165 anos de curas, conversões e milagres. Lourdes foi uma devoção do passado, ou é também para o presente?

Redação (11/02/2023 11:58, Gaudium Press) Há 165 anos, com uma jovem camponesa da região dos Pirineus, iniciava-se uma série de acontecimentos que marcariam a história da Igreja. Da gruta de Massabielle, uma fonte de água – e de graças – brotou para beneficiar toda a humanidade.

Desde então, milhões de pessoas acorreriam ao futuro santuário a fim de implorar o auxílio da Imaculada Conceição, tanto para as doenças do corpo, como para as da alma.

Ora, transcorrido mais de um século e meio desde as aparições, como considerar Lourdes em nossos dias?

Se os milagres continuam a se suceder, como se encontra o fervor dos católicos de hoje? A julgar pelos fatos, bem diminuído.

Basta considerar que, em tempos anteriores, quanto mais ameaçada estava a saúde mundial, maior era o afluxo de peregrinos rumo à gruta milagrosa. Nestes últimos anos, porém, todos se contentaram em ver os banhos fechados, e justo no momento em que mais eram necessários. Não dizemos com isso que a devoção a Nossa Senhora de Lourdes tenha desaparecido, mas sim, que pode encontrar-se em vias de arrefecimento.

E há ainda mais motivos para se lamentar: dentre as poucas palavras da Virgem que se tornaram públicas, podiam-se ouvir: “penitência”; ou ainda: “conversão dos pecadores”. Mas, 165 anos depois, quem se recorda deste apelo? Bom é se lembrar de Lourdes para pedir uma graça ou receber uma cura, contudo, não seria bom também rememorá-la para pedir a conversão da humanidade, inclusive sofrendo por esta causa, se assim Nossa Senhora o quiser?

Quiçá a situação do mundo e da Igreja em nossos dias seja um dos motivos da visível tristeza que Santa Bernadette manifestou durante algumas aparições. Certo é que, se a santa apenas visse os milagres e conversões que em Lourdes se operariam, não haveria razão para se entristecer. As misérias de nosso século bem podem ser uma das causas das lágrimas de Maria, e – por que não? – uma das partes do seu segredo…

Mas isso não deve ser motivo de desânimo. Lembremo-nos de que a mesma Virgem Maria que apareceu em Lourdes, apareceu também em Fátima, anos mais tarde garantindo que, por fim, seu imaculado coração triunfaria.

Se, como diz São Paulo, “onde abundou o pecado, aí superabundou a graça” (Rm 5,20), a conjuntura em que vivemos bem pode ser a hora esperada por Nossa Senhora para derramar suas mais copiosas bênçãos sobre a humanidade agonizante. Assim sendo, peçamos a ela, que, compadecendo-se do gênero humano, opere em nós uma transformação e realize a cura espiritual tão necessária e tão urgente.

Que a cura do nosso século seja, pois, o mais recente e o maior dos milagres operados em Lourdes. Deste modo, nos dias em que a história de Lourdes parece estar prestes a se encerrar, ela pode recomeçar com um esplendor nunca antes visto.

Nossa Senhora de Lourdes, rogai por nós!

Por Aloísio de Carvalho