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Cardeal alemão cita paralelo histórico entre Cisma de Lutero e Caminho Sinodal Alemão

Cardeal Müller reiterou as críticas à falta de ação do Vaticano no caso da Alemanha.

Cardeal Müller: o apelo a uma "fraternidade universal" sem Jesus Cristo é uma corrida louca na terra de ninguém.

Redação (31/03/2023 10:35, Gaudium Press) O Cardeal Gerhard Müller, ex-prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, declarou, em uma entrevista ao jornal Die Tagepost, que o Caminho Sinodal Alemão traz “paralelos históricos” com a revolta protestante de Lutero. Müller também lamentou que, apesar da inicial reação negativa, o Vaticano não está fazendo o suficiente para “colocar em prática a longo prazo” as diretrizes dadas aos bispos e leigos do Caminho Sinodal Alemão.

Müller, que sempre foi crítico às propostas do Caminho Sinodal Alemão, reiterou críticas à falta de ação do Vaticano no caso da Alemanha, ao afirmar que a Santa Sé foi “parcialmente responsável pela apostasia de grande parte da Igreja Católica porque não fez nada ou agiu tarde demais” no caso de Lutero. Lutero causou um cisma na Igreja alemã que dura até hoje e morreu excomungado.

“É extremamente lamentável que as autoridades competentes nutram ilusões sobre a situação alemã e não estejam cumprindo com suficiente energia a sua responsabilidade de ser o princípio perpétuo e fundamento da unidade da Igreja na verdade revelada por Cristo”, ressaltou o prelado.

Bênçãos para uniões do mesmo sexo

Em março deste ano, os participantes do Caminho Sinodal Alemão aprovaram um texto com propostas diretamente contrárias à fé Católica, como a aprovação de bênçãos para uniões do mesmo sexo. Müller diz que o texto é formalmente “inválido” e “de conteúdo herético” por contradizer “a compreensão revelada do matrimônio e também a antropologia natural, baseada na razão”.

Embora o Vaticano tenha esclarecido em março de 2021 que a Igreja “não tem poder” para abençoar estas uniões porque Ela não pode “abençoar o pecado”, os bispos e leigos do Caminho Sinodal Alemão decidiram prosseguir com a medida e criar os textos das bênçãos.

Sinodalidade

Müller também criticou o conceito de “sinodalidade” que tem sido promovido no pontificado do Papa Francisco e instrumentalizado por bispos como uma espécie de “chavão” para justificar mudanças doutrinais na Igreja.

Não se pode “passar de uma constituição hierárquica e sacramental da Igreja para uma constituição sinodal, ou seja, quase democrática e, portanto, para um governo popular no sentido político”, diz o ex-Prefeito.

O cardeal ilustra seu pensamento com um exemplo do mundo empresarial: “nos negócios, se alguém assume o controle de uma empresa e muda completamente o produto ou inverte a filosofia da empresa, chamamos isso de aquisição hostil. Isso não deve acontecer na Igreja Católica, que é guiada pelo Papa e pelos bispos em comunhão com ele”.

A sinodalidade como “um princípio abstrato” que “pode ser preenchido com qualquer conteúdo” leva “à confusão”, pontuou.

“Fala-se agora de uma Igreja sinodal. O que é estranho, uma vez que os atributos da Igreja – una, santa, católica, apostólica – estão contidos no credo e não podem estar sujeitos a modificações segundo a vontade dos bispos”.

O pontífice, concluiu o cardeal, “nunca esclareceu isso (o conceito de sinodalidade) mesmo depois de repetidos pedidos e deixa tudo muito em aberto, para que cada um imagine o que quiser”.

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