, o pecado, a aversão à Lei de Deus, frutos de uma cultura laica e materialista. Está sendo instaurada uma completa inversão de valores, uma ordem de coisas que propicia o vício e dificulta a prática da virtude. E o motivo central desta profunda crise é, sem dúvida, o abandono da Religião.

A humanidade já não vive mais em função de seu Criador, mas de si mesma. Esqueceu-se de que seu fim nesta terra é amar a Deus e conquistar a salvação das almas. Diante de quadro tão dramático, como esperar que não venha sobre o mundo uma intervenção regeneradora? Como poderia Deus ignorar a imensa crise na qual o mundo está submerso, pela maldade dos homens?

Uma mudança da sociedade rumo à verdadeira conversão vai se tornando mais improvável. E à medida que caminhamos para o paroxismo da degradação moral, mais provável também é a efetivação dos castigos profetizados por Nossa Senhora. Assim, resta-nos voltar o nosso olhar para uma luz que brilha no horizonte dos acontecimentos atuais, e que nos convida a confiar na promessa feita por Ela há cem anos: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”.

O triunfo do Imaculado Coração de Maria será propriamente o Reino de Maria, ou seja, o ápice da História, quando o preciosíssimo Sangue de Cristo, derramado para nossa redenção, produzirá seus melhores frutos.

Reino de Maria

Por que um Reino de Nossa Senhora?

Porque “foi por intermédio da Santíssima Virgem Maria que Jesus Cristo veio ao mundo, e é também por meio d’Ela que Ele deve reinar no mundo”, ensina o grande mariólogo São Luís Maria Grignion de Montfort, em seu Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem.

Contudo, poder-se-ia perguntar: se o próprio Jesus Cristo disse a Pilatos que seu Reino não era deste mundo (cf. Jo 18, 36), como explicar um reinado d’Ele através de sua Mãe Santíssima aqui na terra? Não estaria São Luís Grignion se referindo ao reinado de Nossa Senhora na eternidade, findados os séculos? Ou ao seu título de Rainha do Céu e da terra, o qual Ela recebeu tão logo subiu aos Céus e foi coroada pela Santíssima Trindade?

Não. O que São Luís Grignion afirma, quando fala de um reinado temporal de Maria, é que Ela será, de fato, Rainha dos homens e exercerá sobre a humanidade um governo efetivo.

Nessa época, diz ele, “as almas respirarão Maria, como os corpos respiram o ar”. Será uma nova era histórica, na qual a graça habitará no coração da maioria dos homens, e estes serão dóceis à ação do Espírito Santo, através da devoção a Maria: “Ocorrerão coisas maravilhosas neste mundo, onde o Espírito Santo, encontrando sua querida Esposa como que reproduzida nas almas, virá sobre elas abundantemente e as cumulará de seus dons, particularmente do dom de sabedoria, para operar as maravilhas da graça”.

Será um tempo feliz, um “século de Maria, no qual inúmeras almas escolhidas e obtidas do Altíssimo por Ela, perdendo-se a si mesmas no abismo de seu interior, se tornarão cópias vivas de Maria, para amar e glorificar Jesus Cristo”.

O fogo abrasador do Espírito Santo

Sem embargo, como tudo isso se efetivará, se vemos nosso mundo num estado tão lastimável? Até temos dificuldade de imaginar uma era na qual reinem entre os homens a virtude e a aspiração pela santidade…

É ainda São Luís Grignion de Montfort quem nos explica como se dará esta maravilha, numa das mais admiráveis orações que já foi composta por alguém, sua Oração Abrasada: “O Reino especial de Deus Pai durou até ao dilúvio e terminou por um dilúvio de água; o Reino de Jesus Cristo terminou por um dilúvio de sangue, mas o vosso Reino, Espírito do Pai e do Filho, continua até o presente e será terminado por um dilúvio de fogo, de amor e de justiça”.

Deverá cair sobre a terra uma chuva do fogo abrasador do Espírito Santo que transformará as almas, tal como se deu com os Apóstolos (cf. At 2, 3), reunidos no Cenáculo com Maria Santíssima depois da Ascensão de Jesus (cf. At 1, 14), nos primórdios da Igreja nascente. De medrosos e covardes que foram durante a Paixão de Nosso Senhor, transformaram-se em heróis da Fé, destemidos e dispostos a tudo, para ir por todo o mundo e pregar “o Evangelho a toda criatura” (Mc 16 ,15).

Por isso, podemos dizer, com São Luís Grignion, que a vida da Igreja é um Pentecostes prolongado, no qual o Reino do Espírito Santo se soma ao Reino de Cristo, como este se somou ao Reino de Deus Pai. E nesse Reino previsto por ele, a sociedade temporal crescerá tanto em dignidade que os homens, ainda que vivendo nesta terra de exílio, serão semelhantes aos habitantes do Céu.

Maria: Rainha no sentido mais excelso

O Reino de Maria será a plenitude do Reino de Nosso Senhor Jesus Cristo, uma vez que a devoção a Nossa Senhora é a devoção, a misericórdia e o amor de Nosso Senhor levados ao último dos requintes.

Diz belamente São Bernardo que Nossa Senhora, por ser a “Rainha dos Céus, é misericordiosa. E, sobretudo, é a Mãe do Filho Unigênito de Deus. Não há nada que nos convença mais da grandeza de seu poder ou de sua piedade, a não ser que alguém pudesse duvidar da honra que o Filho de Deus tributa à sua Mãe”.

Assim, esta nova era histórica deverá chamar-se, com toda propriedade, Reino de Maria, justamente porque as graças que a Igreja receberá virão por meio d’Aquela que é a Medianeira de todas as graças. E será mesmo necessário que a devoção a Nossa Senhora seja plena, como Ela disse em Fátima ser o desejo de Deus, para que haja o triunfo de seu Imaculado Coração. Ora, quando a devoção a Ela é plena, é porque Ela reina e é Rainha no sentido mais excelso; logo, é o Reino de Maria.

O Reino de Maria será, por conseguinte, a glória de Deus, de sua Mãe Santíssima e da Santa Igreja Católica; a bem dizer será um esplendor tal da luz da virtude que sobrepujará, em domínio, o que foram as trevas desta época em que vivemos. Ele deverá conter em si uma reparação de todo o mal praticado no passado, e sobretudo em nossos dias, realizando, afinal, a vontade de Deus nesta terra, como ela é realizada no Céu.

Mensagem de Fátima

Na Mensagem de Fátima, portanto, fica patente que a vinda do Reino de Maria é algo irreversível. Mas não apenas isso, o reinado da Virgem Santíssima trará consigo uma nova plenitude e perfeição à Igreja, pois à punição seguir-se-á a misericórdia: o Reino de Maria virá por um ato de clemência de Nossa Senhora, uma vez que a afirmação “meu Imaculado Coração triunfará” significa dizer que a misericórdia e a bondade de Nossa Senhora triunfarão. Depois de obter para o mundo um castigo regenerador, Ela o cumula de dons. O Reino de Maria será, assim, uma grande reconciliação, indispensável para que a Igreja alcance a perfeição a que foi chamada.

O desejo do advento do Reino de Maria deve estar presente na alma de todo católico, como um sopro da graça, uma certeza posta na alma por ação do Espírito Santo, pois aquele que perde esta esperança é como se deixasse o amor a Deus ir embora de seu coração.

Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP

Texto extraído, com adaptações, do livro: Por fim, meu Imaculado Coração triunfará! São Paulo: Lumen Sapientiæ, 2017. Por Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP.

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